sábado, 31 de janeiro de 2015

Estrangeirismos idiotas

 
Não sou um purista da língua portuguesa e, pesando todas as diferenças, li com gosto Aquilino Ribeiro e José Saramago e as suas inovações em matéria de "conteúdo" e "forma". (E convém sempre dizer, até por ser verdade, que não concordo com o Acordo Ortográfico e que, nos meus escritos pessoais, não o aplico.)
Há coisas, no entanto, que continuo a achar idiotas, sobretudo por serem adaptações mal digeridas do inglês, preterirem palavras ou expressões portugueses até mais elegantes e resultarem, de certa forma, de fenómenos de moda (como o foram, nas suas épocas, expressões como "na medida em que" ou "é assim").
É o caso de "resiliência" (resistência, ou capacidade de resistência), "alegadamente" (pode sempre usar-se, por um exemplo, um cauteloso "terá", coisa com que nunca nenhum jornalista se deu mal), "detalhar" (pormenorizar) e do mais horrendo "panicar" que parece significar "entrar em pânico".
Há uma tendência portuguesa para "comer" bocados de palavras (que terá sido explicada por Agostinho da Silva pelo medo de falar abertamente, que foi uma das tristes heranças da Inquisição e do Estado Novo, e que parece ser característica do falar lisboeta) mas esta tendência pacóvia de adoptar estrangeirismos a esmo terá mais a ver com o facilitismo e com algum défice de discernimento.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O buraco como imagem de marca de Caldas da Rainha

 
 
A cidade de Caldas da Rainha não tem um problema de estacionamento. Nem o tinha, sequer.
Pela minha própria experiência nunca precisei de andar mais do que dez minutos às voltas para encontrar onde estacionar na zona do centro da cidade e, que me lembre, só recorri uma vez a um parque pago e apenas por minutos.
Até agora, a capital do concelho de Caldas da Rainha, e com acesso directo ao centro numa distância que varia e cujo tempo de deslocação a pé varia também entre os três ou quatro minutos e os dez minutos, ou menos, dispunha de um parque coberto e pago (Centro Cultural e de Congressos), ao ar livre e pago (Montepio Rainha D. Leonor) e de um parque num enorme terreno livre que não é pago. Nas ruas próximas do centro, a dificuldade em arranjar lugar era também variável e os parquímetros não funcionavam.
A Praça 25 de Abril (com a Câmara Municipal, as Finanças e o Tribunal), com estacionamento mais ou menos desordenado à volta da sua zona central circular ajardinada, podia ser um problema.
Mas bastaria restringir ou interditar o estacionamento nessa rotunda para reduzir a presença dos veículos no local.
Como se viu, com as obras que arrasaram a praça, esse estacionamento nem fazia falta.
E note-se que é considerável o movimento automóvel na cidade, o que também tem a ver com o facto de muitas pessoas que trabalham em zonas centrais da capital do concelho viverem na periferia e usarem carro próprio como transporte.
É por isso que a decisão de construir um enorme parque subterrâneo na Praça 25 de Abril é perfeitamente absurda e inútil. Mais a mais, tratando-se de um parque pago porque, não havendo falta de estacionamento grátis, quem é que vai pagar para ir lá meter o carro, por exemplo, durante as horas em  que está a trabalhar?
Esta obra, que parece estar perto do fim e que se prolongou por muito mais de um ano, furando todos os prazos sem que os respectivos construtores fossem chamados à responsabilidade e sem que a Câmara Municipal prestasse contas, não é só inútil.
É típica de uma gestão urbana que não sabe onde gastar o dinheiro, que prefere as grandes obras de fachada (e que tal um aeroporto? Ou uma universidade? Ou um estádio olímpico?...), que só pensa na imagem e que pouco mais vê além do próprio umbigo.
É pouco provável que haja muitos presidentes de câmaras municipais que transformem a construção de um estacionamento inútil na grande obra do seu reinado. Mas este presidente, que cultiva tanto a imagem, foi o que fez.
Esqueçam Bordallo, os falos, a cerâmica ou a Lagoa de Óbidos. Porque talvez um buraco no solo, por acaso com estacionamento lá em baixo, seja a melhor imagem de marca para o concelho de Caldas da Rainha, a partir de agora. 


Pode ser que o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha
instale o seu gabinete lá bem no fundo do buraco...






segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

"Robin Williams", de Emily Mortimer

 
Robin Williams, comediante e actor (1951 - 2014), entrou em 70 filmes mas só uma dezena terá tido no nosso país, e noutros, além dos EUA, o destaque justificado.
E mesmo um dos quatro em que entrou no ano passado ("Boulevard", de Dito Montiel), que deve ter sido um dos últimos em que melhor esteve, nem sequer se estreou, ou estreará, em Portugal.
Além disso, a série televisiva que o lançou ("Mork & Mindy", 1978 - 1982) também não passou na televisão portuguesa. 
No entanto, foi pelo cinema que o público fora dos EUA o conheceu porque a sua faceta de comediante, em grandes palcos com transmissão directa pela televisão e nos espaços de comédia "stand up", ficou mais restringida aos países de língua inglesa, devido à especificidade da língua.
Isso explica, por outro lado, a desproporção de reacções sentimentais ao seu suicídio, em Agosto do ano passado.
Este livro sobre o actor, "Robin Williams", da jornalista inglesa Emily Herbert (ed. Clube do Autor, tradução minha, agora publicado), dá-nos, nessa perspectiva, uma visão global do homem e dos diversos problemas que assombraram a carreira desta lenda do "entertainment" norte-americano, com uma mais-valia interessante: a sua filmografia completa, com indicações suplementares sobre os filmes que passaram em Portugal.

domingo, 25 de janeiro de 2015

"Não beba e caminhe na estrada, que pode ser morto"







Já vi vários avisos sobre a moderação no consumo do álcool mas este é completamente novo: "Don't drink and walk on the road, you may be killed". Ou seja: "Não beba e ande na estrada, que pode ser morto".
É um vinho regional alentejano de Arraiolos que é exportado para a África do Sul.
Terá sido um lapso de escrita ("andar na estrada", mas mesmo assim...) ou algum aviso pensado exclusivamente para África?

Um apontamento politicamente incorrecto sobre a questão das urgências hospitalares


As taxas moderadoras em muitos casos já nada "moderam" porque são frequentemente desproporcionadas: quem ganha 750 euros por mês paga exactamente o mesmo que paga quem ganha por mês 1500, 5000 ou 10 000 euros.
O aumento e a diversificação das taxas moderadoras e as suas receitas permitiria decerto alargar nos hospitais instalações, serviços e horários, comprar mais equipamento e contratar mais pessoal. E, ao mesmo tempo, criar nos centros de saúde (e/ou alargar os seus horários de funcionamento), estruturas de acolhimento de certas urgências que não exigem tratamento hospitalar.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O pobre das Caldas que foi comprar um Ferrari

Foi de fato e gravata, barbeado, apresentando-se bem falante e, talvez por um primo ser do mesmo partido do dono da empresa, comprou um Ferrari.
Com crédito, claro, que umas vezes é fácil e outras não. Vai andar de Ferrari por aí mas pagá-lo é que não. A família, que pode até dar umas voltinhas, que se desenrasque com o custo.
Foi um negócio assim que o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha fez com as Termas das Caldas, com a ajuda do "primo" Governo (que parece ter ficado surpreendido) e uma complacência estranha da Assembleia Municipal. O custo da brincadeira será um milhão de euros por ano. Nós pagamos, claro.
É um negócio de loucos, de quem parece ter muito dinheiro sem no entanto passar de um pelintra. É uma espécie de "de boas intenções está o inferno cheio" e nós que ardamos nele.
O Governo quis livrar-se do hospital termal e do conjunto arquitectónico e paisagístico adjacentes, que não conseguia, ou não queria, gerir e sustentar e fez uma proposta de cedência à Câmara. E esta... foi na conversa. Dá-lhe jeito, internamente. Junta-se a fome à vontade de comer. Mas a refeição é cara.
O presidente da Câmara, que nem sequer terá encontrado parceiro externo para o empreendimento (nem sequer a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa), está vagamente ciente dos custos e, talvez num deslize de sinceridade, confessou-se "preocupado às boas almas da Assembleia Municipal que acharam que o essencial seria o património das termas estar "do lado de cá": a brincadeira vai custar um milhão de euros por ano, pelo menos, e durante 50 anos.
Só que os benefícios para o presidente e para o PSD local, que tão bem quer servir, sobrepõem-se, como se sobrepuseram, a outras "preocupações".
Veja-se só: a Câmara conseguiu finalmente ficar com as termas; haverá projectos, concursos, declarações de boas intenções e, com estas e outras (que as oposições não percebem), ganham-se outra vez as eleições autárquicas daqui a cerca de dois anos e meio; com sorte pode haver fundos comunitários, ou um governo outra vez mãos-rotas ou mais projectos, estudos e concursos; ou um qualquer fundo internacional a chegar-se à frente, se tiver investidores...
E haverá hospital termal a funcionar quando? E os decrépitos pavilhões? E o parque? Num horizonte tão longínquo não há problema porque cairão sempre umas chuvadas que justificarão todos os atrasos.
Neste processo, que de certa forma chegou ao fim na reunião da Assembleia Municipal do passado dia 20, as oposições fizeram figura triste.
Talvez intimidadas pelo mal que poderia parecer dizer "não" à aventura, dividiram-se entre o disparate (o CDS/PP e o MVC votaram... a favor!), a versão "cautela e caldos de galinha" (o PS absteve-se, na posição apesar de tudo mais inteligente) e a cassete (o PCP votou contra... porque defende o SNS).
E agora... é esperar pela conta. Um milhão de euros a dividir pelos residentes no concelho dá quanto, por dia?
 
 

 
... E gastar 1 000 000 € por ano com a brincadeira. Pelo menos.
 
 
 


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Porque não gosto dos CTT (90): violação de correspondência



 
A isto chama-se violação de correspondência.
Não sei se foi o carteiro, não sei se saiu assim do posto de distribuição, não sei se alguém abriu a minha caixa do correio para o fazer e depois fechou-a, sem deixar sinal de o ter feito, quando as três chaves da caixa estão, e estiveram, onde tinham de estar.
O rasgão do envelope foi lateral e feito com qualquer instrumento cortante, que não deve ter sido uma tesoura.
A abertura foi a suficiente para poder passar o mais pequeno envelope de cartão selado que continha um cartão telefónico.
Parte do selo, como se pode ver na imagem de baixo, foi levantado mas depois quem o fez não insistiu e não violou o selo. Talvez soubesse, vendo a indicação da associação do cartão a um número telefónico, que o cartão não lhe serviria de nada sem ser activado através do fornecimento de uma informação à entidade emissora. Talvez quisesse apenas demonstrar que o podia fazer.
E talvez não quisesse tirar nada de dentro do envelope mas demonstrar que podia abri-lo despreocupadamente para causar alguma impressão mais desagradável por causa do que escrevo e das reclamações que faço.
Já me desapareceu correspondência. Pode ter havido mais correspondência que desapareceu e de que eu nunca suspeitei que me fosse dirigida.
Mas isto assim, tão descarado, nunca me aconteceu.
Vamos ver o que se segue...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Um outro tipo de abandono (1)


O abandono dos animais domésticos, nomeadamente dos cães, também se manifesta assim, dentro de muros:
 
 



 
Este cão é mantido dia e noite nestas condições numa casa da freguesia rural da Serra do Bouro, em Caldas da Rainha, amarrado numa corrente curta, sem água à vista, talvez só alimentado com comida que é atirada ao chão (vi-o a roer um osso, hoje de manhã), praticamente ignorado pelos habitantes da casa, e seus putativos donos, que nem se dignam olhar para ele por mais que ele implore.
Não é caso único.

Para que servem caleiras assim, sem qualquer tipo de limpeza?





As caleiras instaladas nesta rua da Serra do Bouro pela empresa Cimalha, numa espécie de despique de incompetência com a Câmara Municipal de Caldas da Rainha (a que aqui nos referimos em pormenor) só podiam dar este resultado: enchem-se de folhas e o entulho vai-se acumulando com a ajuda da chuva.
Alguém limpa? De meses a meses aparece alguém a fazer o serviço. No resto do tempo, o interior está longe da vista e longe do coração da ex-Junta de Freguesia e da Câmara Municipal. 




Uma sugestão aos comerciantes (e aos advogados) caldenses: processem a Câmara Municipal!

 
1 - As obras lançadas pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha em toda a capital do concelho, e que têm estado a decorrer há quase dois anos, hão de ter obedecido a cadernos de encargos definidos para as empresas que terão apresentado propostas para as executar e neles estariam incluídos prazos bem definidos.
 
2 - É possível que esses prazos definidos para as empreitadas sejam considerados normais, com incómodos e prejuízos diversos para a população e, sobretudo, para a actividade comercial e empresarial.
 
3 - Não há, que se dê por isso, nenhuma das obras previstas (no plano dito "de regeneração urbana") que tenha terminado no prazo acordado entre a Câmara Municipal de Caldas da Rainha e as empresas que se comprometeram a fazê-las.
 
4 - Há uma extensão, cuja responsabilidade cabe à Câmara Municipal de Caldas da Rainha e/ou aos empreiteiros, dos prejuízos para a vida da população e para as actividades comerciais e empresariais.
 
5 - A Câmara Municipal de Caldas da Rainha não teve o cuidado de precaver a extensão desses prejuízos.
 
6 - A Câmara Municipal de Caldas da Rainha não pode escudar-se nas "condições climatéricas" porque elas são conhecidas de toda a gente, tiveram de ser tomadas em consideração na definição dos prazos e, além do mais, os atrasos sucessivos fazem com que as obras sejam dificuldades pelos vários períodos de mau tempo que se vão sucedendo.
 
7 - As empresas afectadas, nas ruas onde vão decorrendo as obras e nas suas proximidades, podem decerto demonstrar (através do IRC, por exemplo) que tiveram prejuízos e/ou menos receitas, relativamente aos períodos anteriores, à medida que as obras se iam arrastando.
 
 
Estes pressupostos serão, sem dúvida, suficientes para qualquer advogado, com algum nível de experiência e/ou com bons conhecimentos do Direito, poder fundamentar a possibilidade de os comerciantes e empresários afectados pelo incumprimento dos prazos processarem a Câmara Municipal de Caldas da Rainha e exigirem uma indemnização.
Não há que ter medo...
 
 
 
 

Ficar na fotografia não chega... e aceitar tudo calados também não





O presidente da Câmara parece ignorar que a vida real
não é feita de promessas nem de marketing político

Não basta ao presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha aparecer no cenário de guerra da Rua de Camões e das suas obras desastrosas, ficar na fotografia e largar pelo caminho mais uma daquelas suas habituais promessas que, mostra a experiência, não se cumprem: "as condições climatéricas vão atrasar as obras, a estimativa é que a rua possa estar transitável em finais de Março".
No estado calamitoso das obras que devastaram a capital do concelho e em que os prazos nunca foram cumpridos, cabia-lhe a obrigação de prestar contas bem claras e de esclarecer de uma ver por todas por que motivo é que as empresas contratadas não cumprem os prazos a que foram obrigadas.
E, já agora, porque é que diz que a rua ficará apenas "transitável" e não com as obra concluídas de vez.
Quanto aos comerciantes afectados, deviam ponderar a hipótese de exigirem, judicialmente, uma indemnização à Câmara Municipal pelos prejuízos sofridos, que são agravados pelos atrasos.
 
 
O que já escrevi (desde Dezembro de 2013) sobre este triste caso da Rua de Camões:

- Como se mata uma cidade

- A "nova dinâmica" das obras paradas

- Cidade fantasma

- O Natal das Caldas





Rua de Camões, Caldas da Rainha











Maria José Morgado escreve sobre a detenção de José Sócrates

Citando Maria José Morgado, magistrada do Ministério Público, em artigo publicado no "Expresso", no passado dia 17, que pode ser interpretado como referindo-se à situação do ex-primeiro-ministro do PS que se encontra em prisão preventiva:
 
"(...) No processo penal democrático, o arguido por factos praticados no exercício de funções públicas ou por causa delas, é um arguido comum, normal - não pode ser prejudicado ou beneficiado por causa da condição política que que também não é causa de exclusão da culpa penal por factos previstos na lei penal enquanto crimes lesivos do interesse público. As regras do processo penal do facto e da culpa não permitem trocadilhos ambulantes exóticos que, esses sim, nos deixariam à mercê de novos totalitarismos. Provavelmente, o ensaio de certas mistificações visa um fim oculto: travestir presos comuns de hipotéticos 'presos políticos' como meio de lavar crimes económicos e impedir as autoridades judiciais, se for o caso, de apurarem as responsabilidades penais concretas, sejam elas quais forem."
 
O artigo intitula-se "Políticos presos versus presos políticos" e publicado na página 22 da edição em papel, não parecendo estar disponível na edição on line.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A criatividade ausente em parte incerta: a propósito de "Em Parte Incerta/Gone Girl"

 
"Em Parte Incerta" ("Gone Girl", realização de David Fincher, romance e argumento de Gillian Flynn, visto ontem à noite): durante uma hora temos Nick (Ben Affleck ) às voltas com o desaparecimento da sua mulher, Amy (Rosamund Pike); de repente passamos a ter Amy, que nos diz logo estar viva; nos 83 minutos (quase hora e meia) de filme que se seguem temos a explicação do que aconteceu e, de certa forma, uma recriação de "Atracção Fatal". Sem o coelho.
Foi nessa transição de 60 minutos de filme para os restantes 83 minutos (como se fossem dois filmes diferentes) que deixei de gostar de "Em Parte Incerta".
Foi esse o momento em que um "thriller" aceitável (Amy desapareceu, Nick é o inevitável suspeito) se transformou num "thriller" à procura da respeitabilidade "normal": Amy está viva e bem viva, maquinou tudo para se vingar de Nick, mata um antigo pretendente sem sombra de hesitação (Desi Collings é o coelho, de certa maneira, regressa para junto de Nick, os dois vão fazer-se mutuamente a vida negra e... às 2 horas e 23 minutos de filme, cai o pano.
O "thriller", estilo que na literatura e no audiovisual só permite a isenção em caso de obras-primas inquestionáveis, tem regras.
E essas regras, por conservadoras que pareçam, destinam-se a dar ao leitor e/ao espectador quase todas as armas para poder entrar no jogo. A criatividade não está na destruição das regras (o que, em geral, permite fins frouxos e indecisos como acontece em "Gone Girl") mas na invenção de novas histórias que, respeitando as regras, consigam sempre suscitar o interesse renovado do leitor/espectador.
Não é o que acontece com "Em Parte Incerta". E David Fincher, o David Fincher de "Seven" e de "House of Carda" até sabe fazer melhor.



A versão francesa do cartaz de "Gone Girl": Amy e Nick tinham ouvido falar
 em "Atracção Fatal 2" e foram ao engano

Fox e AXN: podiam ir vender batatas que era a mesma coisa

Quem dirige (se é que alguém dirige, por cá...) os canais de televisão por cabo Fox e AXN não deve perceber muito de televisão, pelo menos no que se refere aos interesses do público.
Ou talvez tenha, por motivos obviamente obscuros, interesse em que o público procure a alternativa do "sacar da net" ao péssimo serviço que prestam.
Já aqui falei da Fox a respeito da série "American Horror Story". Não é um fracasso de audiências nos EUA (o país de origem), antes pelo contrário, e parece suscitar o interesse de parte significativa dos espectadores portugueses.
No final do ano passado, a Fox promoveu e exibiu a temporada 4. Depois interrompeu-a, sem aviso. E recomeçou-a, há duas ou três semanas, igualmente sem aviso.
No site (um mimo de concepção...), a série foi escondida nas profundezas. Quem tarde o percebeu pode ir procurar a série no universo "pirata" da internet, que parece estar lá quase toda, ou pagá-la, se conseguir lá chegar, para a ver em "streaming". Ou esperar pelo respectivo DVD daqui a algum tempo.
Quase ao mesmo tempo, a Fox suspendeu "Gotham".
Não se sabe porquê mas numa revista dedicada à programação televisiva afirma-se que o desaparecimento desta série correspondia ao intervalo da primeira temporada nos EUA. É mentira: "Gotham" tem estado a ser transmitida semanalmente.
No AXN, a interessante série "Arrow" (um êxito nos EUA, e não apenas para o público dos "jovens adultos", o que é sugestivo) reapareceu, na sua terceira temporada, quase escondida. A série "The Flash" (que põe em cena o Flash, um dos super-heróis da DC, como "Arrow" põe em cena o Arqueiro Verde), que se cruza com "Arrow" e que também foi um êxito, nem se cheira. Não existe, para o AXN português. 
Era bem melhor que fossem vender batatas...




"American Horror Story" e "Arrow": não sabem o que é, não perceberam,
talvez nem tenham visto, provavelmente nem saberão ler...
 

domingo, 18 de janeiro de 2015

Até contra eles próprios conseguem ser incompetentes!

 
Já escrevi aqui sobre a inutilidade dos orçamentos privativos, pelo menos em Caldas da Rainha, onde só servem para tapar os muitos buracos que a incompetência municipal vai deixando a descoberto em termos de planeamento.
A essa inutilidade, hostil aos projectos realmente sociais que não estão nas obrigações da Câmara Municipal e das juntas de freguesia, junta-se a revelação da sua impraticabilidade: segundo noticia a "Gazeta das Caldas", dos 13 projectos dos orçamentos participativos aprovados para 2013 e para 2014 só três é que estão, em termos oficiais, "praticamente concluídos".
Ou seja, este poder autárquico que soube tornar reféns seus os orçamentos participativos nem sabe depois levá-los à prática.
Até nisto, que só a favoreceria, a "nova dinâmica" do PSD caldense consegue mostrar-se incompetente!
 
 
Não se arranjam uns trocos no orçamento privativo para um cursilho de boa gestão municipal?
 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Como a "Gazeta" demitiu a ministra da Justiça

A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, já deve ter apresentado neste momento a sua evidente demissão ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, já deve estar a preparar-se para se justificar copiosamente à Assembleia da República e nas televisões e consta também que acabou de sair do Ministério da Justiça o director do jornal regional caldense "Gazeta das Caldas", chamado pela ministra de emergência a Lisboa que lhe quis dar uma justificação, em primeiríssima mão, reconhecendo assim a sapiência, a presciência, a capacidade política e a objectividade de raciocínio de José Luiz de Almeida Silva, para quem o Chefe do Estado prepara uma inevitável comenda e um obrigatório convite para o Conselho de Estado.
Tudo isto porque o excelentíssimo director da "Gazeta" demitiu hoje, para todo o sempre, a ora ex-ministra da Justiça, ao proclamar nesta edição, e de uma postura ainda mais alcandorada do que o professor Marcelo, o comendador Mendes, o misericordioso Santana e o venerando Soares, que "não lhe reconhece capacidade para gerir" o Ministério da Justiça, frase lapidar que só pode, vinda de quem vem, liquidar um ministro, um primeiro-ministro, um Chefe de Estado, de Portugal ou mesmo de qualquer país, seja ele qual for.
É, sem a menor dúvida, uma manhã de agitação na política nacional.
Mas nas gloriosas catacumbas do seu parque de estacionamento (que imortalizará para sempre a cidade-Estado de Caldas da Rainha), o precioso presidente da Câmara Municipal rebola-se de satisfação por ter do seu lado uma personalidade tão influente, capaz de demitir ministras e de ajudar tanto presidentes camarários que, não demonstrando "capacidade" para cumprir prazos, mostra ter "capacidade" para, mesmo retrospectivamente, transformar a capital do seu pequeno império na melhor cidade em versão pescada: antes de o ser já o era.

 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Gato escondido com o rabo de fora

O título da notícia da "Gazeta das Caldas", taxativamente afirmativo, é este: "Caldas está no pódio dos concelhos com melhor qualidade de vida no Oeste e no distrito"
Mas no terceiro lugar, com base num "ranking" de um portal imobiliário.
E esse ranking, por sua vez, que base tem? Alguma verificação directa? Qualquer tipo de estudo de opinião? E qual é a sua actualidade?
As primeiras respostas são fáceis mas a segunda, seguindo a notícia, é impossível.
As informações que fundamentaram a notícia do portal imobiliário, situado no Porto, e da "Gazeta" caldense foram retiradas do portal de dados Pordata e do Instituto Nacional de Estatística e referem-se a "Bancos e outros serviços, Comunidade e Segurança, Cultura e Entretenimento, Hospitais e Farmácias, Escolas e Creches, e Lojas e Restaurantes", "factores como os índices da taxa de mortalidade, rendimento 'per capita', criminalidade, taxa de abandono escolar e número de pessoas abaixo do limiar de pobreza" e escolas a que foram atribuídas... estrelas.
Segundo a "Gazeta", o concelho de Caldas da Rainha "notabiliza-se neste ranking" por, numa escala de 5, chegar aos 2,96.
Ainda segundo a "Gazeta", à frente de Caldas da Rainha "classificaram-se no distrito de Leiria os concelhos da Batalha, com uma classificação de 3,25, e Leiria com nota de 3,35 pontos. Segundo o estudo, os piores locais para viver no distrito são as zonas do interior norte. Os concelhos de Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra e Pedrógão Grande obtiveram todos classificações abaixo dos 2 pontos. Já na região Oeste as diferenças são mais curtas. À frente das Caldas ficaram Arruda dos Vinhos, com nota 3, e Torres Vedras com 3,05. Alcobaça é, segundo a Zizabi, o quarto melhor concelho do Oeste para viver, com nota 2,71. Seguem-se Peniche (2,67), Lourinhã e Sobral do Monte de Agraço (2,65), Nazaré (2,55), Óbidos e Alenquer (2,45), Bombarral (2,4) e Cadaval (2,11)."
Isto pode ser muito interessante mas a notícia começa a transformar-se em qualquer coisa que é tudo menos notícia quando se atende a três pormenores:
 
- apesar de citadas as fontes (Pordata, INE), não se conhecem as qualificações de quem, no portal imobiliário (com o nome bizarro de Zizabi) organizou as conclusões nem, verdadeiramente, a metodologia empregue;
- ignoram-se as datas a que se referem os elementos recolhidos, que podem alterar praticamente todos os indicadores;
- a fotografia que ilustra a notícia é de uma rua que tanto pode ser de Caldas da Rainha como de Lisboa mas onde não falha... o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha!
 
E é aqui que a porca torce o rabo ou, melhor, sai da sombra o rabo do gato escondido.
Porque, como obviamente a "Gazeta" não pode ignorar, a conjugação do título "Caldas está no pódio dos concelhos com melhor qualidade de vida no Oeste e no distrito" com a ausência de elementos factuais sobre os dados recolhidos e a fotografia do ora presidente da Câmara serve para afirmar apenas uma coisa: "Caldas está no pódio dos concelhos com melhor qualidade de vida no Oeste e no distrito"... graças ao actual presidente!
Como manobra demagógica e condicionadora de opiniões não está mal. Podia era ter um pouco mais de solidez para conseguir ser credível...
 
 


Só lhe falta dizer, das profundezas
do magnífico estacionamento subterrâneo:
 "L'état c'est moi"




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Woody Allen dá uma ajuda


Woody Allen não foi o primeiro dos cineastas de maior relevo a voltar-se para a televisão (a convite da Amazon Studios) e, antes dele, já Martin Scorsese e Steven Soderbergh o tinham feito com, respectivamente, "Boardwalk Empire" e "The Knick".
Só que esta boa jogada de marketing da Amazon Studios, graças à fama de Woody Allen (que irá, muito provavelmente, levar alguns dos seus temas de "comédia" para essa série que tem o formato dos episódios de 30 minutos de comédia), chamou mais uma vez a atenção para a importância cada vez maior da televisão em termos de ficção audiovisual.
Por cá, onde pouca gente o tem percebido (dos canais da TV por cabo à imprensa, passando pelos produtores que insistem no vira-o-disco-e-toca-o-mesmo das "telenovelas"), já se vai notando que há alguma coisa de diferente pelo pequeno ecrã. Andando eu a escrever sobre o assunto há tanto tempo, não posso deixar de ficar satisfeito por uma peça como esta que saiu no "Observador", apesar do desajustado ponto de interrogação: "As séries dominaram o ano de 2014. A 'Idade de Ouro' da televisão continua em 2015?". Mas mais vale tarde do que nunca, claro.
 
 
 
 
"The Wire": onde tudo, de certa forma, começou...
 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Que é feito da "rota bordaliana"?

 
Anunciada em 5 de Julho do ano passado, com a inauguração da melancólica Fonte das Rãs numa rotunda inútil com o pavimento transformado numa manta de retalhos de tampas de esgotos, a "rota bordaliana" do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha tarda em revelar-se.
Parece "amarrada" às desastradas obras milionárias da degeneração urbana, que já furaram todos os prazos, mas nada mais se soube, ou se viu, desde há seis meses.
Não se sabe porquê, claro, mas o que tem vigorado é a confirmação do princípio de que tudo corre mal se houver a possibilidade mínima de alguma coisa correr mal...



As tampas dos esgotos, que continuam tão destacadas, serão bordalianas?...

domingo, 11 de janeiro de 2015

Vida cansativa




A da J.

Porquê?


 
 
Até pode ser que haja algum motivo (religioso, político, meteorológico, ignorância geográfica, falta de vergonha?...) para lá da pura e simples incompetência, que já se tornou a imagem de marca da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, mas não se compreende porque é que o terreno baldio diante do Centro Desportivo de Caldas da Rainha não é transformado numa zona verde aprazível, continuando a oferecer este aspecto miserável e abandonado a quem por ele passa, aos caldenses e a quem visita as instalações desportivas.

É giro mas não chega

 
As "manifs" são bonitas e até são uma das tradições mais valiosas da liberdade de expressão do Ocidente mas não servem para combater o terrorismo.
Nem tão pouco a capacidade de resposta das forças policiais depois de cometidos os crimes.
 
 

sábado, 10 de janeiro de 2015

Mas alguém acredita...

 
... que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha (pelo menos enquanto se mantiver controlada por um PSD absurdamente incompetente) consegue gerir e explorar, com resultados positivos, um hospital termal, um balneário, a água mineral natural e um parque urbano com edifícios num estado de degradação terminal?! E isto durante 50 anos?!
O Estado, através da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, achou que sim e deve ter também concordado com a entrega da coisa para se livrar da maçada dispendiosa de nela investir os indispensáveis milhões.
Para os gestores da Câmara Municipal é mais um empreendimento de encher o olho mas, à luz do que tem acontecido com as obras de degeneração urbana, nada de bom se pode esperar.
É certo que a Assembleia Municipal, com os votos da maioria PSD e algumas abstenções bem intencionadas, apoiou a Câmara nesta matéria. E, provavelmente, vai voltar a fazê-lo.
Mas a oposição (sobretudo o PS, o CDS e o PS) devia, numa matéria tão sensível como esta, perceber se quer mesmo dar "carta branca" a uma gestão municipal que é incapaz de pintar passadeiras de peões ou, em alternativa, organizar-se para, no futuro, pôr gente competente na Câmara Municipal de Caldas da Rainha.



Querem mesmo entregar-lhes a gestão das termas de Caldas da Rainha?!

Uma treta, um embuste e uma fralda

Escrevi aqui, justificando-o, que o Orçamento Participativo de Caldas da Rainha não passava de uma treta.
A decisão final quanto ao uso a dar aos 150 mil euros magnanimamente oferecidos pela Câmara Municipal para a coisa, agora conhecida, confirma-o: bicicletas para a população usar, placas com "sinaléctica bordaliana" (a propósito: que é feito da "rota bordaliana"?), "percursos acessíveis" para deficientes motores e um parque de merendas.
Tudo isto cabe nas atribuições de uma câmara municipal, e sobretudo de uma câmara municipal que gasta milhões de euros em obras faraónicas (sem sequer conseguir cuidar das passadeiras de peões...).
Nada disto devia utilizar o dinheiro do Orçamento Participativo, que devia, isso sim, ser canalizado para iniciativas e propostas que não coubessem nas atribuições camarárias. Só que, infelizmente, essas iniciativas e propostas foram desprezadas e rejeitadas.
O Orçamento Participativo é por isso também um embuste (porque o dinheiro vai servir para cobrir obrigações camarárias) e, de certo modo, uma fralda (porque serve para absorver o desinteresse da Câmara Municipal de Caldas da Rainha relativamente aos cidadãos e ao concelho).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Porque não gosto dos CTT (89): os nossos "dias úteis" são os dias de férias deles...

Não houve distribuição de correspondência pelos CTT na zona onde resido (uma freguesia de Caldas da rainha) nos dias 26 (sexta-feira), 29 (segunda-feira), 30 (terça-feira) e 31 de Dezembro de 2014 (quarta-feira, sendo a única excepção um jornal regional) e nos dias 2 (sexta-feira, sendo a única excepção um jornal regional), 5 (segunda-feira) e 6 (terça-feira) de Janeiro de 2015.
Foram, entre os dias 24 de Dezembro (houve correio) e 7 de Janeiro (voltou a haver distribuição de correspondência), sete (7) dias ditos “úteis”.
 
Ontem, dia 7, foi-me entregue a seguinte correspondência:
- carta de um banco com data de envio de 15/12/14
- carta de outra empresa prestadora de serviços com data de carimbo de correio de 23/12/14
- carta de uma companhia de seguros com data de envio de 26/12/14
- carta de uma companhia de seguros com data de envio de 27/12/14 e com um aviso de pagamento com data-limite de 8/01/15
- carta de outra empresa prestadora de serviços com data de envio de 28/12/14.
 
Isto significa que a empresa CTT reteve correspondência durante (pelo menos) quinze (15) dias, sem a ter entregue ao destinatário.
Como é que se explica que durante sete (7) dias úteis a empresa CTT, de serviço público, não distribua correspondência, à excepção de dois jornais regionais (que, por acaso, se têm referido ao mau serviço da empresa CTT, que os prejudica e aos seus assinantes)?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A democracia tem de defender-se dos seus inimigos


O Ocidente não se mostrou muito impressionado pelo facto de, lá longe, andarem a degolar alguns dos seus.
Hoje, o terror chegou mais longe, ao próprio berço histórico da "Liberté, égalité, fraternité".
Sem ter a dimensão do 11 de Setembro, o que hoje aconteceu em Paris tem uma expressão simbólica igualmente fortíssima: o ataque homicida a um jornal também histórico, o "Charlie Hebdo", que, já nem se sabe há quantos anos, exerceu o seu direito à liberdade de expressão e publicou caricaturas onde figurava Maomé.
A liberdade de expressão inerente à democracia permitiu por exemplo que, em 1971, o desenhador francês Cavanna (da mesma escola do "Charlie Hebdo"), escrevesse e em parte ilustrasse um divertido e impertinente álbum intitulado "Les Aventures de Dieu". Ninguém disparou a matar contra o seu autor e o seu editor.
A democracia tem de defender-se dos seus inimigos e, para ser eficaz, terá, mais tarde ou mais cedo, de usar as mesmas armas dos seus inimigos.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O meu "ranking" actualizado das melhores séries de TV (2015)


As melhores
 
Breaking Bad (EUA, 2008)
Deadwood (EUA, 2004)
Forbrydelsen/The Killing (Dinamarca, 2007)
Game of Thrones (EUA, 2011)
The Sopranos (EUA, 1999)
Treme (EUA, 2010)
True Detective (EUA, 2014)
The Wire (EUA, 2002)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quase tão boas como as melhores
 
Boss (EUA, 2011)
Damages (Sem Escrúpulos, EUA, 2007)
Engrenages (França, 2005)
ER (Serviço de Urgência, EUA, 1994)
Happy Valley (Reino Unido, 2014)
House M.D. (EUA, 2004)
House of Cards (EUA, 2013)
The Knick (EUA, 2014)
The Newsroom (EUA, 2012)
Orange is the New Black (EUA, 2013)
Rome (Roma, EUA - Reino Unido, 2005)
Six Feet Under (Sete Palmos de Terra, EUA, 2001)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muito boas
 

Boardwalk Empire (EUA, 2010)
Borgen (Dinamarca, 2010)
Braquo (França, 2009)
Bron/Broen (Dinamarca - Suécia, 2011) 
The Good Wife (EUA, 2009)
Justified (EUA, 2010)
Mad Men (EUA, 2007)
NCIS (Investigação Criminal, EUA, 2003)
Southland (EUA, 2009)
Top of the Lake (Margens do Paraíso, Nova Zelândia, 2013)
Vikings (Reino Unido - Canadá, 2013)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ver
 
American Horror Story (2011)
Arrow (EUA, 2012)
Downton Abbey (Reino Unido, 2010)
Gotham (EUA, 2014)
Sherlock (Reino Unido, 2010)
The Flash(EUA, 2014)
The Walking Dead (EUA, 2010)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas:
1. Esta nota actualiza a que publiquei em Novembro de 2013 aqui.
2. Todas as séries citadas foram vistas por mim, por intermédio de um serviço de TV por cabo ou de edições em DVD que comprei legitimamente e escrevi sobre quase todas neste blogue. Não indico aqui séries que não tenha visto.
3. Este "ranking" tem a seguinte equivalência em estrelas: As melhores - *****; Quase tão boas como as melhores - ****; Muito boas - ***1/2; A ver - ***.
4. Relativamente a Novembro de 2013 houve mudanças de divisão devido aos desenvolvimentos de algumas e ao fim de outras.
5. Os anos indicados referem-se aos anos de início de cada série.
6. No canto superior esquerdo deste blogue há um pequeno espaço em branco com uma lupa estilizada onde o leitor poderá inscrever o título da série e ver o que escrevi sobre ela.
7. O site International Movie Database (www.imdb.com) fornece (quase) todos os pormenores sobre cada uma delas. 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

"A Cidade do Medo" na Roda dos Livros

"(...) O importante são os porquês, os meandros da política, a corrupção, os interesses, as amizades. Um livro onde a ficção e a realidade se misturam e nos deixam ainda mais preocupados com a nossa realidade. Gostei imenso e ainda bem que acabei por ler este livro. Tão bom ler-se um policial nosso" - palavras simpáticas numa apreciação muito interessante da autoria de Patrícia, no blogue Roda dos Livros., sobre o meu romance "A Cidade do Medo" (ed. Asa/Leya, 2010). O texto completo pode ser lido aqui.
 
 
 
 

domingo, 4 de janeiro de 2015

"Borgen" amanhã na RTP2

 
A série dinamarquesa de ficção política "Borgen", a que aqui me referi, começa a ser apresentada amanhã, segunda-feira, à noite pela RTP2. Recomendo.
 
 
 
 
 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O pior e o melhor de 2014 em Caldas da Rainha


O pior










O presidente incumpridor


A cidade de Caldas da Rainha experimentou, com o presidente camarário eleito em Setembro de 2013, o que todo o concelho já vivia desde muito antes: obras que parecem ter sido concebidas, e executadas, de qualquer maneira, onde aparentemente ganham mais com elas as empresas que as fazem (e que nunca são penalizadas pelo que não fazem e deviam fazer) do que a população. A Câmara Municipal conseguiu prejudicar residentes e comerciantes, hostilizar visitantes, inviabilizar vias de circulação, deixar que todas as obras se atrasassem e desperdiçar dinheiro em empreitadas que servem para encher o olho em vez de cuidar do que realmente interessa. Como a repintura das passadeiras de peões, por exemplo. O presidente da Câmara, um diplomado da Universidade Autónoma que o "dinossauro" Fernando Costa foi retirar dos alfobres municipais, foi prometendo sempre o cumprimento de prazos enquanto ia deixando que as promessas desaparecessem da "nova dinâmica" das obras que só por ironia se podem chamar de "regeneração" urbana. Do que gosta é de ficar nas fotografias. Quanto ao resto...



















A porcaria


Caldas da Rainha é um concelho sujo. Despeja-se o lixo para o chão, penduram-se anúncios de plástico nas árvores e nos postes, que depois ficam a apodrecer. Na própria cidade reinam os velhos contentores verdes, bem emporcalhados, mesmo em ruas sujeitas às tais obras de encher o olho. A Lagoa de Óbidos transforma-se, a cada verão, num vazadouro a céu aberto onde há de tudo: os detritos e os excrementos dos caravanistas selvagens e mobiliário velho. Onde a fiscalização não chega (e quem manda, centralmente, está-se nas tintas) seria conveniente que vigorasse o civismo. Mas também não é de cima que vêm os bons exemplos: a " mensagem" transmitida pelos caixotes de lixo verdes numa cidade-estaleiro é a de que vale tudo. A começar pela porcaria.









O PCP

 
Se o PCP dedicasse aos problemas do concelho de Caldas da Rainha um décimo do esforço que, em vão, investiu na saída da Troika e no derrube do "governo de direita", as circunstâncias haviam decerto de serem melhores. Mas não é isso que acontece. As intervenções do PCP em Caldas da Rainha são acompanhadas pela gritaria que serve para ganhar títulos na imprensa nacional mas os problemas locais passam-lhes à margem. Acampam na Lagoa de Óbidos para exigir o fim do "pacto de agressão" e saudar as greves dos transportes públicos de Lisboa mas não ligam ao seu assoreamento ou à porcaria que se acumula no local. O PCP é um aliado objectivo da "política de direita" do PSD caldense, a começar pelo desinteresse e acabar pelos votos contra as baixas de impostos no concelho.



O melhor







Sinais de esperança


A entrada em cena do Movimento Viver o Concelho nas eleições autárquicas de 2013, apesar das suas hesitações, obrigou o PS e o CDS a "chegarem-se à frente" e a quebrarem a regra vigente na oposição concelhia de que era suficiente fazer apenas "prova de vida" entre as várias eleições autárquicas. Os dois partidos já se fizeram ouvir mais vezes, apesar de parecerem ter ainda dificuldade em distanciarem-se da gestão camarária do PSD caldense. E é de esperar que assim continuem. Sobretudo quando se percebe que seria objectivamente possível uma convergência efectiva, em torno de questões concretas, entre o PS, o MVC e o CDS, o que poderia ajudar o concelho de Caldas da Rainha a sair do "pântano" multifacetado onde os herdeiros de Fernando Costa o mergulharam.











Capacidade de resistência



Num concelho cuja capital deixou de ser convidativa para os turistas, e onde a elite política se fechou ao exterior, há quem continue a resistir contra todas as dificuldades. No centro da cidade, a papelaria Vogal sobreviveu às obras, diversificou a oferta e ligou-se mais à população. Noutro ponto da cidade, na zona nevrálgica do abandonado Parque D. Carlos I, a pastelaria Machado continua a fazer pela vida, quase perdida numa rua (a Rua de Camões) a que as obras municipais deram o golpe de misericórdia. Em Salir do Porto, uma zona virada ao Atlântico que tem todas as potencialidades turísticas que qualquer localidade ambiciona ter e a que a capital do concelho também virou costas, resiste o restaurante Naco na Pedra. São apenas três bons exemplos de capacidade de resistência e de afirmação pela positiva, que mostram a força que pode ter a iniciativa privada mesmo quando o Estado (neste caso, uma Câmara Municipal hostil e incompetente) em nada ajuda.


















Junta de Freguesia da Foz do Arelho


A verdadeira dinâmica autárquica é esta: ser capaz de ir avançando, com pequenos e grandes passos, das iniciativas populares (como a limpeza da praia) à delimitação geográfica da zona do cais para impedir o estacionamento das caravanas. A nova Junta de Freguesia da Foz do Arelho saída das eleições de 2013 tem demonstrado o que pode ser feito com capacidade de iniciativa, dinamismo e acompanhamento directo das situações. A Câmara Municipal e as restantes juntas de freguesia (mesmo aquelas da cidade que foram "engordadas" com a anexação idiota de freguesias rurais) bem podem pôr os olhos no que aqui se vai fazendo.