Um apontamento que publiquei hoje sobre a pirataria num grupo do Facebook (Grupo de Livrólicos Anónimos) com o título "Não querem roubar os autores, pois não?":
Quem escreve uma história que depois vos chega às mãos, para lerem (em livro) ou verem (na televisão e no cinema) não o faz por caridade. É o seu trabalho e é a sua profissão e tem de ser remunerado por isso. (O seu investimento não é pagar para ser publicado, de uma forma ou de outra, mas dedicar-se à escrita e escrever.)
Essas pessoas (os autores) só são remuneradas se aquilo que escrevem for vendido. Ou seja, se o público pagar para ler ou ver a história.
É do público que, de uma forma ou de outra, depende também a remuneração de quem publica, de quem vende os livros, de quem revê, edita, pagina e traduz (no caso de obras estrangeiros). O mesmo se passa, na televisão e no cinema, com a remuneração de actores, realizadores, produtores, guionistas e todos os restantes técnicos que trabalharam para concretizar a obra filmada.
Ir "sacar" "à net" livros e filmes e séries de televisão é um acto que retira a remuneração aos que tornaram possível pôr à disposição do público - à vossa disposição - uma história. É por isso que, sem tremendismos, é correcto classificar esse acto como pirataria e como crime. A ninguém passa pela cabeça assaltar um autor para lhe roubar a carteira, pois não?
Choca-me, por isso, e como autor, ver como se considera (mesmo aqui, entre quem gosta de ler uma história e, parece-me, respeita os autores) que não é um roubo ir "sacar" "à net" séries de televisão, filmes ou mesmo livros. E quase sempre, aliás, em deficientes condições técnicas - como um livro sem algumas das suas páginas.
E o argumento, que já tenho visto ser utilizado, de a pessoa não ter dinheiro para comprar o livro, por exemplo, não colhe. Quantos de vós é que, não tendo carro próprio, foram roubar o carro a alguém para se deslocarem? E seriam capazes de o fazer?
Julgo que o Grupo dos Livrólicos Anónimos e os seus membros deviam pensar bem nisto e no modo como, em certos casos, podem estar, directa e indirectamente, a prejudicar os autores.
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