sábado, 7 de setembro de 2013

Medo, desespero e desorientação

O debate político nas eleições autárquicas deve centrar-se nos problemas reais e concretos de cada concelho e de cada freguesia.
Será natural e desejável que isso aconteça porque os lugares que as várias candidaturas podem ocupar numa câmara municipal, numa assembleia municipal ou numa junta de freguesia devem servir para resolver esses problemas reais e concretos e para ajudar mais directamente as pessoas dentro da esfera de competência de cada órgão autárquico.
E Caldas da Rainha tem problemas. Na cidade e nas dezenas de povoações que fazem parte do concelho.
Muitos desses problemas podem ser resolvidos pela Câmara Municipal, outros pelas juntas de freguesia e outros podem ser levantados na Assembleia Municipal e nas assembleias de freguesia. Debater os problemas, identificando-os, e as maneiras de os resolver deveriam ser os objectivos das várias candidaturas.
O PSD não quer reconhecer que há problemas porque domina a Câmara há 28 anos e acha que já resolveu os problemas todos.
O PS ainda não conseguiu identificar os problemas e acha que tudo se resume à cidade ("limpar a cidade"...e o resto do concelho não?!).
O PCP parece estar com dificuldade em distinguir os problemas de âmbito local dos problemas de âmbito nacional e deixa de ver a árvore ao querer ver só a floresta.
O BE faz o mesmo mas em pior num registo claramente alucinatório e fumacento. Todas estas candidaturas dependem, afinal, em maior ou menor grau, das direcções partidárias nacionais, o que os põe permanentemente a olhar para Lisboa.
O Movimento Viver o Concelho (MVC) começou por identificar os problemas e é o que tem estado a fazer, dialogando directamente com as populações em vez de ocupar espaços públicos com cartazes gigantescos mas sem conteúdo prático.
Esta candidatura, ao intervir nas eleições desta maneira e pela primeira vez, tem fortes probabilidades de, pelo menos, ocupar lugares de destaque em vários órgãos autárquicos.
E como não há lugares para todos, a entrada de uns levará à saída de outros. Por exemplo, a presença residual que o BE tinha na Assembleia Municipal pode estar ameaçada.
A alteração do paradigma eleitoral gerada pelo MVC desorientou as restantes candidaturas. E essa desorientação, num contexto de perda de poder, conduz ao medo e ao desespero.
O que se pensava que estaria no papo deixou de estar. Deixou de haver favas contadas. Como popularmente se diz, deixaram de poder contar com o ovo no cu da galinha.
A desorientação, o medo e o desespero conduziram à espiral de intrigas, calúnias, ataques pessoais e berrarias em que a campanha eleitoral se está a transformar para algumas dessas candidaturas.
Se isso serve para demonstrar que há candidatos e candidaturas que nem percebem que não estão a falar do concelho, também permite ver que (no caso do BE, por exemplo) se determinadas pessoas chegassem ao poder seriam capazes de tentar fazer coisas tão simples como a NKVD e o KGB de Estaline e de Béria, a Securitate de Ceausescu, a Revolução Cultural de Mao que perseguiu e matou intelectuais ou as mortandades decretadas por Enver Hoxa na Albânia.
Ou mesmo matar os seus adversários a golpes de picareta como Estaline mandou fazer a Trotsky.
Esse desvario, no entanto, não se traduzirá num acréscimo de votos. Talvez só o percebam demasiado tarde.
 
Uma nota pessoal:
Como cidadão livre, que sempre fui, tenho o direito, estribado na lei (que respeito e posso invocar) e no bom senso, de me pronunciar sobre aquilo que quiser, incluindo as eleições que decorrem no concelho que escolhi para viver em 2000, onde sempre vim quando quis e muito bem me apeteceu, onde me instalei em 2005 e onde faço as minhas compras e pago os meus impostos todos.
Não faço parte de nenhuma candidatura.
Não fui convidado para nenhuma lista.
Não sou candidato a lugar nenhum.
Tenho, no entanto, a minha opinião. E o direito a apoiar a candidatura que vejo mais atenta aos problemas do concelho e que, neste caso, é o MVC. Expressando o meu apoio pelo voto em urna e publicamente, quando e como o entender.
Sou, como sempre fui, completamente livre para o fazer.
Há quem não goste? Pois recomendo-lhes paciência. Até porque reagirei (e pior, e com mais rapidez) contra os que insistirem em vir marrar comigo, apesar de perceber que enquanto estão entretidos comigo estão a deixar de debater, se é que o conseguem, os problemas reais e concretos do concelho.
E, já agora, recomendo-lhes que procurem apoio especializado se não conseguem lidar com o medo, o desespero e a desorientação, que são sempre maus conselheiros.

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