quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Costa, Ferreira e Oliveira - o Triângulo das Bermudas de Caldas da Rainha

Quando Fernando Costa indigitou Tinta Ferreira como seu sucessor na presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha fê-lo por mérito dele ou por exclusão de partes? A demora na decisão, que dividiu o PSD local, sugere que terá pesado a falta de alternativas.
Tinta Ferreira era seu vice-presidente, uma figura cinzenta de burocrata que não chegava a "éminence grise" e com um protagonismo público pouco entusiasmante.
A alternativa mais viável, para o PSD local, seria quem? Talvez o vereador Hugo Oliveira, com apoios em sectores mais jovens do PSD e maior visibilidade pública, que poderia querer introduzir uma ruptura suave com a gestão praticamente milenar de Costa.
A escolha de Tinta Ferreira teve depois o apoio de Hugo Oliveira (por dever de ofício, só?) mas o modo como nem se referiu ao resultado das eleições de 29 de Setembro e à vitória de Tinta Ferreira diz tudo.
Segundo relata José Rafael Nascimento, Tinta Ferreira, na sua tentativa de gestão do potencial desastre urbano que são as obras na cidade, já deu algumas "bicadas" à gestão de Fernando Costa. É natural que isso aconteça porque o novo presidente há-de querer mostrar que não é como o anterior e quer decerto deixar uma marca pessoal para o futuro ou, antes disso, garantir que é ele, de novo, o candidato do PSD nas próximas eleições, em 2017.
Só que, apesar de desterrado como vereador em Loures (onde anunciará a recuperação económica da respectiva câmara antes de 2017), Fernando Costa não perdeu a sua influência no PSD de Caldas da Rainha.
Ao contrário, continua a ser, desde o mês passado, presidente da Comissão Política Distrital de Leiria do PSD, tendo a tutela do PSD caldense durante os próximos dois anos do seu mandato partidário. Que talvez volte a ser renovado em 2015, dando-lhe tempo, espaço e ambiente para ser determinante na escolha do candidato do PSD caldense em 2017. Ou mesmo candidato, regressando em triunfo. Há quem o deseje, a começar, parece, por ele próprio.
Quanto a Hugo Oliveira, as eleições de 2017 abrem-lhe uma nova oportunidade. Mas, nessa perspectiva, terá de encontrar o equilíbrio entre a lealdade institucional que deve ao "seu" presidente, Tinta Ferreira, as suas ambições e Fernando Costa (que o preteriu nestas eleições).
A situação triangular deste PSD é tudo menos estável, a prazo. E obriga Oliveira e Ferreira a cuidarem tanto dos seus interesses como dos interesses do concelho.
Não é muito diferente do mítico Triângulo das Bermudas, onde tudo desaparece sem deixar rasto...

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O PSD e o Movimento Viver o Concelho (MVC) serão os dois protagonistas que terão tudo a ganhar... ou a perder, numa versão autárquica da lenda bíblica de Golias e de David. A estabilidade, a permanência e a intervenção transparente serão essenciais na maratona que conduz a essas eleições.
Como é costume, nos quatro anos entre cada acto eleitoral para as autarquias locais, os partidos do "status quo" retiraram-se do palco.
O BE, corrido da Assembleia Municipal, evaporou-se, mostrando que só por acaso foi relevante. O PS e o PCP voltaram às suas provas de vida periódicas. E o CDS, mantendo o mesmo regime de provas de vida, é a eterna Carochinha à espera de um João Ratão. À sua maneira, estes três partidos também formam um outro Triângulo das Bermudas, onde o que mais desaparece são os cabeças-de-lista.
 
 
 


Fernando Costa, Tinta Ferreira e Hugo Oliveira - "A Câmara sou eu", pensarão os três 
 

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