sábado, 21 de agosto de 2021

Ler jornais já não é saber mais (116): o dia em que o "Público" fez censura... descaradamente

 

O que aqui reproduzo é um monumento histórico e um marco da história da imprensa nacional.

É, resumidamente, a "desculpa" (num acto sem desculpa) do "Público", pela sua direcção editorial, para ter retirado um artigo de opinião de um médico. 

Ou seja: uma explicação para o que é, com todas as letras, um gesto de censura



Todos os jornais fazem, em versão "soft" ou "hard", a sua censura. Há pessoas que nunca aparecerão nas suas páginas, notícias que são postas de lado, reportagens que nunca poderão ser feitas, num quadro que abrange também as rádios e as televisões. E que não é novo. Sempre se fez. Na imprensa mais alinhada, mas também na imprensa generalista e, em teoria, pluralista.

Mas isto, assim, raramente tem acontecido. Se é que alguma vez aconteceu desde 1976 (e passados os tempos do PREC).

O que estava em causa era um artigo de opinião de um médico (Pedro Girão) sobre a medicina, a ciência e as suas opções, e a sua família. O autor contestava também o que, por referência à História (e à história da Igreja Católica e do seu Santo Ofício), posso classificar como "ciência oficial".

O "Público" não gostou. Os que neste jornal, que já foi um modelo, escrevem têm de estar alinhados pelos cânones da "ciência oficial" que é, também, a "ciência" governamental. 

Descaradamente, o "Público" fez censura. E estupidamente, já agora, porque o texto maldito ganhou maior amplitude com este gesto. Não estamos no Estado Novo, nem na sua versão marcelista. O que não chega à opinião pública por uma via chega por várias outras. E o artigo de Pedro Girão pode ser lido na íntegra aqui, no jornal on line Farol XXI.

Neste regresso a uma nova versão dos "coronéis" dos lápis azuis, o "Público" não se enterrou a si próprio. Enterrou também, e ainda mais fundo, o jornalismo. 

Jornalismo esse que, como já expliquei, é mais jornalixo do que jornalismo. Onde se proíbe um médico de escrever sobre medicina enquanto se estimula um oficial de marinha e pronunciar-se sobre... epidemiologia.



Sem comentários: