domingo, 30 de março de 2014

Hospital termal: entre o alargamento dos passeios e o Pai Natal enquanto se conversa com o porteiro

O hospital termal de Caldas da Rainha está fechado. É uma instituição que tem um valor histórico significativo e que poderia ter um valor económico importante para o concelho. Há dinheiro para alargar passeios mas para o hospital termal não, e toda a gente parece estar à espera do Pai Natal.
A situação foi abordada recentemente na Assembleia Municipal e a "Gazeta das Caldas" desta semana fornece elementos interessantes para permitir fazer um ponto de situação.
 
 
400 mil euros mas só para alargar passeios - A "ressurreição" do hospital custa, pelo menos, 400 mil euros numa perspectiva de alargamento e de melhoria da oferta. A sua tutela cabe, actualmente, ao Estado. Note-se que as obras que decorrem na Avenida 1.º de Maio (que consistiram, principalmente, no alargamento dos passeios e na criação de uma rotunda com um repuxo junto à moribunda estação ferroviária) custam, pelo menos, 400 mil euros. Por mais controversa que possa ser a comparação, é útil ponderar quais os benefícios que se tiram do alargamento de passeios numa avenida por onde pouca gente anda a pé e sem muito comércio e quais os benefícios de um hospital termal capaz de chamar à cidade e à região milhares de visitantes por ano.

Um presidente de câmara municipal tipo director-geral - A posição da Câmara Municipal de Caldas da Rainha e do seu presidente oscila entre o enfado e o desinteresse. A Câmara não quer "património" e, traduzindo por miúdos, não quer investir no que não é seu. A possibilidade de uma concessão por parte do Estado é matéria para umas conversações prolongadas (na lógica do "não é para se fazer mas para se ir fazendo") com a Direcção-Geral do Tesouro e já chega. Um presidente de câmara realmente interessado traria um ministro à capital do concelho e abriria um processo negocial. Mas este, possivelmente, não quer, não consegue, não sabe como se faz ou... não lhe passam cartão. A direcção-geral depende sempre do secretário de Estado, o secretário de Estado depende do ministro. Estar, neste caso, a falar com a Direcção-Geral do Tesouro ou com o porteiro do Ministério das Finanças na Praça do Comércio é perfeitamente igual. O presidente de câmara que nos calhou em desgraça ainda convidou Pedro Santana Lopes, na qualidade de presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas este não deu sinais de grande interesse. Facilmente se percebe que qualquer potencial investidor ficará sempre desconfiado quanto ao que se pretende fazer numa cidade esventrada, calamidade que deve ser caso único no país, e recomenda-se à vereação e presidente de Caldas da Rainha que leiam o que escreveu Santana Lopes na passada sexta-feira no "Correio da Manhã".

A desorientação dos partidos - Se, dispondo de meios, a câmara (PSD) não sabe o que há de fazer, os restantes partidos sabem ainda menos e o que se vê são lamentáveis manifestações de impotência, tanto mais vergonhosas quanto o PS, o CDS, o PCP e o BE estiveram, e têm estado, em posição, na câmara e na Assembleia Municipal, de evitar que as coisas chegassem a este ponto. Entre o PS, que quer ir em peregrinação a Bruxelas, e o CDS, que quer mais estudos, é o "venha o Diabo e escolha". Quanto a nós, só poderemos (voltar a) escolher em 2017.
 
Uma proposta pragmática do MVC - O MVC, o movimento independente que começou a alterar o xadrez político de Caldas da Rainha nas eleições de Setembro de 2013, foi mais pragmático e, pela voz de José Rafael Nascimento, propôs uma "carta de princípios, objectiva e consensual" como base para uma decisão, enquanto Edgar Ximenes, defendendo uma visão mais abrangente de Caldas da Rainha como cidade termal, punha o dedo na ferida: "Pior do que a 'legionella', a contaminação ideológica é que pode estragar tudo". E a contaminação ideológica tem esses sintomas: desorientação absoluta.

 
Um processo negocial com o Estado (e nunca a nível de direcção-geral...) e com potenciais investidores (num estabelecimento termal e no aproveitamento turístico dos pavilhões), com base numa "carta de princípios" urgente, é a única forma de recuperar muito do que se perdeu e de relançar o hospital termal, "sob pena de, por excessivo protelamento e eventual ruína, nunca mais o poder fazer", como salientou Edgar Ximenes.
A elite caldense, que objectivamente votou ao desprezo o hospital termal (e tudo o que possa trazer visitantes de fora ao concelho e à cidade), está ainda e tempo de seguir este rumo e de fazer o seu acto de contricção.
Pode ser que não o saibam mas não há nenhum Pai Natal que "ressuscite" o hospital termal. 

sábado, 29 de março de 2014

Há mesmo fantasmas nas Caldas da Rainha

 
Já não há só fantasmas, ou outras manifestações sobrenaturais, na Praça da Fruta. Agora também chegaram à Avenida 1.º de Maio cujas obras o jornal regional "Gazeta das Caldas" se viu mais uma vez obrigado a reconhecer que estão "atrasadas".
Em 1400 caracteres de um texto bem destacado no canto superior esquerdo da sua primeira página, na edição desta semana, a "Gazeta" consegue nunca afirmar de modo taxativo que a responsabilidade destas obras e de outras (cuja metodologia critica) é a Câmara Municipal de Caldas da Rainha, que nem conseguirá (segundo se depreende do texto) assegurar que as restantes obras não vão pelo mesmo caminho.
Portanto, a autoria das obras há de ser de um qualquer fantasma, espírito maligno (pelo muito que têm sofrido os habitantes locais) ou qualquer outra entidade sobrenatural.
Que, exactamente por ser sobrenatural, nunca é criticada pelo mesmo jornal.
Neste caso, lido o texto, vai-se à procura da tradicional coluna de bota-abaixo da última página, na esperança de ver esse estranho fantasma com seta para baixo e, surpresa das surpresas, quem aí aparece é a ministra das Finanças.
A propósito das obras "atrasadas"? Não, apenas por não ter tido "um mínimo de inteligência" por a "Fatura da Sorte" não sortear... "automóveis híbridos, ou mesmo eléctricos". 
De facto, como se sabe, Caldas da Rainha é o concelho de Portugal onde mais dispositivos existem para carregar carros eléctricos.


Ele há fantasmas...
 

quinta-feira, 27 de março de 2014

"Braquo", de Olivier Marchal: tudo e mais alguma coisa


aqui escrevi sobre "Engrenages", uma série policial francesa que mostrou que não é só nos EUA que se fazem séries de alta qualidade. "Braquo" é outro exemplo interessante, a vários níveis.
Assentando no modelo de um grupo de polícias que, neste caso, andam mais pelo lado errado da lei do que pelo lado certo, "Braquo" é da autoria de Olivier Marchal (ex-polícia, argumentista e actor) e desenvolveu-se em três andamentos: a primeira temporada em 2009, a segunda em 2011 e a terceira já este ano.
Há uma diferença assinalável de tom entre as duas primeiras temporadas (as únicas que se podem ver em DVD) e essa diferença ilustra todas as opções do "thriller" televisivo e das vantagens que a televisão oferece (ambas as temporadas têm oito episódios, com cerca de 50 minutos cada).
Na primeira temporada, a história é mais intensa e mais contida, menos movimentada mais de uma violência interior e sombria que a torna quase deprimente. Mas na segunda tudo muda e irrompe uma história de política e ex-militares, com uma cobiçada super-arma e até o presidente de Angola (com o sugestivo apelido de Luisiadas) e desenvolvimentos que a tornam confusa.
O contraste entre as duas temporadas ilustra bem o que pode ser uma opção mais intelectual por oposição a uma opção mais popular e a primeira sai distintamente a ganhar.
De qualquer modo, e na dúvida (sem conhecer a temporada 3), recomendo-a. A quem gosta do género e a quem, na televisão portuguesa, teria a obrigação de procurar outras inspirações...
 

Quatro polícias quem sempre parecem sê-lo

Quem não é por eles é contra eles

Teodora Cardoso, a economista que preside ao Conselho de Finanças Públicas e que é considerada próxima do PS, passou a ser a nova "bête noire" da "esquerda". Quando criticava a austeridade era alvo de todos os encómios mas agora, ao propor uma taxa sobre levantamento de dinheiro, já é um alvo a abater pela "polícia do pensamento".
O mesmo aconteceu há pouco tempo com o jornalista José Gomes Ferreira, herói da "esquerda" quando é crítico do Governo e "traidor" ao criticar o "manifesto dos 70".
A "esquerda" dos nossos dias já não é a esquerda da tolerância e da liberdade de expressão de outros tempos e mostra-se incapaz de debater democraticamente seja o que for. Não discute as ideias de que discorda mas dispara sobre quem as expressa, escorregando-lhe o pé para a chinela, a língua para a retrete e a mente para o protofascismo.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Os carros da "Fatura da Sorte": "estão verdes, não prestam"...

As reacções ao anunciado sorteio dos carros da "Fatura da Sorte" ilustram maravilhosamente três situações que caracterizam uma atitude muito portuguesa.
A primeira é a da fábula da raposa e das uvas: a raposa passa por umas uvas de aspecto apetitoso que estão fora do seu alcance e, não lhes conseguindo chegar, proclama que "estão verdes, não prestam" para logo se voltar, de água na boca, ao ouvir cair uma simples folha.
A segunda é a do famoso "agarrem-me se não eu bato-lhe": um valentão pede aos que o rodeiam para o segurarem para não ter de esmurrar o seu opositor que é mais forte do que ele e que, previsivelmente, lhe dará um enxerto de porrada (fica bem o vernáculo, aqui) se ele tentar alguma coisa.
A terceira é a do "faz o que eu faço, não faças o que eu digo", e que dispensa interpretações.
Impressiona ver o coro de lamentações, espontâneas ou induzidas pelas televisões (ontem, num telejornal, os "populares" ouvidos eram todos contra), onde nem sequer se pondera se ela contribui, por controversa que seja, para combater a evasão fiscal, que também nos sai do bolso quando temos de ser nós a compensar o dinheiro que o Estado não consegue arrecadar.
Não se vislumbra que o sorteio das facturas obrigue à posse dos carros sorteados e os puristas (que até os podem receber e ficar caladinhos, porque a coisa parece ser anónima) bem podiam começar a pensar em levar à prática as suas intenções de "solidariedade social", anunciando que doariam os veículos ou o dinheiro que apurassem com a sua venda a causas realmente nobres ou a desempregados ou àquele familiar que está mesmo necessitado.
Não acredito que algum dos críticos, a receber o carro, o rejeitasse publicamente.
 
*

E eu, se me calhar o carro, faço o quê?, perguntará o leitor mais aguerrido.
Nada, respondo, porque não tenho sorte ao jogo e nunca ganharei a "Fatura da Sorte".

terça-feira, 25 de março de 2014

Incompetência tipo "lavagem de gato"

Com a mesma esperança de quem espera que a lei da gravidade não se aplique à chuva, às pedras e à areia, e depois de já ter (como a empresa que a antecedeu) tentado tapar buracos com pedras soltas e terra buracos numa zona íngreme, a admirável empresa alcobacense Cimalha veio hoje limpar a terra que deslizou das zonas que andaram a ratar há alguns meses numa obra na Serra do Bouro, em Caldas da Rainha, que leva já quase um ano de... incompetência.
 
A situação era esta:
 



Agora ficou assim:


 

 

Mas ainda há muita terra (e pedras) para cair...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Porque não gosto dos CTT (69): "ir para correios para receber sua pacote"

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A empresa de courier nao foi capaz de entregar o seu EA18598742PT pacote para o seu endereco.
Faca o download das informacoes sobre pacote no site da CTT Expresso, imprimi-lo e ir para correios para receber sua pacote.
Se o pacote nao for recebido dentro de 30 dias uteis a CTT Expresso tera o direito de exigir uma indemnizacao por isso esta mantendo, no montante de 4,19 euro por cada dia de manutencao. Voce pode encontrar as informacoes sobre o procedimento e as condicoes de parcela manter no escritorio mais proximo.
 
Este curiosíssimo palavreado apareceu-me hoje numa mensagem de e-mail dos CTT Expresso, com o nome da entidade que deveria receber a encomenda, a propósito da entrega de um "pacote", pouco tempo depois de eu ter recebido um "pacote" com outro número. Não deixa de ser interessante...

domingo, 23 de março de 2014

A propósito do hospital termal: como a elite caldense "orgulhosamente só" está a destruir Caldas da Rainha

Quem, em Lisboa, entra na A8 só sabe que esta auto-estrada vem dar a Caldas da Rainha alguns quilómetros antes da primeira saída para Caldas da Rainha.
O mesmo, parece-me, acontece no sentido Norte-Sul. É natural. Nada convida a visitar Caldas da Rainha, quer se trate da cidade (que pretende ser o concelho todo) ou do concelho.
Cerâmica, cultura, inovação nas artes, termalismo, museus, gastronomia, golfe, praias, artesanato, paisagens... nada existe (ou, ainda existindo, não é promovido) que possa trazer ao concelho visitantes externos. Visitantes que, em maior ou menor quantidade, deixariam dinheiro nas actividades económicas do concelho - o que ajudaria as empresas locais a crescer e faria diminuir o desemprego.
O que tem actualmente o concelho de Caldas da Rainha que seja capaz de atrair visitantes que, para isso, se desloquem de propósito ao concelho? Nada, á excepção da paisagem, de alguns bons restaurantes (muitos deles nem sequer reconhecidos pelos seus habitantes) e das obras, mal pensadas e pior concretizadas, que devastaram a cidade.
 
Termas e "spas" mas bem longe
 
O que poderia ter sido feito não foi e o que havia foi deixado morrer. Em doze anos, pelo menos o tempo do meu contacto mais directo, o concelho definhou, em termos de atracção.
Atendendo apenas ao que está mais perto, percebe-se (pela negativa) o que podia ter sido feito. Óbidos pegou no chocolate e fez um festival, que nada tem a ver com a imagem histórica do concelho. Foi um êxito.
Tal como foi um êxito o Mercado Medieval, que só poderia ser feito num local adequado ou artificialmente preparado para o efeito.
Caldas da Rainha não só não criou algo que valorizasse o concelho e a cidade como deixou morrer o hospital termal.
O que já se soube mostra-o com clareza: a Câmara Municipal diz que não mete um cêntimo na sua ressurreição sem garantias de ter a sua concessão.
As conversas a nível de direcções-gerais (quando estas coisas se tratam a nível de ministro...) não servem para nada e o apregoado interesse da Santa Casa da Misericórdia e de Pedro Santana Lopes parecem-se mais com gestos de diplomacia de quem espera não ficar com a criança nos braços sem ser pai dela.
E isto não deveria surpreender ninguém.
A elite política, que domina a câmara e a Assembleia Municipal e que ocupou os partidos tradicionais, do PSD ao BE, vive acantonada na cidade e parece ter horror a quem vem de fora. E talvez no seu íntimo trema de pânico perante a hipótese de ter uma espécie de leprosos a virem tratar-se no hospital termal. Como não precisa dele e tem dinheiro para outras termas e outros "spas" não lhe dá grande atenção. Nunca deu, não quer ter a maçada.
Aliás, viu-se como a atenção que deu a "causas" como a Linha do Oeste e o desaparecimento de valências do hospital para Torres Vedras.
Vale, politicamente, o tempo de um fósforo.
 
O ódio aos "estrangeiros"
 
Há poucos anos, um dos mais reaccionários, incompetentes e desonestos autarcas recorreu ao "quem está mal, muda-se" para atacar quem criticou os óbvios excessos da sua actividade, numa manifestação proto-fascista de ódio aos "estrangeiros".
É um dos melhores exemplo do "orgulhosamente sós" da elite endinheirada, pseudo-culta e dominadora que reina na cidade e que despreza o resto do concelho, cujos habitantes deve considerar camponeses incultos, malcheirosos e de unhas sujas.
De uma ponta à outra do espectro partidário do "status quo", todo ele feito da mesma argamassa social e política, julgam-se os senhores do mundo, tão mundanos na sua capacidade de se pronunciarem sobre tudo o que se passa em todo o mundo de acordo com o que a televisão lhes mostra e incapazes de olharem para a porcaria que fazem na sua própria casa. É por isso que gosta das tasquinhas da Expoeste para, uma vez por ano, se mostrar amiga do povo, considerando que isso é que é a grande mais-valia turística do concelho. Venham cá e enquanto não se livrarem do cheiro a fritos não hão de voltar...
A questão do hospital termal tem de ser vista a esta luz. A elite da cidade não precisa dele para nada. Observará, e até pode incentivar, algumas actividades públicas (o tal episódio caricato do vidro partido...) e fazer de conta que está interessada (e até pode acreditar que está porque convive bem com as suas ilusões) mas abomina a ideia de ele poder voltar a funcionar.
É isto que acontece seis meses depois do anúncio das Termas das Gaeiras, em Óbidos..

sexta-feira, 21 de março de 2014

Assembleia Municipal de Caldas da Rainha: às escondidas é que é bom

José Rafael Nascimento tem defendido, e bem, a transmissão das sessões da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha pela televisão, utilizando a internet como meio de suporte e as estruturas existentes na enigmática (e subaproveitada, parece) TV Caldas, como acontece em numerosos concelhos.
É revelador que esta possibilidade seja ignorada pelos partidos da "situação", ou seja, pelo PSD (que ganhou as eleições autárquicas e nem sequer se sente em segurança para tornar públicas as suas intervenções) e pelo PS, pelo CDS e pelo PCP.
Estes partidos, que só formalmente são "oposição", usam a Assembleia Municipal apenas como palco para dois objectivos: fazerem uma versão partidária de "serviços mínimos" de intervenção a pensar nas eleições que mecanicamente se repetem de quatro em quatro anos e mostrarem às estruturas partidárias nacionais em que se integram que devem ser eles a comandar as eleições seguintes porque, enfim, quanto mais não seja, os respectivos egos ficam mais satisfeitos.
É uma postura paradoxal porque fora da Assembleia Municipal eles praticamente não existem.
Mas também não querem que a população saiba que, na Assembleia Municipal, se limitam a umas intervenções de política geral e a piscar o olho aos sectores dos quais esperam obter alguma cumplicidade.
Estes partidos, como o BE antes de ser corrido do órgão, sobrevivem num limbo que os devia envergonhar.
Todos eles, e o partido camarário também, têm medo de terem as suas "performances" na Assembleia Municipal vistas na praça pública porque sabem que, a partir desse momento, começariam a perder ainda mais votos.
É por isso que não querem a transmissão pública das sessões da Assembleia Municipal. Como se costuma dizer, longe da vista, longe do coração...  
 

Reflexões sobre a literatura "policial" (14): a viagem do leitor com o autor

O "policial" é um género literário conservador por excelência.
Ao contrário dos restantes géneros literários (e mesmo do fantástico onde, como escreveu Stephen King no seu primeiro ensaio, "Danse Macabre", o leitor espera ver restabelecida a ordem do universo no fim de cada história), as variantes são poucas. O tema central é sempre o mesmo e uma das mais velhas histórias da humanidade: A matou B e C descobre que foi A o homicida.
É também por isso que se pode dizer da literatura policial que ela é como uma viagem: o leitor quer ir do ponto de partida para o seu ponto de chegada numa estrada com algumas opções (desvios para descansar ou ver esta ou aquela paisagem, conhecer melhor esta povoação ou aquela, parar para comer, etc) mas sem grandes obstáculos.
Dessa viagem faz parte o diálogo intelectual com o autor e um jogo que, se for perfeito, incluirá pistas para o leitor poder acompanhar a própria viagem de C na busca de A.
A arte do autor consiste em criar variantes suficientemente aliciantes na narrativa e/ou inovar na sua estrutura sem afastar o leitor da estrada e sem o obrigar a seguir por desvios inusitados.
A vertente lúdica do "policial" assusta e enerva muita gente que, talvez por insegurança, se refugia às vezes no formalismo de outros géneros literários aos quais, e de pleno direito, se aplica a apreciação de Stephen King.

terça-feira, 18 de março de 2014

340 dias de incompetência





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Em 8 de Abril de 2013 começaram as obras de substituição de uma conduta de água numa extensão de 1100 metros de uma rua da freguesia de Serra do Bouro (Caldas da Rainha). 
 
A substituição da conduta foi terminada mais de dois meses depois. A empresa contratada pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha para esse efeito (Guilherme e Neves Construções, Lda) ganhou 76 000 euros (talvez com o IVA já incluído) e, depois de uma promessa camarária de reposição do pavimento até ao final do verão de 2013, a Guilherme e Neves Construções desapareceu de cena, depois de ter andado a tentar tapar buracos na zona mais íngreme da rua com terra e pedras soltas que a chuva, muito naturalmente, se encarregava de levar.

Em Junho e em Julho desse ano, a empresa Cimalha - Construções da Batalha, SA foi contratada por um valor global de 1 038 040 euros (com IVA incluído) para "repavimentar" várias ruas em várias freguesias de Caldas da Rainha e nesta mesma rua da Serra do Bouro (obra que lhe renderia 21 047,25 euros, com IVA incluído), com um longuíssimo prazo de execução de ... nove meses.
 
Na Serra do Bouro, insistiu em fazer a mesma asneira da sua predecessora, tapando buracos com terra e pedras soltas até se decidir pela "repavimentação" a que estava obrigada. Mas a "repavimentação" ficou a meio. Agora está tudo parado. Com um desvio para o escoamento das águas mal feito, com caleiras inúteis e pequenos e médios desmoronamentos de terras (como a fotografia em cima regista) devido à raspagem de zonas de encosta para a instalação das caleiras... que de pouco servem.
 
Falta pouco mais de um mês para terminar o prazo contratado para a repavimentação. Faltam cerca de vinte dias para o primeiro aniversário desta claríssima demonstração de incompetência e de exemplo do desprezo com que o interior do concelho é tratado.
 
Mas eles riem-se...
 
 

domingo, 16 de março de 2014

"Drácula": em louvor de Coppola e Gary Oldman

 
Uma reposição ocasional traz ao nosso convívio no canal Fox Movies o "Drácula" de Francis Ford Coppola, visualmente extravagante e admiravelmente construído e uma das melhores recriações do romance de Bram Stoker.  É a melhor demonstração da debilidade criativa da série televisiva com o mesmo título que passa no canal SyFy, com um desinspirado Jonathan Rhys Meyer em registo "young adult", num registo que nada tem a ver com Gary Oldman, Christopher Lee, Bela Lugosi ou Max Schreck. Nem com Bram Stoker, aliás.


Gary Oldman como Drácula na versão de Coppola




São comunistas mas a autocrítica fica para os outros


Do meu artigo no e-magazine "Tomate" deste mês intitulado "De vitória em vitória até à derrota final":
 
(...) A escalada verbal, e às vezes não só verbal, contra o Governo foi encabeçada por Arménio Carlos, Jerónimo de Sousa, João Semedo & Catarina Martins. Seria por isso natural que fossem estes líderes políticos (e político-sindical no caso do primeiro) a fazerem as suas autocríticas, a explicarem o que correu mal e a darem a sua versão para o que correu mal (e, já agora, que dissessem também o que correu bem) e – como se diz na gíria – que tirassem daí as devidas ilações. Tendo em atenção que, salvo erro, todos eles já pediram pelo menos a cabeça de um membro do Governo, o natural seria que, depois de darem tão estrondosamente com os burrinhos na água, se demitissem. (...)
 
 
O "Tomate", o primeiro e-magazine político, pode ser lido aqui

Sebasião Barata compara "Morte na Arena" com "Morte com Vista para o Mar"

Sebastião Barata, que já tinha lido "Morte na Arena" (cuja opinião publicada no blogue Segredo dos Livros destaquei aqui), leu agora "Morte com Vista para o Mar" e gostou, fazendo um comentário interessante de que transcrevo uma parte (e que pode ser lido na íntegra aqui):
 
Dado que li este livro depois de ler o seguinte "Morte na Arena", posso permitir-me algumas comparações. Antes de mais, mostra que o autor se movimenta bem em qualquer cenário, uma vez que aquele se desenvolve quase sempre dentro de catacumbas, nos subterrâneos da Baixa lisboeta, enquanto que este se passa na província, numa zona preferentemente rural. Embora "Morte com Vista para o Mar" tenha cenas que podem impressionar, parece-me, no entanto, que "Morte na Arena", sendo ambos do mesmo género de policial negro, está bastante mais recheado de cenas de grande horror. Há esquartejamento s em ambos os livros, mas a trama do mais recente é mais tenebrosa, com um mais vasto leque de delinquentes horripilantes. Se tiver de fazer escolha, prefiro "Morte na Arena", por me parecer uma história mais bem conseguida, dentro do género. Mas são ambos livros muito bons, ao nível dos melhores autores estrangeiros de thrillers, que vendem livros aos milhões. Está na hora de começar a publicar Pedro Garcia Rosado no estrangeiro.
 
 
 

 

sábado, 15 de março de 2014

Sentem-se no chão...


Passeios assim servem para quê?!
Talvez só para o prazer solitário de quem congemina estas coisas...

Nada justifica, que se saiba, o disparate que é o alargamento dos passeios da Avenida 1.º de Maio destas "obras de Santa Engrácia" que têm devastado a cidade de Caldas da Rainha.
As câmaras municipais (e os seus presidentes ou vereadores ou "especialistas" ou todos eles) extasiam-se com passeios imensos que depois não servem para nada a não ser para eventuais orgasmos arquitectónicos.
Não acredito que a ideia seja "entregar" os passeios aos poucos "snack-bars" existentes para fazerem esplanadas, no local não há tradição comercial relevante nem lojas e não se vêem estruturas que possam servir para quaisquer passeantes se sentarem, e em número suficiente.
Aliás, é um absurdo que num país de clina ameno e soalheiro durante grande parte do ano não haja "mobiliário urbano" que permita às pessoas estarem confortavelmente instaladas na via pública. Metam-se nos centros comerciais - parece ser a mensagem das iluminadas criaturas que tomam as câmaras municipais por propriedade sua.
E neste caso, o que também é igualmente mau, estrangulou-se a circulação rodoviária, parecendo que só passa um de cada vez, com uma rotunda absurda (uma rotunda numa rua "de lá vai um"?!) em frente a uma estação ferroviária que talvez devesse ser transformada em centro comercial com superfícies vidradas que é onde essa gente talvez se sinta confortável.

E onde é que estão os fascistas?

É impressionante ver que a reacção de alguns sectores, normalmente ditos "de esquerda", à votação no Parlamento sobre a co-adopção se traduziu num coro de raivinhas, de insultos e de alusões que não fazem sentido rigorosamente nenhum - por que carga de água é que a orientação sexual de alguém há de obrigar essa mesma pessoa a votar de uma dada maneira uma proposta legislativa que, aparentemente, nada tem a ver com orientações sexuais?!
Esta é a mesma gente que, querendo forçar os seus argumentos e revoltando-se contra uma decisão parlamentar, chega a garantir que já vivemos no fascismo. Se estivessem no poder não começariam a impor os seus pontos de vista com a ponta da espingarda?

 
(Não tendo opinião, e não sou obrigado a tê-la, favorável ou desfavorável sobre a co-adopção, diria apenas sobre o assunto que a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi a abertura de uma caixa de Pandora que legitima agora tudo, mas mesmo tudo, e mais um par de botas.)

quinta-feira, 13 de março de 2014

A imprensa como fábrica de factos

Dois consultores (função diferente da de assessor) do Presidente da República assinaram um documento com grande visibilidade que diverge do ponto de vista, também de grande visibilidade, defendido pela personalidade pública que tinham o dever de aconselhar.
É provável que os dois consultores se tenham apercebido da incompatibilidade e/ou que o Presidente da República lhes tivesse feito ver que havia essa incompatibilidade, natural independentemente do sentido do documento e da posição pública do Presidente.
Os dois consultores foram exonerados (o verbo da administração pública para as demissões diplomáticas), com a indicação de que o foram "a seu pedido", o que (repete-se) terá provavelmente acontecido, tendo tido os dois experiência governativa.
Na generalidade da imprensa e nas "redes sociais", a coisa transforma-se numa punição: como tiveram uma opinião diferente de Cavaco Silva (que, nestas circunstâncias, passa sempre de Presidente da República a "o Cavaco"), ele correu com os heróis que ousaram discordar.
E, finalmente, o "Diário de Notícias" resume o ponto de vista da imprensa da oposição no seu inquérito aos leitores: "O Presidente Cavaco Silva fez bem em afastar os consultores que assinaram o manifesto pela reestruturação da dívida?"
Mais claro do que isto seria difícil.

quarta-feira, 12 de março de 2014

"A Guerra de Gil" lido por Os Livros do Lars

Lars Gonçalves leu agora e comentou o meu "A Guerra de Gil" (ed. Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2008-2010) no seu blogue Os Livros do Lars, com uma opinião muito favorável (que pode ser lida na íntegra aqui).
Sobre esta história de um capitão que foi derrotado pela guerra colonial durante o massacre de Wiriyamu, em Moçambique, e que depois de reformado se mete noutra guerra numa zona recôndita do concelho de Caldas da Rainha, eis um excerto do que escreveu Lars Gonçalves:
 
O enredo deste livro está muito bom, com várias reviravoltas e traições, o final do mesmo é mais uma vez explosivo. Como habitualmente nos livros do Pedro Garcia Rosado a descrição das cenas de violência estão muito pormenorizadas, gráficas e muito bem escritas.
Com um enredo vibrante, uma personagem principal cativante e criminosos impiedosos este livro tornou-se num dos meus preferidos do autor. Um livro mais do que recomendado! E não se esqueçam de comer uma belas costeletas de vitela branca.
 
 

 
A história de Gil e da sua última guerra talvez cheguem ao cinema...
 
 


Idiotas com cão (2)

Salir do Porto (aqui no concelho de Caldas da Rainha) não é só uma praia e um local de passeio tão aprazível como desprezado. É também um admirável prato de Petri do comportamento social das pessoas que passeiam cães. Ou, na maioria dos casos, que tentam fazê-lo.
Hoje foi uma jovem vestida de "jogger" com filha pequena e cadela. A filha parecia mais respeitadora do que a cadela, simpática, de nome Luna. A jovem bem a chamava mas a Luna, solta, claro, não lhe passava cartão. Interessou-se por outro cão e lá se deixou conduzir pela dona (?).
Parece-me que, tal como neste caso, há muitas pessoas que só gritam pelos cães (que obviamente não controlam mas que deixam à solta) para mostrar que o fazem e não para obterem resultados concretos.
Talvez fosse o caso de outro espécime do mesmo género que andava a passear com trela(s) na mão e dois cães grandes ao largo.
Gritava, gritava... os cães lá iam aceitando o que parecia resumir-se a uma simples palavra: "Não". A certa altura, o bípede interpelou, em voz tipo barítono esforçado, um dos cães com o que talvez fosse uma pergunta retórica: "Mas estou a falar chinês ou quê?!"
O cão não lhe respondeu mas não me pareceu que o bípede tivesse chegado à conclusão de que não conseguiria ter resposta.

terça-feira, 11 de março de 2014

Portugal igual à Alemanha depois da guerra?!

Um dos grandes argumentos do tal manifesto que, como todos os outros antes dele, vai salvar o país é, segundo derramaram abundantemente os telejornais, que Portugal está igual à Alemanha depois da guerra (supõe-se que a Segunda Guerra Mundial) e que se os outros países perdoaram a dívida da Alemanha também nos deviam perdoar a nós.
Os autores da coisa e os seus arautos deviam olhar para a História com um pouco mais de esforço para não fazerem figura de idiotas e de modo tão grosseiro.

segunda-feira, 10 de março de 2014

11 meses (330 dias) e uma "repavimentação" por acabar



11 meses (330 dias), em Abril de 2013, começaram as obras de substituição de uma conduta de água em 1100 metros de uma rua da freguesia de Serra do Bouro (Caldas da Rainha).
 
A empresa contratada para o efeito (Guilherme e Neves Construções, Lda) ganhou 76 000 euros (talvez com o IVA já incluído) e deixou de executar a sua gloriosa tarefa em Outubro do ano passado, depois de várias repavimentações falhadas e diversas tentativas de tapar buracos com terra e pedras soltas que a chuva se encarregava de levar.
 

Em Junho e em Julho desse ano, a empresa Cimalha - Construções da Batalha, SA foi contratada por um valor global de 1 038 040 euros (com IVA incluído) para "repavimentar" várias ruas em várias freguesias de Caldas da Rainha e nesta mesma rua da Serra do Bouro (obra que lhe renderia 21 047,25 euros, com IVA incluído), com um longuíssimo prazo de execução de ... nove meses.
 
Na Serra do Bouro, insistiu em fazer a mesma asneira da sua predecessora, tapando buracos com terra e pedras soltas até se decidir pela "repavimentação" a que estava obrigada. Mas a "repavimentação" ficou a meio. Ou ficou mal feita. Quem souber, ao certo, que diga. Porque agora está tudo parado.
  
A Câmara Municipal de Caldas da Rainha não consegue, não quer ou não pode controlar a situação. Contratou as empresas mas não parece fiscalizar com rigor o que elas andam a fazer. Esta rua fica longe, muito longe, da Câmara: entre 10 a 12 quilómetros de distância, dependendo da estrada utilizada. Chegou em Junho do ano passado a prometer a "repavimentação" para o "final do verão" de 2013. O resultado, passados 330 dias (mais 30 e faz um ano...), é o que está à vista.
 
 
Mas eles riem-se, contentinhos da Silva...
 
 

domingo, 9 de março de 2014

"A Ponte" ("Bron/Broen") no AXN

Uma das melhores séries policiais nórdicas - depois de "Forbrydelsen/The Killing" - vai ser apresentada no AXN a partir do próximo dia 16: trata-se de "Bron/Broen" ("A Ponte"), uma coprodução sueco-dinamarquesa da qual já foi exibida a inferior versão americana ("The Bridge").
Sobre ela já aqui escrevi em Fevereiro do ano passado e recomendo-a. 

A ponte do crime e os actores Saga Norén e Martin Rohde

Reflexões sobre a literatura "policial" (13): o falso culpado e o falso inocente

A assassina B. A Polícia detém A, reúne as provas que mostram ser ele o assassino e (no caso português) o Ministério Público acusa A de assassínio de acordo com os preceitos legais. A é levado a julgamento. É declarado culpado... ou inocente. Esta é a situação da vida real.
Na ficção policial (consideremos a literatura e o cinema), como é que se transforma isto numa boa história?
Não há muito por onde escolher, segundo as regras do "thriller":
(a) a descrição pormenorizada e emocionante do julgamento, aceitando a bondade da acusação;
(b) a revelação, por uma nova investigação e recolha de provas, de que A estava inocente (é muito mais raro o contrário);
(c) introduzir uma reviravolta à vigésima quinta hora, onde fica demonstrado que o acusado é mesmo culpado - passado o julgamento (e transitado em julgado o acórdão, de tribunal colectivo, no caso português, embora ficcionalmente haja pouco tempo para os prazos processuais), ter A, que foi absolvido, a confessar ao advogado de defesa que afinal foi ele o assassino, ou a cometer uma distracção que leva o seu advogado de defesa a perceber isso mesmo: A matou, é culpado mas foi absolvido porque conseguiu arranjar maneira de o tribunal acreditar na sua inocência.
No caso do falso culpado e do falso inocente, a a tendência, à falta de melhor, é, repetindo as soluções se não há imaginação para mais, pôr-lhes roupagens bonitas ou diferentes. Perde-se a originalidade mas, claro, não há plágio. Será, mais bondosamente, uma espécie de "déja vu" literário. Quem não conhecer os antecedentes tende a ficar em estado de maravilhamento.
Em 1996 o filme "A Raiz do Medo" ("Primal Fear") definiu tudo o que havia para definir nesta matéria. Eu, como autor de "thrillers", nunca exploraria (nem explorarei) o tema do falso inocente, apesar de já pouca gente se lembrar do filme. 

sexta-feira, 7 de março de 2014

O que resta


Da primeira página do "Jornal das Caldas" de 5.03.14
 
Talvez não haja melhor imagem do que esta, e que é o emblemático lugar-comum do travestismo do carnaval português (que há de ter uma explicação psicológica), para simbolizar que é hoje Caldas da Rainha, concelho cuja capital foi devastada por obras mal pensadas e pior concretizadas, que desprezou todo o seu património cultural, ambiental e paisagístico, que deixou fechar um reputado hospital termal, que perdeu visibilidade (vejam na A8 quantas placas é que indicam Caldas da Rainha) e que só a recupera quando o seu peculiar ex-presidente de câmara é notícia.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Porque não gosto dos CTT (68): o "serviço público" do Carnaval

Na segunda-feira foi... segunda-feira e o fim-de-semana deve ter sido cansativo.
Ontem, terça-feira, foi Carnaval.
E hoje... devem andar a descansar do Carnaval.
Portanto, em três dias de uma semana, não houve distribuição de correspondência.
Amanhã ainda estarão a descansar do Carnaval? Ou estarão em estágio para o fim-de-semana?

terça-feira, 4 de março de 2014

A demonstração da importância do voto no MVC cinco meses depois das eleições

As obras mal planeadas que devastam a cidade de Caldas da Rainha, os subsídios camarários, a agenda do presidente da Câmara, as actas da Assembleia Municipal que estão por conhecer e a transparência das suas decisões e das decisões da Câmara, a queda de Caldas da Rainha nos índices de desenvolvimento regional, o Hospital Termal, a TV Caldas, a contratação de serviços pela Câmara, indemnizações por suspensões de obras, o inquérito ao "caso do gasóleo camarário", a aquisição do edifício da Expoeste/ADIO, a compra do terreno da EBI de Santo Onofre, o balanço do que foi ganho com o gasto de 85 mil euros no carnaval camarário de Caldas da Rainha...
 
 
Esta enumeração de assuntos que estão por esclarecer (e não são todos) faz parte da intervenção do Movimento Viver o Concelho (MVC) em Caldas da Rainha, que tem exigido esclarecimentos sobre matérias obviamente pouco claras da actividade camarária. 
Ela pode ser acompanhada no seu site oficial Viver o Concelho, onde se podem seguir as intervenções da candidata à Câmara, Maria Teresa Serrenho, e do candidato à Assembleia Municipal e membro deste órgão, Edgar Ximenes, e nos blogues De Tanto Estarem... e Salubridades, dinamizados por dois dos seus principais activistas, José Rafael Nascimento e Miguel Miguel.
Em apenas cinco meses, desde que as eleições autárquicas de 29 de Setembro puseram no mapa autárquico do concelho este movimento de independentes, o MVC já conseguiu chamar a atenção de muita gente para muito do que está mal e cercar os dirigentes da Câmara Municipal com uma série de perguntas incómodas que basta não terem resposta para se revelarem absolutamente pertinentes.
A iniciativa do MVC corresponde ao que os seus eleitores desejavam e talvez corresponda também ao que os eleitores dos outros partidos não encontram naqueles que ajudaram a eleger.
Aliás, a intervenção do MVC não se limita a pôr sistematicamente em causa a actividade do PSD caldense, que se julgava impune numa gestão incompetente que nem se poderia pensar ser tão má como se verifica.
Ela põe também em causa a presença dos outros partidos (PS, CDS e PCP) na Assembleia Municipal porque não se vê da parte dos que se proclamam "oposição" qualquer tipo de intervenção deste género.
Como aliás nunca se viu entre os representantes partidários que, alheios às preocupações das populações do concelho, usam os lugares que vão obtendo como simples provas de vida e acumulação de capital político para nas eleições seguintes os dirigentes dos seus partidos lhes darem mais alguma coisa.
É nem é errado falar num pacto de silêncio. Objectivamente esse pacto de silêncio existe.
Existe entre os partidos da "oposição" e em boa parte da comunicação social que só de passagem e quando a coisa entra pelos olhos dentro é que faz perguntas mais incómodas para a Câmara.
O apoio silencioso da "oposição" ao PSD caldense na Câmara Municipal está ao nível do apoio que, por exemplo, a "Gazeta das Caldas" tributa ao chefe "laranja" que até gosta de assinar como "Tinta Ferreira, Dr." para marcar bem a diferença relativamente ao resto da população.
 

 

domingo, 2 de março de 2014

O Carnaval das Caldas: 320 dias de incompetência

10 meses e 20 dias (320 dias), em Abril de 2013, começaram as obras de substituição de uma conduta de água em 1100 metros de uma rua da freguesia de Serra do Bouro (Caldas da Rainha).
 
A empresa contratada para o efeito (Guilherme e Neves Construções, Lda) ganhou 76 000 euros (talvez com o IVA já incluído) e deixou de executar a sua gloriosa tarefa em Outubro do ano passado, depois de várias repavimentações falhadas e diversas tentativas de tapar buracos com terra e pedras soltas que a chuva se encarregava de levar.
 
Em Junho desse ano, a empresa Cimalha - Construções da Batalha, SA foi contratada por um valor global de 1 038 040 euros (com IVA incluído) para "repavimentar" várias ruas em várias freguesias de Caldas da Rainha e nesta mesma rua da Serra do Bouro (obra que lhe renderia 21 047,25 euros, com IVA incluído). Também começou a fazer a mesma asneira da sua predecessora, tapando buracos com terra e pedras soltas até se decidir pela "repavimentação" a que estava obrigada. A "repavimentação" ficou a meio. Ou ficou mal feita. Quem souber, ao certo, que diga.
 
A Câmara Municipal de Caldas da Rainha não consegue, não quer ou não pode controlar a situação. Contratou as empresas mas não parece fiscalizar com rigor o que elas andam a fazer. Esta rua fica longe, muito longe, da Câmara: entre 10 a 12 quilómetros de distância, dependendo da estrada utilizada. Chegou em Junho do ano passado a prometer a "repavimentação" para o "final do verão" de 2013. O resultado, passados 320 dias (mais 45 e faz um ano...), é o que está à vista.
 
Nestas fotografias, por exemplo, das extraordinárias caleiras da Cimalha que iam garantir o escoamento das águas todas, depois da maravilhosa "repavimentação" da câmara da "nova dinâmica":
 
 
 

 

 
 
Noutro local da Serra do Bouro, na Rua da Escola (onde até funciona o Jardim Infantil da Serra do Bouro), onde a berma de uma estrada ainda alcatroada ruiu, o pessoal da Cimalha rasgou e levantou há quase um mês a camada de alcatrão existente. E nunca mais foi visto.


Eles a brincarem ao Carnaval com obras de fazer rir...
 
 

sábado, 1 de março de 2014

O Carnaval das Caldas é aqui!





É este o melhor cenário para se brincar o Carnaval em Caldas da Rainha: no meio das obras que deram cabo da cidade e que parecem ser uma maneira de a Câmara Municipal gozar impunemente com o pagode...

Calçada portuguesa: quem não tem dinheiro não pode ter vícios



© Diário Imobiliário

A calçada portuguesa pode dar origem a efeitos visuais muito bonitos mas quando não há dinheiro para a fazer de jeito nem para a manter, o resultado, às três pancadas, não dá apenas uma imagem de desmazelo. Torna-se também um perigo, como toda a gente sabe. Convém não esquecer: quem não tem dinheiro não pode ter vícios.
 
 
© Águas do Sul
 

Haverá sangue...

O "Diário de Notícias", sempre tão liberal nos comentários que faz e publica, fechou a comentários a notícia que dá sobre a compra da empresa que é sua proprietária (e do "Jornal de Notícias" e da TSF, entre outros órgãos de informação) por capitalistas angolanos, bancos portugueses e um empresário do entretenimento, como se pode ver aqui.