domingo, 15 de setembro de 2013

"Gente envergonhada" no Tomate número 7


O número 7 do e-magazine "Tomate" já saiu e está on line aqui.
Neste número o meu artigo é sobre "Gente envergonhada", texto que pode ser lido na íntegra aqui, e onde escrevo:
 
(...) Penso, por vezes, que a maior parte dos editores desconhece o género [o "thriller"], confiando apenas nos agentes que lhes propõem as obras (ou evitando os melhores, por serem talvez mais caros) ou tentando reproduzir os êxitos de mercado de outras realidades culturais. Ou mesmo seguindo modas. Talvez por serem gente envergonhada e recearem que pareça mal o interesse por uma literatura que às vezes até parece pingar sangue. 
Pessoa que muito estimo e admiro disse-me uma vez que o êxito, por cá, dos “thrillers” nórdicos se devia ao facto de os leitores portugueses gostarem das literaturas escandinavas e não ao facto de esses livros serem “policiais”. É uma opinião que contraria a de quem, do outro lado do balcão, compra esses livros tal como compra outros: compram-nos porque é o que existe à venda numa área que lhes interessa. E poucas pessoas se devem lembrar da “Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson Através da Suécia”.
Também se verifica neste domínio a manutenção de um preconceito muito antigo que a imprensa cultiva com algum desvelo: se é estrangeiro é bom. Deve ser por isso que, há poucos meses, o “Diário de Notícias” se fazia alegremente eco da afirmação de um galego de que não há literatura policial em Portugal e na página a seguir se referia a mais uma obra do mesmo género de um autor português.
Na realidade, a “intelligentzia” portuguesa tem horror à literatura policial. Ou vergonha. Ou as duas coisas. (...)

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