A União Europeia é isto (numa caricatura tragicamente exemplar de autoria desconhecida): uma espécie de Estado falhado, comandado por dirigentes não eleitos com pés de barro e apoiados numa imensa burocracia de eunucos que os servem.
É um império como os impérios asiáticos de outrora, com uma democracia apenas formal, onde a simpática utilidade de uma estrutura vagamente federalista se perdeu.
Quem ganha são os dirigentes "has been", que receberam as sinecuras dos cargos de topo da União Europeia como finais dourados de carreiras políticas repugnantes, e essa massa amorfa de eunucos. E nós todos, em todos as regiões deste império, é que perdemos. E cada vez mais.
O "especialista" Uriã Fancelli é chamado frequentemente pela CNN tuga a pronunciar-se sobre o conflito na Ucrânia, sem que esta televisão esclareça o estatuto de dependência da criatura.
E acontece que o "especialista" Uriã Fancelli faz parte do "team" do jornal ucraniano "Kyev Independent", que já foi subsidiado pela agência norte-americana USAID e que é próximo do governo de Kiev.
Dito da maneira mais suave: a CNN, pelo menos, anda a enganar o público...
A respeito disto e bem explicado pelo major-general Carlos Branco aqui: "O avençado".
O problema da imprensa nacional está todo aqui: a tremenda discrepância entre a realidade e aquilo que a comunicação social nos diz que é a realidade.
É uma questão que não pode deixar de se reflectir na credibilidade da comunicação social nacional. Que se tem perdido neste período de 25 anos e que há de continuar a perder-se.
Uma ironia: o "DN", que nos últimos 25 anos, se afundou nesta espiral para evitar o apagamento inevitável, foi sempre o diário mais conformista do regime antes, durante e depois do 25 de Abril.
E a pergunta que agora se deve fazer é esta: como é que se pode acreditar na mentira que a imprensa nacional é?
O jovem Alex, connosco há oito meses, que descobri agora ser um Kleine Münsterländer, uma raça caçadora alemã pouco conhecida fora deste país, acabou por definir como seu um espaço de vigília debaixo de uma das buganvílias do jardim. Escavou, escavou e, parcialmente a coberto do calor do Verão, vai observando o que se passa ao seu redor. Eis uma originalidade, que eu ainda não tinha visto.
Eis uma novidade nesta pequena junção de jardim zoológico com jardim botânico em que vivo: uma borboleta de asas riscadas. É, diz-me o Google, uma borboleta-zebra (Iphiclides podalirius).
Vamos ao básico: que se espera de um jornalista quando entrevista uma pessoa para um órgão de comunicação social? Em primeiro lugar, espera-se que obtenha um esclarecimento sobre um assunto que tem interesse para o público, partindo do imprescindível ponto de vista de que a pessoa ouvida, ou entrevistada, tem conhecimento da matéria, em geral ou no particular.
Nesta circunstância, dos inquéritos de rua às grandes entrevistas com dirigentes de primeiro plano (políticos, ou de outras esferas), da recolha de declarações sobre assuntos de pequena e média importância à consulta sobre a opinião dos agora tão populares comentadores e "especialistas", só se pode esperar que o jornalista se remeta, modestamente, a um plano secundário e que deixe a outra pessoa falar.
Significa isto que o entrevistador deve, pelo menos durante a entrevista, omitir as suas próprias opiniões ou expressá-las, de modo cortês, sem nunca transfomar a entrevista numa discussão pessoal.
O entrevistado está a ser entrevistado porque a sua opinião é relevante. Se, por exemplo, o entrevistador pensa que o sal deve ser todo posto a olho quando começa a cozinhar um determinado prato e se o entrevistado é um cozinheiro experiente que prefere ir acrescentando sal ao seu cozinhado, verificando gradualmente o sabor, deverá perguntar "porquê": porque é que ele faz isso? O cozinheiro explica o que faz e o diálogo só prosseguirá, e sobre essa matéria específica, se restarem dúvidas bem estribadas sobre a opção do cozinheiro.
É simples e é uma regra antiga do jornalismo.
Não foi isso que aconteceu aqui, nesta lamentável exibição de um jornalista na CNN nacional:
Convém registar que o vídeo que primeiro circulou foi bloqueado por decisão da CNN/TVI:
O vídeo, no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=yI8iLcLLCh4&t=339
Como se pode ver, e ostensivamente, o jornalista (Pedro Bello Moraes) interrompeu, acometeu, contraditou e atribuiu afirmações, que foi sempre condenando, ao seu entrevistado (Carlos Branco, major-general do Exército português) sem lhe dar hipótese de falar e de se defender.
Voltando ao exemplo que dei, foi como se o entrevistador começasse a atacar o cozinheiro dizendo que ele defende que se atirasse o sal todo para o cozinhado logo à partida.
No fim, como se pode ver no vídeo, o entrevistador encerrou abruptamente a entrevista, cortou a palavra ao entrevistado ... e nem sequer o deixou comentar aquilo que lhe fora pedido que comentasse.
No vídeo percebe-se a estupefacção do seu entrevistado. Seria muito natural, pelas regras de experiência comum, que o major-general Carlos Branco lhe voltasse as costas e saísse do estúdio ou que tivesse algum gesto ou pronunciamento mais vivo. Mas Carlos Branco é, como se vê, uma pessoa bem-educada e cortês e, com a sua atitude, ao conter-se, teve um gesto de respeito para com o público.
É difícil perceber o comportamento de Bello Moaes. A CNN de cá tem, obviamente, uma agenda política, relativa à crise ucraniana, que reflecte fielmente as opções do governo ucraniano. Terá sido por isso? E, por causa disso, quem possa não estar de acordo é atacado de emboscada? Ou Bello Moraes agiu apenas sozinho, bem sabendo, porém, que estava a agir contra tudo o que a deontologia e a ética impõem (ou impunham e agora já não?) aos jornalistas.
Não o conheço, não tenho aqui à mão comentadores ou especialistas (em ética jornalística, boas maneiras ou psiquiatria, por exemplo) que me expliquem este comportamento, mas, dada a natureza pública da performance do entrevistador, tenho o direito, como espectador, de me interrogar sobre o que terá motivado o paroxismo da criatura:
-- Foi por obediência à agenda pró-ucraniana e anti-russa da empresa?
-- Foi embriaguês?
-- Foi algum desconforto físico ou emocional?
Se alguém tiver uma resposta, agradeço que ma envie para ela ser aqui publicada.
*
Já agora: a partir deste momento, qualquer pessoa que seja convidada pela CNN portuguesa para se pronunciar sobre o que for, ou para ser entrevistada, tem de temer que algum entrevistador mais assanhado a ataque, sem lhe dar oportunidade para se defender.
Porque o que aconteceu acaba por ser da responsabilidade da própria CNN e abrange todos, mas todos, os seus jornalistas.
Foi como se convidassem uma pessoa para ir lá jantar, lhe cuspissem na sopa e atirassem depois a sopa suja à cara dos restantes comensais.
Não sou fã do tradicional cozido à portuguesa, que, na sua mistura de carnes cozidas e, nos restaurantes, escassas couves, me faz pensar em dieta.
Mas aqui no restaurante Vale Velho, que não me canso de celebrar, encontro uma admirável variante: carnes gordas (incluindo os enchidos), couves, batatas e nabo num tacho que, ao lume, vai apurando o sabor das carnes cozidas. E este, sim, é um cozido à portuguesa que me entusiasma. Adequadamente acompanhado pelo vinho tinto Milharoz, de Santarém, que érobusto e saboroso.
Do escrito aqui reproduzido (um "post" no Facebook), de uma aguerrida ajudante-de-campo do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha) só se pode inferir que a sua autora desconhece que toda a "fronteira" oeste do concelho de Caldas da Rainha é o Oceano Atlântico, que a capital do concelho está a menos de 10 quilómetros da costa e que o concelho tem um "destino de praia": a Foz do Arelho (e podemos até excluir a Lagoa de Óbidos).
Mas também não admira. A elite política de Caldas da Rainha tende a concentrar-se no seu próprio umbigo urbano (a capital do concelho), ignorando tudo o resto que compõe esta região, apesar do seu elevado potencial turistico. E o partido unipessoal do presidente, o Vamos Mudar, também não mudou isto.