A "esquerda" não gosta dos "mercados" mas cultiva o "laissez faire, laissez passer" com a perícia de corretores da Bolsa.
Veja-se só: o PS anda geralmente unido mas percebem-se os incómodos que no seu interior se agitam como minhocas (Costa afinal não compensa Seguro, o ídolo está preso, não tem candidato a Presidente da República); o PCP vive numa ilusão; e por isso o BE fragmenta-se e fragmenta-se, nascem o "Livre" e os vários "Podemos" locais e animam-se as várias tendências que são ou foram ou serão do BE, Marinho e Pinto arranjou um partido só para ele e uma criatura que foi "ex", e que se distingue pelo seu penteado abrilhantinado, também quer um para ele.
Andam todos à procura do mesmo numa lógica de mercado (o que é perfeitamente legítimo): dos clientes que são um eleitorado que por vezes se deixa tentar por alguns desalinhados (PRD, Fernando Nobre, Manuel Alegre) porque não encontra melhor no momento; das receitas que são um lugar na política; do lucro da ilusão de virem a ser o "Syriza" ibérico (como há quem queira ser padre, astronauta ou actor de cinema).
Podem baralhar os resultados das eleições deste ano, prejudicar-se eleitoralmente uns aos outros, chegar a ministros ou secretários de Estado, virar do avesso todas as sondagens e ganhar um destaque mais ou menos duradouro. Podem avançar todos, em regime de "à dúzia é mais barato" ou em alianças de "pague um e leve três" (como o conúbio dois-em-um do PCP com Os Verdes).
Mas quem conhece a história política de Portugal dos últimos quarenta anos não pode deixar de olhar para esta animação com um cepticismo do tamanho do mundo.
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