sábado, 31 de agosto de 2019

Ler jornais já não é saber mais (62): a arte desprezada dos títulos de primeira página

Talvez não fosse necessário dizê-lo, mas os títulos de primeira página dos jornais têm duas funções essenciais: uma é mostrar o que, no interior, existe de mais importante e recomenda a compra do jornal; a outra é sobressair no meio da sopa de letras que são os seus próprios títulos, os títulos dos outros e as capas coloridas das revistas nos vários pontos de venda.
Por isso, os títulos devem ser imediatamente compreensíveis, legíveis em segundos e claros. Não devem ser retorcidos, de significado difícil ou em verso (a não ser que o verso seja especificamente vantajoso).
Neste primeiro caso ("Jornal de Notícias", 28.08.2019), temos um título confuso, concebido (ou terá sido fruto do acaso, à primeira tentativa?!) para ser lido com tempo, quase incompreensível:





Neste ("Correio da Manhã", 28.08.2019)...verseja-se. A notícia é trágica, mas o seu título é em verso. A armar ao engraçado. Ou não. Não acredito que tenha sido essa a ideia. Mas lá que parece, parece... 





A nova PIDE

Todos os governos autoritários precisam de um braço armado civil, de um órgão de Polícia que aja à margem da lei e dos tribunais e com a agenda política dos donos do Estado. O actual governo já é autoritário e quer sê-lo ainda mais, com o aval da extrema-esquerda do BE e dos eurocomunistas reformistas do PCP.
Um dos seus instrumentos é o Fisco. E a notícia das "inspecções amigáveis" às novas empresas vai nesse sentido. Há mecanismos para punir a fuga aos impostos. Mas isso já pouco importa. O que é importante é, na perspectiva de que todos são incumpridores e criminosos, ameaçar já toda a gente de que não o pode fazer.
Isto é o mesmo que andarem os inspectores tributários a assediarem e importunarem pessoas na rua para lhes dizerem que devem entregar o IRS.
Isto é terrorismo fiscal. Isto é intimidação. É uma afirmação de arrogância. É uma declaração de guerra (mais uma) às empresas.
As empresas têm de funcionar com contabilistas certificados e estes, e os próprios empresários, sabem quais as obrigações a cumprir em impostos e contribuições para a SS. Se falharem, as leis tributárias já prevêem as medidas e as sanções a aplicarem.
E isso, num Estado de Direito, deve ser suficiente.
Não é, neste caso? Então o Estado de Direito português está em risco. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Lagoa de Óbidos de barco: é assim que se faz


Imagem retirada do site da Intertidal (www.intertidal.pt)

A iniciativa, que assenta num projecto profissional e bem estruturado (como se pode verificar no respetivo site, aqui), pode parecer modesta: um barco para passeios na Lagoa de Óbidos.
Mas o seu alcance é formidável. 
A Lagoa de Óbidos, votada ao abandono pelos poderes públicos e por utilizações indevidas, ganha uma nova vida com esta aproximação ao público. Ainda vasta, e enquanto a terra não a come, a Lagoa de Óbidos fica deste modo ao alcance de qualquer pessoa. É um passeio turístico mas também é uma descoberta do mundo que agora só se vê das suas margens, ou que está restrito a quem tenha embarcação própria, mostrando como este cenário natural precisa de ser defendido e protegido.
Aliás, a comunhão com a natureza é o que move a Intertidal nas suas várias frentes e nas várias atividades que propõe, com transparência de propósitos e de equipa, como se pode ver no seu site (http://intertidal.pt).
Com direito a destaque na "Gazeta das Caldas" e em plena atividade que se torna bem visível, a Intertidal teria beneficiado, em termos de visibilidade, com o apoio da Câmara Municipal de Caldas da Rainha (e do seu presidente, que numa campanha eleitoral andou a passear de barco na lagoa…). Mas já se sabe como a promoção do turismo de qualidade não existe para a Câmara. Ao contrário da iniciativa privada, os poderes públicos de Caldas da Rainha não sabem como se faz, nem querem saber.
 

domingo, 25 de agosto de 2019

Notas de prova


Coudel-Mor — Tinto (sem data) — DOC Tejo
Alicante Bouschet, Merlot e Caladoc
Adega Cooperativa do Cartaxo, Cartaxo
14,5% vol.
Bom!

Notas de prova

FP (Filipa Pato) — Tinto 2017 — DOC Bairrada 
Baga
F. Pato Vinhos Unipessoal Lda., Óis do Bairro, Anadia
12% vol.
Bom!

Notas de prova


Quinta da Sapeira — Tinto 2009 Reserva — DOC Encostas d'Aire
Castelão, Aragonez e Touriga Nacional
Inês Alexandra Leal Bernardino, Azoia, Leiria
13,5% vol.
Muito bom.
(Bebido no restaurante Naco na Pedra, em Salir do Porto,
a acompanhar Tornedó Rossini)

Notas de prova


1808 — Tinto 2016 — Vinho Regional Lisboa
Syrah (50%), Castelão (30%) e Aragonez (20%)
Casca Wines, Alcabideche
13,5% vol.
Bom!
(Bebido no restaurante O Traçadinho, 
em Óbidos, a acompanhar Bacalhau com Broa)

Co-lo-car


Experimente, leitor, dizer em voz alta a palavra "colocar". E depois diga-a pausadamente, nas suas três sílabas: "co-lo-car". Ou: "co... lo… car".
Arranje uma frase em que ela entre, partindo de uma situação comum, onde um copo é transferido para cima da mesa, como "Eu coloco o copo em cima da mesa."
Agora, só mais uma experiência: diga em voz alta a palavra "pôr". E depois diga-a pausadamente… na sua única sílaba: "pôr".
E depois diga a mesma frase: "Eu ponho o corpo em cima da mesa".
Para dizer "colocar", tem de fazer vários movimentos com a língua. Tem de escrever sete letras. Ocupa com ela mais espaço.
"Pôr" é simples, é rápido, é curto, é eficaz. Toda a gente percebe o seu sentido.
E agora explique-me, leitor, se conseguir: porque é que há tanta gente (dos jornalistas pernósticos às pessoas que quase nem ler sabem) a usar "colocar" em vez de "pôr"?
É um fenómeno (uma moda?) que, para mim, não tem explicação.  

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Ler jornais já não é saber mais (61): a qualidade do "Eispresso" obviamente "espirou"






Uma "pérola" no artigo "Mecanismo de capitalização incontinente", de João Silvestre, editor (!) de Economia do "Expresso" (17/08/2019). Ou iditor de Iconomia do "Eispresso"? 
Não é a única asneira num jornal que, entre o Acordo Ortográfico, a pesporrência e o jornalismo estatístico, só disfarça a quebra da sua qualidade, que em tempos teve, pela abundância do papel que vende no saco semanal.



segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A subserviência

É impressionante e vergonhosa a subserviência da generalidade da imprensa ao Governo. Nada nem ninguém resiste à vassalagem, por convicção, dinheiro ou dívidas de favores: administrações, direcções, chefias e jornalistas. 
Tudo serve para enaltecer o "Grande Líder" local, incensando o insuportável chefe do Governo, num patamar onde reina uma mediocridade que não se julgaria possível numa democracia estabilizada.
O único consolo, neste panorama totalitário, é o facto de a imprensa escrita estar a mergulhar num estado de coma, de onde só sairia se a internet desaparecesse, e de a televisão ser muito mais, para o mal e para o bem, do que os telejornais. 

domingo, 18 de agosto de 2019

Desolação

Ele é o chocolate, as coisas sociais-literárias, as tasquinhas medievais, a música clássica… Mas, ao cair da noite, a simpática vila de Óbidos é um conjunto de ruas desoladas, onde só subsistem estabelecimentos de comida e de bebida (ginjinhas, quase só) e duas ou três lojas.
Neste sábado, às dez da noite, com afluência razoável de visitantes, nacionais e estrangeiros, Óbidos podia continuar a ser um centro de comércio (como é durante o dia) mas não é.
E nem uma livraria vagamente famosa faz por isso. O que há para comprar são coisas de mercearia, mas livros é que não.
O cenário é o mesmo que encontro aqui ao lado, na cidade de Caldas da Rainha ou com que já me deparei em Alcobaça.
Talvez haja uma explicação, ou várias. Há, pelo menos, uma conclusão óbvia: se as lojas estivessem abertas, venderiam mais e ganhariam mais dinheiro. E chamariam mais visitantes.
Mas não precisam de mais dinheiro, nem de mais visitantes, é?




sábado, 17 de agosto de 2019

A bronzear a mãozinha



Mas usar o telemóvel é que é um perigo, não é?

Até no lixo se nota...




O caixote de lixo da fotografia de cima está na freguesia rural onde moro. A alavanca que permite abri-lo com o pé está partida e quem quiser meter o lixo lá dentro vai ter de o abrir… à mão. Em todos os anos em que aqui esteve, os Serviços Municipalizados, que lá vão recolhendo o conteúdo, nunca o lavaram. Fede à distância. 
Os dois caixotes de lixo da fotografia de baixo estão num bairro central da capital do concelho. São novos, pretos e luzidios. Devem ter saído mais baratos, claro, do que encontrar outra solução, e higiénica, para o lixo. Mas, a certa altura, é impossível não pensar que há quem, mandando no concelho, pense que o lixo é o grande "ex libris" de Caldas da Rainha.
Está aqui bem visível a diferença de tratamento entre a capital do concelho e as suas freguesias rurais, abertamente desprezadas pelas elites urbanas locais. 
E se não é esse o caso, que vai mais longe do que a atávica incompetência desta gente, talvez o caixote danificado, velho e emporcalhado da fotografia de cima seja um dos elementos "embelezadores" que o presidente da junta de freguesia urbana que canibalizou a junta de freguesia rural pretendia disseminar por aqui há dois anos.
"Les beaux exprits se rencontrent", como se pode ver.





sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Porque é que a Linha do Oeste já não tem futuro


… Porque deixou de ser competitiva, como esta comparação feita pela "Gazeta das Caldas" (16/08/2019) documenta: os preços do comboio podem ser mais baixos, mas os "expressos" são mais rápidos (no caso de Lisboa, os "expressos" demoram cerca de uma hora e os comboios quase duas).



Nenhum Governo está disposto a investir milhões numa estrutura ferroviária que só serve, e mal, para viagens de percurso curto.
Era bom que os utopistas que ainda acreditam na Linha do Oeste o percebessem.