A cidade de Caldas da Rainha não tem um problema de estacionamento. Nem o tinha, sequer.
Pela minha própria experiência nunca precisei de andar mais do que dez minutos às voltas para encontrar onde estacionar na zona do centro da cidade e, que me lembre, só recorri uma vez a um parque pago e apenas por minutos.
Até agora, a capital do concelho de Caldas da Rainha, e com acesso directo ao centro numa distância que varia e cujo tempo de deslocação a pé varia também entre os três ou quatro minutos e os dez minutos, ou menos, dispunha de um parque coberto e pago (Centro Cultural e de Congressos), ao ar livre e pago (Montepio Rainha D. Leonor) e de um parque num enorme terreno livre que não é pago. Nas ruas próximas do centro, a dificuldade em arranjar lugar era também variável e os parquímetros não funcionavam.
A Praça 25 de Abril (com a Câmara Municipal, as Finanças e o Tribunal), com estacionamento mais ou menos desordenado à volta da sua zona central circular ajardinada, podia ser um problema.
Mas bastaria restringir ou interditar o estacionamento nessa rotunda para reduzir a presença dos veículos no local.
Como se viu, com as obras que arrasaram a praça, esse estacionamento nem fazia falta.
E note-se que é considerável o movimento automóvel na cidade, o que também tem a ver com o facto de muitas pessoas que trabalham em zonas centrais da capital do concelho viverem na periferia e usarem carro próprio como transporte.
É por isso que a decisão de construir um enorme parque subterrâneo na Praça 25 de Abril é perfeitamente absurda e inútil. Mais a mais, tratando-se de um parque pago porque, não havendo falta de estacionamento grátis, quem é que vai pagar para ir lá meter o carro, por exemplo, durante as horas em que está a trabalhar?
Esta obra, que parece estar perto do fim e que se prolongou por muito mais de um ano, furando todos os prazos sem que os respectivos construtores fossem chamados à responsabilidade e sem que a Câmara Municipal prestasse contas, não é só inútil.
É típica de uma gestão urbana que não sabe onde gastar o dinheiro, que prefere as grandes obras de fachada (e que tal um aeroporto? Ou uma universidade? Ou um estádio olímpico?...), que só pensa na imagem e que pouco mais vê além do próprio umbigo.
É pouco provável que haja muitos presidentes de câmaras municipais que transformem a construção de um estacionamento inútil na grande obra do seu reinado. Mas este presidente, que cultiva tanto a imagem, foi o que fez.
Esqueçam Bordallo, os falos, a cerâmica ou a Lagoa de Óbidos. Porque talvez um buraco no solo, por acaso com estacionamento lá em baixo, seja a melhor imagem de marca para o concelho de Caldas da Rainha, a partir de agora.
|
Sem comentários:
Enviar um comentário