quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

"Angola e Dinheiro", de Rui Verde: uma análise incisiva com sabor a reportagem




 
 
Rui Verde, doutorado em Direito, não padece do mal académico de muitos dos seus pares - não precisa de centenas de páginas para apresentar o seu ponto de vista, fazer a análise de uma situação específica e contar uma história verdadeira.
A sua tradição é anglo-saxónica e diz o que tem a dizer num número razoável de páginas que, em geral, se lêem bem e onde está tudo o que é essencial, com apontamentos do quotidiano que tornam a narrativa ainda mais interessante.
Foi assim em "O Processo 95385 - Como Sócrates e o poder político destruíram uma universidade"  e em "Helicópteros com Dinheiro - Sair do Euro, da Crise e Mudar o Estado" e é também o caso da sua terceira obra, "Angola e Dinheiro - Riscos da Transição do Regime Liderado por José Eduardo dos Santos" (Rui Costa Pinto Edições).
Recordando os seus contactos com as autoridades angolanas durante o projecto de criação da Universidade Independente de Angola (o autor foi vice-reitor da Universidade Independente, em Portugal), e as experiências no local (que descreve com vivacidade), Rui Verde faz uma descrição pormenorizada do regime político angolano, das suas personalidades e de todo o quadro económico-financeiro em que ele se move, referindo-se às ligações da elite angolana com Portugal e, finalmente, ao perigo de desmoronamento do sistema de poder.
A leitura é proveitosa... e preocupante. Quando tanto se fala de Angola, e o relacionamento entre os negócios portugueses e angolanos é tão abrangente (e tão discreto, parece), não convém nada ignorar esta obra.
Só que "Angola e Dinheiro" encontrou dificuldades no percurso para chegar à edição em livro. E parece agora rodeado por um manto de silêncio. Há gente com medo, aparentemente. Rui Verde e o editor Rui Costa Pinto parecem não o ter.

2 comentários:

Unknown disse...

Pelas noticias que tenho do Namibe jovens universitários contestam o Presidente em poemas com duras criticas. Será bom tentar fazer chegar este livro a eles?

Guilherme Morgado disse...

A ver se temos em atenção os duzentos mil compatriotas nossos que trabalham, vivem e ganham aquilo que em Portugal não ganham! Tudo me leva a crer (o mínimo que posso dizer) que continuamos ressabiados com o MPLA.