O Ocidente não se mostrou muito impressionado pelo facto de, lá longe, andarem a degolar alguns dos seus.
Hoje, o terror chegou mais longe, ao próprio berço histórico da "Liberté, égalité, fraternité".
Sem ter a dimensão do 11 de Setembro, o que hoje aconteceu em Paris tem uma expressão simbólica igualmente fortíssima: o ataque homicida a um jornal também histórico, o "Charlie Hebdo", que, já nem se sabe há quantos anos, exerceu o seu direito à liberdade de expressão e publicou caricaturas onde figurava Maomé.
A liberdade de expressão inerente à democracia permitiu por exemplo que, em 1971, o desenhador francês Cavanna (da mesma escola do "Charlie Hebdo"), escrevesse e em parte ilustrasse um divertido e impertinente álbum intitulado "Les Aventures de Dieu". Ninguém disparou a matar contra o seu autor e o seu editor.
A democracia tem de defender-se dos seus inimigos e, para ser eficaz, terá, mais tarde ou mais cedo, de usar as mesmas armas dos seus inimigos.
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