sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Eleições autárquicas de 2021 (2): a derrota do PSD


As eleições autárquicas de 26 de Setembro em Caldas da Rainha terão -- infelizmente -- um vencedor seguro: o PSD. Mas deve ser uma vitória com uma derrota às costas.

Nisto não haverá surpresas. É o partido que está no poder e basta esta situação para assegurar votos em largos sectores da população. Emprego directo (na Câmara Municipal e noutros serviços), subsídios, compra de bens e serviços... tudo isto se traduz em votos.

Mas uma coisa é vencer e outra é, vencendo, perder votos. E tudo indica que o cenário será esse mesmo, quanto mais não seja por aparecerem outras opções. E o eleitorado do PSD vai ter mais opções.

O primeiro sinal foi visível nas eleições presidenciais deste ano.

Nessa altura, analisando os votos obtidos pelos principais candidatos, escrevi aqui

1 - Marcelo Rebelo de Sousa - 11 925 votos (o seu universo eleitoral será o do PSD, do CDS e do PS);
2 - Ana Gomes - 2 375 votos (terá tido votos do PS e de outros sectores);
3 - André Ventura - 2 272 votos (Chega!);
4 - Tiago Mayan Gonçalves - 574 (Iniciativa Liberal).

Nas eleições legislativas de 2019, verificaram-se estes resultados num universo eleitoral de 45 411 eleitores inscritos e 23 414 votantes:

1 - PSD - 7 532 votos;
2 - PS - 7 320 votos;
3 - CDS - 1250 votos;
4 - Chega! - 349 votos;
5 - Iniciativa Liberal - 222 votos.

É interessante registar, a partir daqui, os seguintes pormenores:

1 - O conjunto de eleitores de Marcelo Rebelo de Sousa e de Ana Gomes nestas eleições é de 14 300 votos. Mas nas eleições legislativas de 2019 tiveram 16 102 votos. Perderam, em quase ano e meio, 1802 votos.
2 - O Chega! ganhou mais 1923 votos.
3 - A Iniciativa Liberal ganhou mais 352 votos.

No conjunto, os dois novos partidos foram buscar 2275 votos, do grupo PSD/CDS/PS e novos eleitores, possivelmente. 

Note-se que, nas eleições autárquicas de 2017, o PSD teve 11 405 votos para a Câmara Municipal e 10 330 para a Assembleia Municipal. Dois anos depois, nas eleições legislativas baixou para os citados 7 532 votos.

A fragmentação do espaço eleitoral do chamado "centro-direita", que neste caso é positiva, alargou-se agora nas eleições autárquicas.

Há três candidaturas que irão buscar votos ao PSD: além da candidatura do Chega! e de uma candidatura do CDS em coligação com outros sectores, há uma terceira candidatura de um empresário e ex-presidente de junta do concelho (onde chegou pela mão do PSD). Para a situação ser mais interessante, faltaria uma candidatura da Iniciativa Liberal que, infelizmente, não deve aparecer.

A situação não servirá para retirar a Câmara Municipal de Caldas da Rainha ao PSD caciqueiro local, o que é pena, mas irá minar o seu poder.  Será uma pequena derrota, mas uma derrota, de qualquer modo.

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