sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Rua de Camões: a culpa é do Juncker, que deu cabo das lojas locais...








aqui escrevi sobre os vergonhosos atrasos nas obras (que, verdadeiramente, também não se percebe para que servem... mas que já em 295 mil euros) na Rua de Camões, em Caldas da Rainha.
A "Gazeta das Caldas" dedica ao assunto duas páginas na sua edição de hoje, com um título significativo na primeira página "Obras na Rua de Camões são mais um caso de desorganização". Note-se: "mais um caso". Há outros casos, portanto. Ainda bem que a "Gazeta" sabe disso.
E a culpa, sabiam?, é de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.
Vem na última página, na pouco esclarecedora coluna "A Semana do Zé Povinho", com críticas acerbas a este político a quem o jornal, num pormenor de elevação, chama "sonso", com referências aos "cadáveres de empresas que não aguentaram tão drástico tratamento"... Devem ser as da Rua de Camões que não conseguiram sobreviver às obras que, como é costume, lá vão levando meses de atraso com pretextos e argumentos pouco dignificantes

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Qual é a situação económica e financeira da Câmara Municipal de Caldas da Rainha?


José Rafael Nascimento, do Movimento Viver  o Concelho, de Caldas da Rainha, fez ontem, quarta-feira, uma pergunta pertinente no Facebook: 
 
O senhor presidente da Câmara afirmou [na reunião da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha], com grande veemência, que não tem dinheiro para obras urgentes, como é o caso do asfaltamento de ruas e estradas da cidade e das freguesias.
Mas o que vimos no último ano? A gastar dinheiro a rodos para comprar terrenos e edifícios, para financiar carnavais e eventos privados, para oferecer subsídios discricionários a associações e colectividades, para contratar fotógrafos e outros serviços que a autarquia pode/deve realizar, para enterrar dinheiro em projectos falhados, etc, etc, etc.
O Dr. Tinta Ferreira herdou uma autarquia com uma situação financeira que se dizia em bom estado. Como terminará 2015 e o seu mandato?
 
Não há resposta ou, se há, não a teve José Rafael Nascimento no seu espaço do Facebook. E isso, como aliás já é notório, tende a ser preocupante.
A cidade de Caldas da Rainha foi transformada há quase dois anos num estaleiro de obras faraónicas que custam milhões de euros (e se há fundos comunitários para as pagar, o certo é que compete ao Estado-membro beneficiado entrar com uma parte).
Mas tudo o resto que afecta mais directamente as pessoas (das pinturas das passagens de peões às reparações de ruas e estradas, passando pela rede de abastecimento de água) está por fazer, tanto na capital do concelho como nas desprezadas freguesias do "interior".
Já defendi aqui, há um ano, que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha devia prestar contas (contas políticas e contas económico-financeiras) aos munícipes sobre estas obras e sobre tudo o que, em termos contabilísticos, lhes está associado.
O presidente da câmara, Tinta Ferreira, e o seu vice-presidente, Hugo Oliveira, nunca o quiseram fazer.
E essa recusa objectiva de prestar contas permite que se levantem todas as dúvidas, todas as suspeitas e todas as desconfianças sobre a situação real de uma câmara municipal que, na anterior gestão municipal (também do PSD), se orgulhava de ter dinheiro e de poder manter os impostos baixos. 
A situação tende a ser tanto mais grave quanto a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal decidiram ficar com as despesas decorrentes da reabilitação do Hospital Termal.
É um negócio que custará aos caldenses um milhão de euros por ano e que, confessadamente, assusta o próprio presidente da câmara. 
E se é estranha a recusa deste poder municipal de prestar contas, talvez mais estranho seja que as oposições (e vamos dizer que com excepção do MVC, atendendo à intervenção de José Rafael Nascimento) não levantem problemas nem interroguem, publicamente, a gestão autárquica de Tinta Ferreira e de Hugo Oliveira: não se lê, não se ouve nem se vê da parte do CDS/PP, do PS e do PCP qualquer tipo de preocupação pela defesa dos interesses dos contribuintes caldenses.
 
 
*
 
Na véspera da abertura de um parque de estacionamento subterrâneo que é absolutamente desnecessário, e que o mais certo é nunca vir a ter movimento que pague a sua construção e a sua exploração, é útil recordar tudo o que aqui escrevi sobre o buraco que pode vir a tornar-se a única imagem de marca, e símbolo, de Caldas da Rainha.
É possível que o previsível descalabro da situação económica e financeira da Câmara Municipal de Caldas da Rainha tenha muito a ver com esta obra delirante.
 
 
Expliquem-se, senhor presidente e senhor vice-presidente...
 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Amanhã, quarta-feira, "Angola e Dinheiro"

 
Apresento "Angola e Dinheiro" (Rui Costa Pinto Edições, 3.ª edição) na FNAC do Centro Comercial Vasco da Gama, às 18h30:  




 
 
 

Pronto, acabou-se a pornografia


 
Segundo o Blogger, já não se pode ter nudez, pornografia e coisas "para adultos" neste blogue, como nos outros, a não ser que ele fique restrito.
Com esta restrição à pornografia, será que ainda posso falar de coisas como o Syriza, o BE, José Sócrates, Jerónimo de Sousa, Arménio Carlos e outros que tais? Ou será que se lhes aplicarão essas restrições se eu apresentar esta gente nua?
A dúvida angustia-me...


Adult content policy on Blogger

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

À atenção da ala esquerda

 
Não se consegue perceber que o novo governo grego tenha conseguido afirmar algumas das suas reivindicações revolucionárias no acordo com os restantes países da União Europeia.
Há, no entanto, uma legião de boas almas ditas "de esquerda" que acham que (a) o novo governo grego é que ganhou ou (b) o novo governo grego não ganhou porque não o deixaram ganhar.
Conseguirão essas boas almas perceber que o novo governo grego, esgotadas as manobras "fashionistas", não quis tomar nenhuma posição de força? Ou seja, não quis confiscar bens estrangeiros, depósitos bancários (os que ainda vão restando...), fechar fronteiras, prender e espoliar os detentores de fortunas e decretar uma mobilização militar contra os outros países da União Europeia. E não o fizeram porquê?
Para o perceberem deviam ler, que se calhar  nunca leram, os escritos (alguns deles bem mais sólidos e estruturados do que outros) de Lenine, Estaline, Mao Tsé-Tung, Enver Hoxha, Ho Chi Minh e Vo Nguyen Giap, por exemplo, que, conseguiram unir a teoria à prática e fazer as suas próprias revoluções.
De passagem, também só lhes faria bem lerem "O Radicalismo Pequeno-Burguês de Fachada Socialista", do português Álvaro Cunhal que, teórico e prático, também tentou fazer uma revolução que acabou por esbarrar na mesma democracia burguesa em que esbarraram os radicais pequeno-burgueses de fachada socialista do Syriza.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Mais uma musa para a galeria das musas da Revolução








 


Quem será a próxima?

Uma informação da GNR


Sobre o caso que aqui relatei, de um cão que me pareceu estar ao abandono na antiga Fábrica de Rações Avenal (embora preso a uma casota sem condições), recebi da GNR a seguinte comunicação depois de ter apresentado a devida denúncia ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR:



 
Registo a intervenção da GNR, que agradeço, e também que o cão já deixou de estar nas condições em que o mantinham preso (e que eu documentei com fotografias no mesmo "post"). Espero que possa viver pelo menos um pouco melhor.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dignidade

Há muitos políticos em que não votei e não votarei, ou em que (tendo votado) votei e nunca mais votarei. Há políticos que me merecem muitas críticas e muitas reservas, quer no que dizem quer no que fazem. Há políticos de cuja honestidade desconfio e que gostaria de ver investigados e com fundamento.
Mas as minhas reservas e as minhas críticas tomam sempre em consideração um pormenor: no caso de um Presidente da República, de um primeiro-ministro e de membros de outros órgãos de soberania, há limites (políticos, sociais, culturais e legais) que não se podem ultrapassar. Além disso, no debate político que caracteriza a democracia, não pode haver lugar para a confusão entre traços mais questionáveis de personalidade e as opções políticas.
Esses políticos não só representam o país e o Estado como foram eleitos por uma parte significativa dos outros cidadãos. Criticá-los é uma coisa, insultá-los é outra: é insultar o país, o Estado e o povo.
É por isso que me faz uma certa confusão como é que há pessoas que até podem considerar-se cultas e que têm actividades profissionais que lhes permite serem consideradas "intelectuais" ou que, como professores, andem (suponho eu) a reprimir os seus alunos quando estes falam mal ou se portam mal, e que deixam o pé escorregar para a chinela em delírios verbais histéricos, grosseiros e, muitas vezes, escritos com erros de ortografia.
É, para mim, uma questão de dignidade: a nossa e a de quem nos representa a todos e, por essa via, a dignidade do país.
E, ainda, da dignidade que a cobardia mata. Porque a grande maioria dessa gente, se não toda ela, ficaria transida de medo de pronunciar as suas opiniões insultuosas se o tivessem de fazer cara a cara contra os alvos das suas ridículas iras. Ou seja, mostram com isso a sua própria falta de dignidade.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O galheteiro pessoal

 
Num restaurante popular a que vou com alguma frequência (e a sua modéstia não lhe retira dignidade) vejo às vezes alguns homens de boné enfiado na cabeça. 
Pelo aspecto, são de origens diversas e estatutos sociais diferentes mas convergem no mesmo: usam um boné enfiado na cabeça como se já fizesse parte do organismo e mantêm-no no sítio durante toda a refeição. Pela aparência devem viver com o boné na mona durante as vinte e quatro horas do dia e nem no banho (se é que o tomam...) o retiram.
Agora, no ginásio que frequento, já é a segunda vez que me deparo com um sujeito que também não larga o boné. Ou tem vários iguais ou então é sempre o mesmo. O boné, que até fica a matar com os dentes de cima tipo tira-cápsulas, também não lhe deve sair nunca da cabeça. 
A avaliar pelo cheiro que também rodeia estas criaturas, penso que a explicação para o uso  maníaco do boné é afinal relativamente simples. Eles empregam os bonés como galheteiros pessoais, espremendo-lhes um cantinho para conseguirem extrair do seu tecido um elemento natural: o óleo necessário para temperarem as suas saladas.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Desisto

 
Lembro-me, em miúdo, de ver na televisão duas séries que, nem pelo facto de serem praticamente inexistentes quaisquer alternativas, me interessaram. Uma era "Shenandoah" (teria sido este o título português de "A Man Called Shenandoah") e a outra "O Fugitivo".
Na primeira, um homem amnésico percorria o "Wild West" à procura da sua identidade. Na segunda, um homem acusado de matar a mulher andava à procura do verdadeiro assassino.
A primeira durou pouco menos de dois anos, a segunda demorou quatro anos. O elemento-chave era decepcionante, irritante e frustrante: andavam os dois literalmente à procura da rolha. Nada acontecia que fosse essencial para a história.
O episódio de ontem de "The Walking Dead", como o de há uma semana (os episódios 9 e 10 quinta temporada), já padece do mesmo mal.
O pequeno grupo de sobreviventes anda à procura de qualquer coisa que, se sabemos, rapidamente se esquece. Há uma semana, o episódio todo foi sobre a morte de um deles. O de ontem foi... a propósito de qualquer outra coisa.
E eu, espectador interessado, desisto de "The Walking Dead". Já gostei mas esvaiu-se-me a paciência nesta "zombificação" de uma série que teve, em tempos, algum mérito.
 
*
 
O mesmo, já agora, me aconteceu com "Under the Dome", de que desisti no terceiro ou quarto episódio da segunda temporada.
A primeira temporada era interessante, a segunda optou por uma versão muito específica da "procura da rolha": acontece qualquer coisa estranha, naturalmente por causa da cúpula, e enquanto houver imaginação, vai-se fazendo.
O prolífico Stephen King tem uma obra extensa de grande mérito, e com títulos notáveis, mas dá mau resultado quando se põe a escrever directamente para a TV ou para o cinema.

 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

À dúzia é mais barato? Ou pague um e leve três?

A "esquerda" não gosta dos "mercados" mas cultiva o "laissez faire, laissez passer" com a perícia de corretores da Bolsa.
Veja-se só: o PS anda geralmente unido mas percebem-se os incómodos que no seu interior se agitam como minhocas (Costa afinal não compensa Seguro, o ídolo está preso, não tem candidato a Presidente da República); o PCP vive numa ilusão; e por isso o BE fragmenta-se e fragmenta-se, nascem o "Livre" e os vários "Podemos" locais e animam-se as várias tendências que são ou foram ou serão do BE, Marinho e Pinto arranjou um partido só para ele e uma criatura que foi "ex", e que se distingue pelo seu penteado abrilhantinado, também quer um para ele.
Andam todos à procura do mesmo numa lógica de mercado (o que é perfeitamente legítimo): dos clientes que são um eleitorado que por vezes se deixa tentar por alguns desalinhados (PRD, Fernando Nobre, Manuel Alegre) porque não encontra melhor no momento; das receitas que são um lugar na política; do lucro da ilusão de virem a ser o "Syriza" ibérico (como há quem queira ser padre, astronauta ou actor de cinema).
Podem baralhar os resultados das eleições deste ano, prejudicar-se eleitoralmente uns aos outros, chegar a ministros ou secretários de Estado, virar do avesso todas as sondagens e ganhar um destaque mais ou menos duradouro. Podem avançar todos, em regime de "à dúzia é mais barato" ou em alianças de "pague um e leve três" (como o conúbio dois-em-um do PCP com Os Verdes).
Mas quem conhece a história política de Portugal dos últimos quarenta anos não pode deixar de olhar para esta animação com um cepticismo do tamanho do mundo.  

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

"Arrow", "The Flash" e o dilema de "Gotham"

 
A série televisiva "Arrow" (AXN) tem como principal personagem o Arqueiro Verde (Green Arrow), um dos super-heróis secundários da DC. Adaptou o seu universo narrativo a uma visão "jovem adulto" e conseguiu ir introduzindo outras personagens da DC.
A série "The Flash" (RTP) estreou-se quando "Arrow" já tinha o seu êxito garantido e os produtores, que são os mesmos, cruzaram as duas séries. No universo da DC, o Arqueiro Verde dá-se bem com o Flash (ou, pelo menos, o Flash de Barry Allen, porque há vários) e com o Lanterna Verde (Green Lantern). Na banda desenhada já houve vários Lanternas Verdes mas o mais recente é um negro chamado John Stewart e há alguma esperança de que John Diggle, camarada de armas sem uniforme do Arqueiro Verde nesta série e de que se especula poder ter "Stewart" como nome do meio, possa vir a ser o Lanterna Verde. É uma hipótese sugestiva.
"Arrow" e "The Flash" apresentaram os super-heróis titulares praticamente desde o início. E estão a revelar-se um (merecido) êxito.
A opção de "Gotham" (Fox, talvez um dia destes regresse) foi diferente. Batman é apenas o ainda muito jovem Bruce Wayne, o herói da série é James Gordon mas vão aparecendo alguns dos futuros inimigos de Batman.
O dilema de "Gotham" é este: respeitando o quadro temporal da história, Bruce Wayne só será Batman daqui por uns vinte anos. E, entretanto, a série vive de quê? De James Gordon, do Pinguim, talvez do Joker? É um daqueles casos em que, sem um golpe de génio, a série pode vir a ser cancelada, apesar de como simples série policial, não ser má de todo.





 
 



 
Conhecem-se todos, no papel. Na televisão ainda não...

E porque não a 30 de Fevereiro? Ou a 1 de Abril?




 
As obras da nova imagem de marca de Caldas da Rainha deviam estar concluídas em Julho de 2014.
Foram-se atrasando mês após mês.
Agora, diz o presidente da Câmara que resolveu enfiar a dignidade da capital do concelho debaixo da terra, até já há inauguração prevista.
28 de Fevereiro. Pois. Podia ter anunciado para 29 de Fevereiro, deste ano. Ou 30 de Fevereiro. Ou 1 de Abril (o que seria bem mais apropriado). Ou mesmo Julho de 2017, a pensar nas eleições, com um bolinho de três velas...


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sessão sobre literatura, e outros temas, na Escola Raul Proença


Literatura (incluindo "Os Maias" e Aquilino Ribeiro), o romance policial, a minha experiência de autor e as minhas histórias, passando por alguns apontamentos sobre cinema e jornalismo, foram os temas predominantes de uma conversa bastante animada com estudantes da Escola Secundária Raul Proença (Caldas da Rainha), ontem de manhã, a convite do professor João Daniel Pereira no âmbito da Semana Raul Proença.





 
 
 
 
As fotografias foram tiradas pelo professor Edgar Ximenes.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

O grande equívoco do Serviço Nacional de Saúde

 
Segundo as estatísticas da Pordata há hoje, neste preciso momento em que escrevo, 10 386 593 pessoas a habitarem em Portugal.
Segundo o "Expresso" desta semana (que não cita a fonte de numerosos indicadores sobre a saúde, mas que podemos supor ser o Ministério da Saúde), há 5,8 milhões de utentes do Serviço Nacional de Saúde isentos de taxas moderadores, número que é superior em 1,5 milhões ao de isenções concedidas em 2014.
Tomando como certo este número de 5 800 000 isentos, significa que haverá 4 586 593 utentes do SNS (por referência ao número da Pordata) que pagam as taxas moderadoras. Ou seja, menos de metade dos utentes do SNS pagam directamente os serviços médicos que eles próprios procuram e os dos outros, desses 5,8 milhões.
Falamos aqui em pagamentos directos porque há os pagamentos indirectos, através do IRS, que "abastece" o Orçamento de Estado. E todos pagam por aí? Também não. Mais de 50 por cento das famílias não pagam IRS.
Voltando atrás, verifica-se que as taxas moderadoras pagas por essa minoria são iguais para todos. Para os que ganham 700 euros como para os que ganham 7000.
Uma consulta de médico de família num centro de saúde custa 5 euros para quem ganha 700 euros como para quem ganha 7000.
O SNS tem falta de instalações, de equipamentos, de medicamentos, de pessoal. É natural, quando se percebe, e mesmo sem ir aos pormenores contabilísticos, que há um défice de base no seu financiamento.
É fácil culpar a "austeridade", os governantes "maus" e quem mais estiver à mão de semear porque é muito mais difícil tomar uma posição que é, basicamente, esta: pagar mais para ter melhores serviços.
Só que ninguém o assume.
Não o assumem os que enchem a boca com a justiça social, os políticos da oposições e do governo vigente (sejam quais forem), a "esquerda" ou a "direita".
Não o assumem os que ganham mais e poderiam pagar bastante mais. Nem os que poderiam pagar um pouco mais.
Têm todos medo. Ou melhor, não "os" têm no sítio. Nem querem ter. É uma questão de cobardia pessoal com um cariz político.
O grande equívoco do Serviço Nacional de Saúde é este: um mecanismo que funciona quase na base da "borla" (e, como tal, muito portuguesmente, aceita-se que não seja satisfatório) e que ninguém tem a coragem de abordar com realismo e verdade. 
 
 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Mais do mesmo, entre atrasos e silêncios


A imagem de marca de Caldas da Rainha vai ser um buraco numa praça...
 
... Até podemos citar a insuspeita "Gazeta das Caldas", de hoje: as obras começaram em Dezembro de 2013 e deviam estar concluídas em Julho de 2014; em Setembro de 2014 o presidente da Câmara Municipal garantiu que ficariam concluídas no final de Novembro; em Dezembro dizia que era em Janeiro; em Janeiro dizia que era em Fevereiro.
Agora, parece, o presidente da Câmara já nem diz nada.
Isto é a tal "obra do regime" (um parque estacionamento subterrâneo, ou seja, um buraco) de um presidente camarário que garantia ser a "nova dinâmica", responsável pelo lançamento de um plano de obras públicas que esventrou a capital do concelho e que só parece beneficiar as empresas privadas que as fazem, que não presta contas do que se faz e não faz, que não esclarece os motivos dos atrasos de obras onde, praticamente, não se vêem progressos semana após semana.
E o interessante é que aqueles que são rápidos a pedir a demissão de dirigentes do Estado por dá cá aquela palha nem se mostram indignados com isto. Será porque já se acomodaram?
 
 
Um estranho critério jornalístico - Mesmo sabendo-se da amizade que parece unir o director da "Gazeta das Caldas", Almeida Silva, e o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, é grotesco que, destacando o jornal na primeira página mais este atraso nas obras de "degeneração urbana" de Tinta Ferreira, acabe por ignorá-lo na pouco consensual "Semana do Zé Povinho". Onde, por exemplo, ataca o vice-presidente, Hugo Oliveira, por outra matéria (a contratação de "jotas", igualmente pouco abonatória para o visado) que tem um destaque jornalístico do mesmo nível: as páginas centrais e uma chamada na primeira.
 
 
 
 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Yankees, go home... mas deixem qualquer coisinha


Que a "esquerda" já não é o que era mostra-o a crispação que, por agora, ainda só une os sindicalistas do PCP e o PS que rege a Região Autónoma dos Açores em torno da decisão norte-americana de reduzir a sua presença na base das Lajes. É natural que outros se lhes juntem, de mão estendida, disfarçando com críticas ao governo português, resumidamente porque "não fez nada".
Só que nenhum país pode, ou deve, viver na dependência da presença militar estrangeira no seu país, salvo se essa presença (legitimada ou não pelo país e /ou pelas autoridades que o dirigem) tiver um intuito claramente protector num quadro de guerra mais ou menos localizada.
A base militar das Lajes, por muito proveito que possa ter trazido aos açorianos durante dezenas de anos, é um símbolo e uma marca dessa presença, numa perspectiva daquilo que pode ter sido entendido como um “pacto de agressão” cristalizado na criação da NATO e do conflito, tornado desnecessário em 1989 pela queda do Muro de Berlim, entre o que na altura foi designado por “mundo livro” e o que também na altura era considerado o “socialismo real”.
Os EUA e o seu poder militar (salvo, talvez, na perspectiva, que os próprios rejeitam, do império benévolo inteligentemente caracterizado pelo historiador Niall Ferguson) não podem ser o sustento de uma região ou de um país estrangeiros. E compete aos próprios encontrarem alternativas.
Usar as dificuldades dos trabalhadores portugueses da base e a dependência regional dessa presença militar para exigir, num quadro de autonomia regional, ao governo de Lisboa que imponha condições que não parece ter legitimidade para impor (nem sequer no domínio do direito internacional) é um pouco tonto e acaba por traduzir-se, muito objectivamente, numa defesa da presença militar estrangeira em território português.
Exigir aos EUA (se essa exigência não tiver sido contemplada no acordo de cedência dessa parcela de território) que sustente a população das Lages, que é na prática o que acontece, é um pouco absurdo e conduz, por aqui, a uma veneração “contra natura” desse imperialismo que o PCP, o "pai" da GCTP e dos seus sindicatos, combateu.
E, já agora, não será o encerramento da base das Lages uma maneira de impedir que os “yankees” “maus” disponham de uma plataforma que lhes permita transportar armas, munições e soldados para territórios ainda mais longínquos do continente americano?...
 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ordálio democrático e a "Lei Barreto" - o meu artigo no Tomate





O meu artigo "O ordálio democrático e a 'Lei Barreto'" no blogue Tomate, que pode continuar a ser lido na íntegra aqui:
 

Há uma tendência – popular, populista, demagógica e totalitária – que defende a prisão como cura de todos os males da política (e, supõe-se, de tudo o resto).
Actual, contemporânea, muito portuguesa. 
A lógica mínima é esta: não é necessário julgamento porque, das duas uma, o malandro em questão salvar-se-á sempre ou então os juízes são “corruptos”, isto é, serão pagos pelo malandro para o declararem inocente. A lógica máxima é pior: dispensam-se prisões preventivas (aplicadas de acordo com os fundamentos da lei), julgamentos, testemunhos, recolha de provas, formalidades processuais e toda a espécie de formalismos. Basta a suspeita, o diz-que-diz, a notícia (de um jornalismo pobre que desistiu da investigação jornalística…), o rumor, o dedo esticado ou, sinal dos tempos, o Facebook: houve crime. (...)


Uma imagem da contestação à "Lei Barreto": odiado pelo PCP, até podia ter sido preso...
 
 
 

A Empire Film Company e uma história de vigaristas no eBay

 Quis comprar a primeira temporada da série televisiva "Fargo", inspirada na longa-metragem de 1996 com o mesmo título (que é uma interessante história de vigaristas contada pelos irmãos Joel e Ethan Cohen), mas o resultado não foi apenas o respectivo DVD mas uma história complexa de um vendedor do eBay.
Eis os pormenores:
 
No eBay, que passei a frequentar desde que desisti da Amazon inglesa por insistir na utilização da distribuidora Seur em Portugal, comprei o DVD a um vendedor designado por Empire Film Company. O nome é imponente, sem dúvida, e até faz lembrar a revista inglesa de cinema "Empire".
O custo incluiu portes de correio (para o envio pelo Royal Mail, os correios ingleses) mas não foi pelo correio que recebi o que pode ter sido, ou não, o DVD pedido. Quer dizer, foi "Fargo", de facto, mas de forma bastante diferente.
Recebi o DVD depositado na caixa do correio pela distribuidora MRW e com origem na Amazon, trazendo a menção expressa "Gift from Amazon", ou seja "Um presente da Amazon".
A dúvida era legítima: então eu pago o DVD e os portes de correio e recebo o DVD como "presente da Amazon"?!
O diálogo com a pomposamente designada Empire Film Company, cuja presença no Facebook se limita a um post em 2013 e não parece ter site próprio, foi inútil.
O argumento desta pitoresca gente, que chegou a afirmar que o Royal Mail não fazia serviço no estrangeiro!), foi sempre o facto de ter recebido o DVD, o facto de ter sido "presente" não quer dizer nada e só seria grátis se tivesse a menção de "free" ("grátis"). Estranhamente, ou não, o eBay deu cobertura à sua argumentação.
Fiquei sem conseguir esclarecer a questão mas a pensar se não haveria qualquer tipo de negócio da dita Empire Film Company com a Amazon, que lhe permitia enviar os objectos comprados sem custos adicionais, ficando no entanto, com o dinheiro dos portes do Royal Mail. Ao mesmo tempo também fiquei com a ideia de que, existindo realmente a empresa, pode ter nascido para uma coisa (filmes) e acabou por ficar reduzida a outra (venda de DVDs). Ou a utilização, fácil demais, da designação "Empire" pode ter chocado com o uso da mesma designação por outras empresas existentes há mais tempo. Não sei se será isso, ou não.
Como a experiência foi má e nem sequer me foi permitido expressar o meu desagrado na avaliação do vendedor no eBay, porque as minhas classificações foram apagadas, ficam o registo público e o aviso: não se metam com a dita Empire Film Company.