segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Pode ser que...


Mário Soares (como primeiro-ministro e Presidente da República vencedor de eleições, e candidato derrotado a Presidente da República), Jorge Sampaio (como Presidente da República eleito), António Guterres (como primeiro-ministro vencedor de eleições) e José Sócrates (primeiro-ministro vencedor de eleições) governaram mas acabaram, em grande medida, por gerar as suas próprias derrotas. 

É um padrão que caracteriza o PS quando chega ao poder, que sabe bem usar para seu próprio proveito.

Esperamos que alguma derrota por motivos próprios vitime também António Costa (primeiro-ministro por um golpe de Estado parlamentar depois de ter sido derrotado em eleições), que esta capa, que se supõe ter sido concebida para ser elogiosa, retrata na perfeição: um tipo arrogante, sem ideias de fundo, tornado importante e influenciador apenas por ter chegado ao poder e que não sabe "estar" (o destaque dado ao pernil é um mimo), representado como se fosse uma madame de uma casa de alterne, para quem (imagina-se...) os eleitores são prostitutas e prostitutos.



"Visão", 15.12.2022


Pode ser que ele leve, ou carregue, a legislatura até ao fim e que o governo a que preside não caia antes. Será uma tragédia a todos os níveis, naturalmente. 

Mas talvez haja uma surpresa, ou um percalço. Ou um acaso incontrolável...





 

sábado, 10 de dezembro de 2022

Endogamia de minimercado

 



Calhou-me ontem, juntamente, com o único jornal que comprei, esta coisa em forma de jornal, que será o "suplemento cultural" (com as aspas justificáveis pelas referências de todos os suplementos culturais, que conheci, de jornais de quando havia jornalismo) do salvífico "Público".

Não me lembro da última vez em que tinha visto esta publicação, o que também significa que tenho vivido, e viverei, bem sem ela. Aliás, nem me lembrava dela. E nem havia motivo para que me lembrasse.

A coisa parece ser uma espécie de epístola para as elites das elites. As manifestações culturais (ou "culturais"?) que nela figuram sugerem cruzamentos endogâmicos de círculos elitistas de Lisboa, de criaturas que ali foram parar por teias sexuais de pessoas que vivem em círculo fechado e que se reproduzem entre si. A incursão por entre os seus variados artigos não é ilustrativa, não me interessou, não me deixou memória dos minutos que gastei com ela.

Com uma excepção: a matéria sobre a reabertura do cinema Batalha, no Porto. Parece que a iniciativa, da respectiva Câmara Municipal, é importante e, a propósito dela, a publicação recolhe declarações intimistas de pessoas que devem pertencer a alguma delegação nortenha do "Público". Fica tudo, mais uma vez, em círculo fechado e, lá está, não há uma única palavra sobre a cooperativa cultural que, num percurso de vinte anos, fez do Porto uma referência para o cinema: a cooperativa Cinema Novo, organizadora do Festival Internacional de Cinema do Porto/Fantasporto, e os seus dirigentes Beatriz Pacheco Pereira e Mário Dorminsky.

O "Público" foi uma das peças de uma campanha jornalística e política que visou a destruição de Beatriz Pacheco Pereira e de Mário Dorminsky. Ignorando-os, nesta matéria, mostra uma das faces piores da pior endogamia: o ódio, fascista, aos que não pertencem ao grupo. 

Ao elitismo exacerbado que predomina nesta publicação junta-se um dos pecados mais estúpidos da imprensa, de toda ela: se não fizermos notícia, o assunto não existe.

Mas o Fantasporto de Beatriz Pacheco Pereira e de Mário Dorminsky existem. E não precisam do dinheiro que sai das receitas de uma cadeia de supermercados para continuarem a existir e a sobreviverem. Os que fazem a coisa chamada "Ipsilon" é que precisam do dinheiro miúdo dessas receitas, para fazer sobreviver o seu minimercado.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Quem promoveu o medo devia ser punido, e bem punido

É deprimente perceber, em concreto, como a campanha de medo lançada no início de 2020, assente numa perspectiva de ficção científica de um vírus respiratório natural que percorreu todas as etapas naturais de uma afecção vírica (epidemia - pandemia - endemia), foi tão eficaz e ainda hoje se faz sentir.

A campanha misturou médicos e académicos transformados em "pop stars", políticos timoratos e outros ansiosos por se notabilizarem a todo o custo, ambições legítimas de empresas farmacêuticas legítimas que ultrapassaram todas as fronteiras da legitimidade, jornalistas transformados em porta-vozes de entidades políticas e económicas, cientistas apressados e sedentos de fama e mais uma vara de idiotas dos mais variados sectores.

Quem o fez, quem manipulou mentes e informações, devia ser julgado por tribunais especiais, com uma escala de penas abrangentes e, nos casos mais graves, bem pesadas. E, em geral, os danos causados em todos os sectores (saúde pública, economia, organização política dos Estados) podem ser devidamente avaliados.

Pode ser que, um dia, se abra este caminho... 


A contabilização das mortes por covid-19 devidamente explicada,
 em Abril de 2020, por quem incentivou a campanha do medo 




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E se me leram até ao fim e discordam, podem chamar-me o que quiserem. E, de seguida, podem ir bardamerda. 




 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Ler jornais já não é saber mais (169): o "pode ser" como notícia

O jornalismo tinha regras. O jornalixo não tem.

Em tempos que já lá vão, o "pode" não era notícia. Porque tanto "pode ser" como não "pode ser".

Agora o "pode ser", mesmo no sacrossanto "Público", é que vale...