A sucessão de " casos" que terminaram (as condenações de Armando Vara e de Duarte Lima) e de outros que começaram (as suspeitas sobre Ricardo Salgado e José Sócrates), que corresponde ao funcionamento normal de um dos pilares do Estado de Direito (por coincidência depois de substituído um procurador-geral que ficará para sempre associado ao primeiro primeiro-ministro português detido por suspeitas de vários crimes económicos) abre um vazio quase "espiritual" na relação da população com os partidos políticos.
Enquanto os partidos das "franjas" (o CDS e o PCP) vão passando por entre os pingos, os mais afectados são os do "centrão", o PSD e o PS do "bloco central" de onde saem os governos.
E esse vazio, que precisa de ser corrigido em cada um dos partidos, transforma-se num "prato de Petri" onde medram todos os salvadores: o advogado que anda a saltitar à procura do poiso mais lucrativo, o ex-autarca que se transforma em pregador televisivo, o reitor que disse mal da austeridade, o presidente de câmara que de certeza quer vir a ser mais alguma coisa. E até às eleições legislativas de 2015, para já não falar nas presidenciais, ainda há de aparecer mais alguém.
Só que destes salvadores da Pátria verdadeiramente nada se sabe. O que se propõem realmente fazer não passa de "slogans" nem sempre bem escritos. E talvez seja por isso que conseguem arrastar seguidores, iludindo mesmo pessoas que não se pode dizer que sofram de iliteracia política.
O Estado de Direito, que até precisaria de uma constituição mais pragmática e menos doutrinária, sobreviverá e o sistema político parece suficientemente estabilizado para não favorecer os aventureiros. Mas há riscos.