sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O pior e o melhor de 2014 em Caldas da Rainha


O pior










O presidente incumpridor


A cidade de Caldas da Rainha experimentou, com o presidente camarário eleito em Setembro de 2013, o que todo o concelho já vivia desde muito antes: obras que parecem ter sido concebidas, e executadas, de qualquer maneira, onde aparentemente ganham mais com elas as empresas que as fazem (e que nunca são penalizadas pelo que não fazem e deviam fazer) do que a população. A Câmara Municipal conseguiu prejudicar residentes e comerciantes, hostilizar visitantes, inviabilizar vias de circulação, deixar que todas as obras se atrasassem e desperdiçar dinheiro em empreitadas que servem para encher o olho em vez de cuidar do que realmente interessa. Como a repintura das passadeiras de peões, por exemplo. O presidente da Câmara, um diplomado da Universidade Autónoma que o "dinossauro" Fernando Costa foi retirar dos alfobres municipais, foi prometendo sempre o cumprimento de prazos enquanto ia deixando que as promessas desaparecessem da "nova dinâmica" das obras que só por ironia se podem chamar de "regeneração" urbana. Do que gosta é de ficar nas fotografias. Quanto ao resto...



















A porcaria


Caldas da Rainha é um concelho sujo. Despeja-se o lixo para o chão, penduram-se anúncios de plástico nas árvores e nos postes, que depois ficam a apodrecer. Na própria cidade reinam os velhos contentores verdes, bem emporcalhados, mesmo em ruas sujeitas às tais obras de encher o olho. A Lagoa de Óbidos transforma-se, a cada verão, num vazadouro a céu aberto onde há de tudo: os detritos e os excrementos dos caravanistas selvagens e mobiliário velho. Onde a fiscalização não chega (e quem manda, centralmente, está-se nas tintas) seria conveniente que vigorasse o civismo. Mas também não é de cima que vêm os bons exemplos: a " mensagem" transmitida pelos caixotes de lixo verdes numa cidade-estaleiro é a de que vale tudo. A começar pela porcaria.









O PCP

 
Se o PCP dedicasse aos problemas do concelho de Caldas da Rainha um décimo do esforço que, em vão, investiu na saída da Troika e no derrube do "governo de direita", as circunstâncias haviam decerto de serem melhores. Mas não é isso que acontece. As intervenções do PCP em Caldas da Rainha são acompanhadas pela gritaria que serve para ganhar títulos na imprensa nacional mas os problemas locais passam-lhes à margem. Acampam na Lagoa de Óbidos para exigir o fim do "pacto de agressão" e saudar as greves dos transportes públicos de Lisboa mas não ligam ao seu assoreamento ou à porcaria que se acumula no local. O PCP é um aliado objectivo da "política de direita" do PSD caldense, a começar pelo desinteresse e acabar pelos votos contra as baixas de impostos no concelho.



O melhor







Sinais de esperança


A entrada em cena do Movimento Viver o Concelho nas eleições autárquicas de 2013, apesar das suas hesitações, obrigou o PS e o CDS a "chegarem-se à frente" e a quebrarem a regra vigente na oposição concelhia de que era suficiente fazer apenas "prova de vida" entre as várias eleições autárquicas. Os dois partidos já se fizeram ouvir mais vezes, apesar de parecerem ter ainda dificuldade em distanciarem-se da gestão camarária do PSD caldense. E é de esperar que assim continuem. Sobretudo quando se percebe que seria objectivamente possível uma convergência efectiva, em torno de questões concretas, entre o PS, o MVC e o CDS, o que poderia ajudar o concelho de Caldas da Rainha a sair do "pântano" multifacetado onde os herdeiros de Fernando Costa o mergulharam.











Capacidade de resistência



Num concelho cuja capital deixou de ser convidativa para os turistas, e onde a elite política se fechou ao exterior, há quem continue a resistir contra todas as dificuldades. No centro da cidade, a papelaria Vogal sobreviveu às obras, diversificou a oferta e ligou-se mais à população. Noutro ponto da cidade, na zona nevrálgica do abandonado Parque D. Carlos I, a pastelaria Machado continua a fazer pela vida, quase perdida numa rua (a Rua de Camões) a que as obras municipais deram o golpe de misericórdia. Em Salir do Porto, uma zona virada ao Atlântico que tem todas as potencialidades turísticas que qualquer localidade ambiciona ter e a que a capital do concelho também virou costas, resiste o restaurante Naco na Pedra. São apenas três bons exemplos de capacidade de resistência e de afirmação pela positiva, que mostram a força que pode ter a iniciativa privada mesmo quando o Estado (neste caso, uma Câmara Municipal hostil e incompetente) em nada ajuda.


















Junta de Freguesia da Foz do Arelho


A verdadeira dinâmica autárquica é esta: ser capaz de ir avançando, com pequenos e grandes passos, das iniciativas populares (como a limpeza da praia) à delimitação geográfica da zona do cais para impedir o estacionamento das caravanas. A nova Junta de Freguesia da Foz do Arelho saída das eleições de 2013 tem demonstrado o que pode ser feito com capacidade de iniciativa, dinamismo e acompanhamento directo das situações. A Câmara Municipal e as restantes juntas de freguesia (mesmo aquelas da cidade que foram "engordadas" com a anexação idiota de freguesias rurais) bem podem pôr os olhos no que aqui se vai fazendo.






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