Não sou um purista da língua portuguesa e, pesando todas as diferenças, li com gosto Aquilino Ribeiro e José Saramago e as suas inovações em matéria de "conteúdo" e "forma". (E convém sempre dizer, até por ser verdade, que não concordo com o Acordo Ortográfico e que, nos meus escritos pessoais, não o aplico.)
Há coisas, no entanto, que continuo a achar idiotas, sobretudo por serem adaptações mal digeridas do inglês, preterirem palavras ou expressões portugueses até mais elegantes e resultarem, de certa forma, de fenómenos de moda (como o foram, nas suas épocas, expressões como "na medida em que" ou "é assim").
É o caso de "resiliência" (resistência, ou capacidade de resistência), "alegadamente" (pode sempre usar-se, por um exemplo, um cauteloso "terá", coisa com que nunca nenhum jornalista se deu mal), "detalhar" (pormenorizar) e do mais horrendo "panicar" que parece significar "entrar em pânico".
Há uma tendência portuguesa para "comer" bocados de palavras (que terá sido explicada por Agostinho da Silva pelo medo de falar abertamente, que foi uma das tristes heranças da Inquisição e do Estado Novo, e que parece ser característica do falar lisboeta) mas esta tendência pacóvia de adoptar estrangeirismos a esmo terá mais a ver com o facilitismo e com algum défice de discernimento.
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