O que é que se espera de uma empresa de segurança? Segurança, não é? Bom, a Securitas Direct Unipessoal Lda. fornece várias coisas mas segurança... nem por isso.
Eis a história, para ilustração pública.
Há cerca de ano e meio avariou-se um dos dispositivos do sistema de alarme, montado por esta empresa, na porta principal de minha casa. Com isto, a segurança da casa ficou, em grande medida, posta em causa. A reparação demorou duas semanas a fazer-se e foi preciso uma grande insistência da minha parte.
A Securitas Direct (SD) achou que devia compensar-me do seguinte modo: com um desconto de 0,50€ (sim: cinquenta cêntimos) relativamente a esta falha de segurança que não reparara em tempo. Seria, ao que parece, o custo do aparelho.
Não gostei da esmola e, para evitar mal-entendidos e surpresas, cancelei o débito directo que vigorava desde 2007. Com isto, a SD ficou sujeita ao envio da factura para eu a pagar.
Quase um ano depois, o débito directo que eu anulara foi estranhamente reactivado, no banco onde tenho conta e pela mesma SD.
Anulei-o, outra vez, de imediato. E, no banco, garantiram-me que estava anulado.
Mas, passado um mês, o débito directo a favor da SD ressuscitou.
Contra as minhas indicações e, aparentemente, tendo sido "furado" o controlo do próprio banco. Ou, dito de outro modo, tendo sido aparentemente "furados" os mecanismos de segurança do banco.
E o certo é que foi mesmo cobrado por débito directo o valor da factura desse mês, antes de eu me poder aperceber desta insólita falha de segurança.
O banco, no início, não soube explicar o que se passava. E eu tive de reclamar junto do Banco de Portugal para ter a resposta, habitual, de que tinha havido "problemas técnicos". O que não impede uma pergunta: como é que uma empresa de segurança consegue furar o controlo bancário da conta de um cliente?
A partir daí, (re)anulado o débito directo, e parece que de vez, a SD passou a ficar limitada ao envio das facturas.
Mas não lhe era suficiente. E começou então uma ofensiva de telefonemas e de SMS a exigir-me o pagamento... e, várias vezes, antes mesmo de a factura me chegar à caixa do correio.
Os telefonemas chegaram a ser sete e oito por dia e eu acabei por me aborrecer de vez e de mudar de empresa fornecedora. E este mês deixei de ser cliente da SD. Que, já de posse da minha carta a anular o contrato, se lembrou de avisar a GNR de que havia uma "intrusão" (quando o sistema de alarme foi desligado) e de voltar a telefonar-me, mesmo de madrugada.
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Nisto tudo há uma coisa que me faz alguma confusão: é o facto de nunca a SD me ter dirigido correspondência por escrito, preferindo sempre os telefonemas; nem mesmo quando os seus zelosos funcionários argumentaram que me tinha sido devolvido o valor do débito directo irregular, que na realidade nunca foi devolvido.
Só há duas explicações: ou a SD nem quer abordar esse episódio do débito directo ou, então, não há na empresa quem saiba escrever. É uma estranha iliteracia: sabem fazer "ressuscitar" um débito directo anulado pelo cliente e pelo banco em que o cliente confia mas depois não me sabem escrever uma carta.
Uma empresa de segurança destas transmite alguma segurança? Claro que não.
Nota 1: Informa-me a Securitas - Serviços e Tecnologia de Segurança, S.A., através de e-mail, que as duas empresas (esta e a Securitas Direct Unipessoal, a que o texto inteiramente se refere) "são empresas totalmente distintas juridicamente, não existindo qualquer relação societária, operacional, legal ou empresarial, entre ambas", informação que agradeço e que, dizendo respeito a esta nota, aqui reproduzo.
Nota 2: Não há mesmo outra conclusão a tirar - trata-se de gente que não dá mostras de saber ler nem de saber escrever. Só surpreende que ainda haja quem vá na conversa e lhes entregue a segurança dos seus bens. Um dia pode haver surpresas...