Aparentemente, mas por motivos que se desconhecem, o pretexto da Câmara Municipal de Caldas da Rainha para as obras que se prolongam há quatro meses na Avenida 1.º de Maio nesta cidade de alargar a zona pedonal da dita avenida parece ter convencido algumas boas almas, que olham para a coisa com alguma complacência e até alguma excitação, que me parece estranha..
Não consigo acompanhar o entusiasmo de quem vai na cantiga porque... o passeio que existia não servia?!
A Avenida 1.º de Maio, entre a Praça 25 de Abril (Câmara Municipal, Finanças, Tribunal e uma igreja) e a estação da CP (que já de pouco serve) tem pouco comércio .
Há pastelarias, já não há um banco que tinha multibanco (coisa que desapareceu do local), há pequenas lojas sectoriais e, claro, a Papelaria Vogal, inestimável, útil e sempre simpática. E uma farmácia e nenhuma loja chinesa.
O que existe de mais interessante, e que é capaz de atrair visitantes dispostos a andar a pé, está longe: o comércio em geral, a Praça da Fruta, restaurantes, pronto-a-vestir, oculistas, o Centro Cultural e de Congressos.
O alargamento da zona pedonal da Avenida 1.º de Maio, que é um verdadeiro luxo sumptuário nos nossos dias, não é mais do que um voto piedoso, uma expressão de vontade política que só pode querer mudar qualquer coisa de visível para deixar uma marca que, como sempre acontece em Portugal, tem de implicar o gasto de dinheiros públicos.
Nas muitas vezes em que, antes das obras, passei a pé na Avenida 1.º de Maio (onde havia estacionamento disponível e agora deixará de haver, ainda por cima), nunca vi movimento que justificasse o alargamento dos passeios.
É uma situação que me faz recordar o alargamento imbecil de passeios da rua onde morei, na Grande Lisboa, que só serviu para dificultar a circulação do trânsito.
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As obras em curso, que não parecem ter qualquer lógica económica racional, estão analisadas em pormenor num artigo de opinião de Mário Pacheco, engenheiro civil, publicado na "Gazeta das Caldas" na sua edição de 6 de Dezembro, com o título "Mais cidade? Não basta mais ruas calcetadas". Infelizmente, este artigo não está, como muitas outras coisas, disponível no site deste jornal.
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As dificuldades causadas pelas obras não chegam lá acima,
ao gabinete do presidente da Câmara |