A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, já deve ter apresentado neste momento a sua evidente demissão ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, já deve estar a preparar-se para se justificar copiosamente à Assembleia da República e nas televisões e consta também que acabou de sair do Ministério da Justiça o director do jornal regional caldense "Gazeta das Caldas", chamado pela ministra de emergência a Lisboa que lhe quis dar uma justificação, em primeiríssima mão, reconhecendo assim a sapiência, a presciência, a capacidade política e a objectividade de raciocínio de José Luiz de Almeida Silva, para quem o Chefe do Estado prepara uma inevitável comenda e um obrigatório convite para o Conselho de Estado.
Tudo isto porque o excelentíssimo director da "Gazeta" demitiu hoje, para todo o sempre, a ora ex-ministra da Justiça, ao proclamar nesta edição, e de uma postura ainda mais alcandorada do que o professor Marcelo, o comendador Mendes, o misericordioso Santana e o venerando Soares, que "não lhe reconhece capacidade para gerir" o Ministério da Justiça, frase lapidar que só pode, vinda de quem vem, liquidar um ministro, um primeiro-ministro, um Chefe de Estado, de Portugal ou mesmo de qualquer país, seja ele qual for.
É, sem a menor dúvida, uma manhã de agitação na política nacional.
Mas nas gloriosas catacumbas do seu parque de estacionamento (que imortalizará para sempre a cidade-Estado de Caldas da Rainha), o precioso presidente da Câmara Municipal rebola-se de satisfação por ter do seu lado uma personalidade tão influente, capaz de demitir ministras e de ajudar tanto presidentes camarários que, não demonstrando "capacidade" para cumprir prazos, mostra ter "capacidade" para, mesmo retrospectivamente, transformar a capital do seu pequeno império na melhor cidade em versão pescada: antes de o ser já o era.
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