Visitante ocasional de Lisboa, não consigo perceber o que fez a gestão municipal do PS e do "candidato do PS a primeiro-ministro" e ainda presidente da Câmara que mereça algum elogio.
A frente ribeirinha pode ser muito gira mas nem me atrevo passar de carro pela Avenida da Ribeira das Naus.
A Avenida da Liberdade é uma confusão.
Vejo agora mais estacionamento em segunda e até em terceira fila do que alguma vez vi.
E, numa zona onde crescem ervas no passeios sem que alguém as extermine, já me sinto tentado a estacionar em passagens de peões porque toda a gente o faz e sem qualquer tipo de problema. Quanto a dias de chuva... bom, nem pensar. Quem lá está que se deixe afundar no Tejo. Ou nos buracos.
É por essas e por outras que não percebo a relativa complacência com que parecem estar a ser recebidas as taxas de dormida e de entrada em Lisboa e que são, aliás, um péssimo indicativo para o que pode vir a fazer o actual presidente da Câmara de Lisboa se, para mal de todos os que não são obrigados a suportá-lo em Lisboa, chegar a primeiro-ministro.
Essas taxas correspondem exactamente à lógica do actual Governo, lançando impostos sobre tudo o que se mexe (e mesmo o que não se mexe), e numa perspectiva que nem é a do tiro ao alvo. É de descarga de metralhadora.
Vejamos: segundo se sabe, a taxa de entrada vai aplicar-se a quem chegue de avião e de barco.
Ou seja, a colecta vai "varrer" todos os que entram por aí, sejam os ricos dos cruzeiros ou os passageiros dos "low cost". Mas quem chegar a Lisboa de carro, de autocarro ou de comboio... não paga? A resposta parece óbvia: não há como cobrar a taxa. Por isso, vai-se pelo facilitismo: quem entra por mar ou por ar não poderá safar-se.
O mesmo se passará, noutra dimensão, com os alojamentos: e os campistas, os que vêm para casas particulares (com aluguer de alojamento clandestino ou alojamento totalmente particular) e... quem quiser, por absurdo, dormir ao relente. Ou, chegando de autocaravana, arranje um local sossegado para passar a noite.
A não ser que isto (que não parece ser mais do que uma medida desesperada de angariação de fundos para o município) seja a antecâmara de uma decisão que tem andado sempre na sombra: a instalação de portagens na capital e, mais do que simples portagens, um controlo apertado de quem entra e de quem sai. A pé, de carro, seja lá como for.
António Costa, que a "esquerda" recebe como uma espécie de César que depois do Rubicão das "primárias" quer conquistar São Bento, tem feito de Lisboa uma espécie de feudo pessoal.
E de uma forma exemplar como no caso das cheias: de longe, mais interessado no PS do que em Lisboa, atirou aos lisboetas que andavam praticamente com as calças na mão no meio da água, a versão urbana do "não têm pão, comam brioches". Ou seja: aguentem-se à bronca com a água, que não há nada a fazer.
Se é esta a sua lógica como presidente camarário em Lisboa, será natural que a transporte para o eventual cargo de primeiro-ministro. E que traga consigo a ideia das taxas tipo metralhadora.
E se a Lisboa só lhe vou sofrer os efeitos por obrigações pessoais ou profissionais, não gostaria de nada de ver esse feudo alargado ao resto do País.
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