Mais eficaz do que o seu antecessor a libertar-se de um passado incómodo? |
Reparem bem: o grande triunfador deste fim-de-semana de facas longas, dominado pela detenção do antigo secretário-geral, é o novo secretário-geral do PS. António Costa, entronizado ontem, é um dos grandes beneficiados pela prisão de José Sócrates e pelas acusações que caem finalmente em cima da cabeça do ex-primeiro-ministro.
O PS ainda pode vir a ser prejudicado eleitoralmente por este caso, se a responsabilidade do ex-primeiro-ministro escorrer para outros camaradas seus, mas António Costa já não.
O novo secretário-geral do PS livrou-se da sombra do anterior rei e da sua corte. Com Sócrates isolado, os apoiantes do ex-primeiro-ministro ficam isolados, perdem uma bandeira agregadora, têm de abandonar (pelo menos durante muito tempo) a esperança de um regresso do paladino deles. Candidato a Presidente da República? Não, Sócrates só se levantará (por "feroz" que seja) no caso de uma absolvição absoluta... e daqui a quanto tempo é que isso poderia acontecer? As acusações são pesadas e o que já se vai sabendo é arrasador.
António Costa é advogado de profissão, foi estudante na Faculdade de Direito de Lisboa e, como tal, colega de muitos magistrados e de muitos profissionais ligados ao Direito. Foi quase sempre um estratega cauteloso no seu percurso político. Foi ministro da Justiça, com a tutela do sistema judiciário.
O xeque ao rei que atirou José Sócrates para os calabouços (como a imprensa gosta de dizer) da PSP foi uma jogada perfeita. É natural que se transforme num xeque-mate.
No seu discurso de ontem à noite, no PS onde agora reina em estado de monarquia absoluta, António Costa foi claro.
Não se mostrou contristado mas afirmativo. Não deixou uma palavra ao rei caído em desgraça. Nem estendeu a mãos aos "socratistas". Foi um dia perfeito. O xeque-mate, depois disto, também será dele.
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