Uma das coisas mais idiotas relacionadas com as obras de milhões de euros que se arrastam há quase ano e meio na cidade de Caldas da Rainha é a impressão que vai ficando de que elas são pensadas, em primeiro lugar, apenas em função de uma minoria que vive no centro da cidade.
Por exemplo, por muito que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha ache que as rãs de cerâmica postas há cinco meses numa espécie de chafariz (no meio de uma mini-rotunda pejada de tampas de esgotos bem salientes) vão ser um "must" para atrair visitantes, o certo é que nada existe que conduza às figuras "bordalianas".
E, além do mais, pensarão os dirigentes daquilo a que chegaram a chamar "nova dinâmica" que alguém quer ir participar num rally por entre as tampas do saneamento?!
As estruturas existentes no exterior do "complexo desportivo", com o seu sórdido aspecto de degradação infinita, serão talvez o melhor exemplo dessa perspectiva umbiguista relativa às obras.
As instalações desportivas, que incluem desde piscinas a pistas de atletismo, recebem muitos participantes vindos de fora da cidade e do concelho. E, se repararem no aspecto miserável do exterior, que impressão levam de Caldas da Rainha? Esta, muito simplesmente: que há por aqui zonas de Terceiro Mundo que nada convida a visitar.
Na imagem de baixo vêem-se, no outro lado da estrada, as máquinas amarelas de prática de "cárdio" postas à disposição de quem as queira aproveitar.
É uma ideia bondosa, claro, mas é deprimente que a União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro se vanglorie da coisa.
Esta mistura de duas freguesias pelo topo (uma citadina e a outra do interior, com uma terceira freguesia pelo meio) só favoreceu os seus residentes da cidade porque a Serra do Bouro (ex-freguesia que fica à astronómica distância de dez quilómetros da cidade) é cada vez mais desprezada pelo poder autárquico como, aliás, todo o interior do concelho. Pelos que se extasiam com as obras pensadas para satisfazerem o seu próprio umbigo.
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