segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Os amanhãs que já começam a cantar

Já se vai percebendo que vai haver mais dinheiro em 2015 (alterações em sede do IRS e nos cortes das pensões, aumento do salário mínimo nacional e reposição dos cortes nos salários da função pública) porque o PSD e o CDS vão tentar não perder as eleições do próximo ano.
Agora também se pode calcular que em 2016 vamos continuar a ter mais dinheiro. António Costa e a clique do PS que o viu como uma boa "barriga de aluguer" para regressar ao poder (e que o deve conseguir fazer nas eleições de 2015) vão pôr oficialmente fim à política de austeridade e dar-nos a todos mais dinheiro para 2016 e para os anos seguintes, para garantir um bom resultado nas eleições presidenciais e para continuarem no Governo.
A conta da estadia no paraíso dos "amanhãs que cantam" deve chegar-nos uns três anos depois. Como já é hábito.

domingo, 28 de setembro de 2014

Sobre a necrofilia, a propósito de "Alabardas"

Uma obra criada por um autor é, para mim, um objecto completo.
Como leitor ou espectador de cinema, interessa-me a história completa, o livro tal como o escritor o escreveu e foi depois publicado, o filme tal como o realizador, o argumentista e o produtor o tornaram possível. É desse modo que um e o outro objecto são postos à disposição do público.
Posso ter interesse no livro ou no filme inacabados, no "director's cut" de um filme ou no romance que, por razões alheias à arte, o editor não publicou. Mas, nestes casos, a minha curiosidade advém do conhecimento que possa ter das outras obras do autor e da curiosidade de confrontar uma obra incompleta com todas as outras ou da sua relevância histórica, cultural ou mesmo política.
Serguei Eisenstein teve planos, aparentemente, para um terceiro "Ivan, o Terrível" e desse projecto só restou um fragmento. As suas filmagens no México deram origem a duas versões diferentes, construídas já depois da sua morte com vinte anos de distância. Vi uma delas e não me entusiasmou como "Ivan, o Terrível" ou "O Couraçado Potemkin" ou mesmo "Alexander Nevsky". Não era Eisenstein, era apenas uma parte de um seu trabalho.
José Saramago deixou uma história inacabada que seria, as informações não coincidem, novela ou romance. Melhor: a história, com três capítulos, não está inacabada. Está apenas começada. Haverá quem queira conhecer o texto, haverá quem, sabendo que ele não termina, não o queira conhecer.
As herdeiras de Saramago e a editora que agora detém os direitos das suas obras não foram dessa opinião e os três capítulos aparecem agora em livro. Não por si, como uma obra completa, mas acompanhadas (pela descrição) de vários outros textos que já permitem transformar três capítulos num livro... comercializável.
E é aí que nasce a dúvida. Estes três capítulos representam na sua integralidade o projecto do autor (morto antes de poder dar seguimento à história)?
Sabemos, aparentemente, qual é a última linha de diálogo com que a história terminaria mas nunca a leremos. Porque não existe.
E, nesse caso, não teria sido preferível respeitar a natureza e respeitar o autor, mantendo a reserva sobre uma história por escrever?
Ou, então, optando-se pela sua divulgação (para a qual o autor não foi consultado), não teria sido de maior lisura oferecer os três capítulos aos potenciais interessados, disponibilizando-os gratuitamente? Poderá dizer-se que, desse modo, o autor não seria remunerado pelo trabalho feito. Mas o autor, já ausente deste mundo, nunca poderia usufruir dos seus proventos. E, sendo Saramago um vigoroso combatente do capitalismo, não se justificaria que, em sua memória, prescindissem o editor e as herdeiras dos lucros da publicação, que será decerto muito mais aliciante para os estudiosos da sua obra e para os seus fãs indefectíveis?
É que, não sendo esse o caso, a iniciativa da publicação de "Alabardas", a versão curta do que seria o título original ("Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas") da história que ficou por escrever, assemelha-se a um exercício de necrofilia. Obviamente lucrativo.  

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A gazeta do conúbio


As obras na Praça da Fruta de Caldas da Rainha deviam estar prontas no final deste mês (Setembro), data que já representava um atraso significativo relativamente ao previsto (Junho). Estarão prontas no fim de Outubro.
O faraónico parque de estacionamento subterrâneo devia estar pronto no final de Outubro. Não está, será só em Novembro.
O conjunto de obras municipais que transformou a cidade em estaleiro começou antes do Verão de 2013. Devia estar tudo acabado até 31 de Dezembro deste ano. Não está. Vai tudo até 31 de Março de 2015.
O presidente da Câmara Municipal invoca a chuva com o mesmo fervor com que os antigos olhavam para o céu e viam manifestações divinas nos fenómenos meteorológicos.
Este presidente de câmara é uma desgraçada vítima das intempéries e dessa coisa misteriosa que é a chuva. Só pode.
Deve ser por isso que a "Gazeta das Caldas", que dá sempre a notícia dos sucessivos atrasos com a solenidade de uma mensagem de Natal do Chefe do Estado, não critica o faraó caldense. Só pode.
Porque, na mesma página em que dá notícia (mais uma vez) destes novos atrasos, a "Gazeta" critica, com a fúria de quem não acredita que há vozes que não chegam ao céu, dois ministros.
Pelas coisas que terão feito e que provocaram, nas suas áreas de competência, aquilo a que se chama... atrasos.
O conúbio entre o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha e a "Gazeta das Caldas" há de ter um motivo que transcende, decerto, a amizade (coisa complexa na política), uma identidade de confissão ou de profissão de fé ou uma convergência de interesses económicos.
Só pode.
Porque é tão óbvio, tão descaradamente óbvio, que eu, como leitor e assinante do periódico (e com todo o respeito profissional pelos jornalistas profissionais que nele trabalham), até me sinto às vezes embaraçado quando vejo isto...





Fenómenos da natureza?
 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Esclarecimento a alguns idiotas


Parece que há quem duvide da legitimidade do autor deste blogue para se pronunciar sobre o que se passa na pequena freguesia da Serra do Bouro, no concelho de Caldas da Rainha, a propósito de algumas coisas  que se vão passando (como esta) e que se vão agravando desde que a freguesia foi, na prática, estupidamente anexada por uma freguesia da cidade que é a capital do concelho.
Acontece que a Serra do Bouro é território português e que, embora haja quem não goste (como foi o caso de um pouco ético ex-presidente de junta e da sua falange de apoiantes), os direitos e as liberdades constitucionais aplicam-se a esta freguesia e ao concelho de Caldas da Rainha (o que, pelos vistos, também desagrada aos "patrões" da Câmara Municipal).
Acontece ainda que estou recenseado, e desde Julho de 2007, na freguesia da Serra do Bouro (com o número B-1033) e que, como é evidente, pago neste concelho os meus impostos e as taxas a que estou obrigado.
Não sendo necessário dizê-lo para me pronunciar sobre aquilo que quero, com uma boa latitude de aceitação de comentários, fica aqui o esclarecimento.
Com uma nota adicional, já agora: penso que a minha intervenção, até pelo modo como se percebe que incomoda os interesses instalados da "nova dinâmica" e dos seus aliados, tem a vantagem de ser por vezes mais eficaz do que a participação em reuniões públicas; e que, além do mais, tem uma vantagem ainda muito maior, que é a de não me obrigar ao acto pouco saudável que seria o contacto directo com os idiotas a quem endereço este esclarecimento.
 
 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Porquê?


As inundações da passada segunda-feira na capital do concelho de Caldas da Rainha foram, inevitavelmente, notícia no "Jornal das Caldas" que saiu hoje (e que por acaso chegou à minha caixa de correio...).
 
 



A descrição é sucinta, as fotografias são vagamente ilustrativas e os casos mais evidentes nem merecem referência.
Mas, mesmo assim, falta saber uma coisa: porque é que isto aconteceu?
Só que saber o "porquê" das coisas que têm directamente a ver com a incompetência dos gestores da Câmara Municipal de Caldas da Rainha é areia demais para a camioneta da comunicação social caldense.


Cagando e andando... mas desportivamente

Num local da cidade de Caldas da Rainha foi criado um "parque fitness" com equipamentos para actividades desportivas.
A iniciativa foi da estrutura municipal agora designada por União das Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, cujo presidente (de junta de freguesia) garante, todo contentinho da Silva, ser "sem dúvida uma mais-valia na promoção de hábitos de vida saudáveis que incluem a prática regular de actividade física".

O "Jornal das Caldas", que publicou a notícia, também não deve saber
que há mais vida fora da cidade

Acontece que a dita união engloba duas freguesias: uma na cidade, Santo Onofre, e a outra de fora da cidade, Serra do Bouro (à intransponível distância de cerca de 15 quilómetros da cidade, que é capital do concelho), "unidas" por cima de uma terceira freguesia e no mais absoluto desprezo por quem ficou fora da cidade.
Aliás, e como neste caso se percebe, a coisa só aproveita a quem mora na cidade.
Os residentes da distante freguesia da Serra do Bouro (longe da vista, longe do coração...) podem dedicar-se, como desporto, a... limpar as valetas que os poderes públicos não limpam, por exemplo.



E se o presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro
viesse fazer um bocadinho de desporto à Serra do Bouro a desentupir as valetas?

Este é um dos resultados da idiota "agregação de freguesias" de Caldas da Rainha, que só aproveita (por esta ordem ou outra) a quem mora na cidade e a quem abichou os cargos. Nunca aos munícipes.
Em termos práticos, e no que se refere ao desprezo votado às freguesias do interior rural, estamos definitivamente no regime do "cagando e andando". Desportivamente, claro...

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Infantilidades coloridas

 
Quem visite o site do que agora se chama Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) não decifra facilmente os "alertas" coloridos que se banalizaram desde que foram adoptados pela imprensa.
Sabe-se dos "alertas amarelos" e dos "alertas laranjas" (os mais comuns), não me lembro de ouvir falar em "alerta vermelho" (mas é natural que já tenha sido usado por ser o mais excitante) e do "alerta verde" (se há....) nunca ouvi falar. É possível que a explicação esteja aqui mas nada o garante.
O certo é que os "alertas" se tornaram coisas banais e parecem, até, ter substituído qualquer tipo de notícia sobre o estado do tempo.
É mais fácil dizer que a região X "foi posta sob alerta amarelo" do que dizer que pode chover na mesma região X.
A banalização atingiu ontem o paroxismo com a polémica entre um responsável (é como se costuma dizer...) da câmara de Lisboa a dizer que o IPMA forneceu um "alerta" com a cor errada e o IPMA, pelos vistos, a amuar em versão "alerta laranja" para uso interno.
Como as circunstâncias são sérias (as imagens da capital devastada pela chuva e os muitos prejuízos que hão de ter sido provocados), seria melhor que o debate, sempre útil, fosse feito com alguma maturidade e não com infantilidades coloridas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O que realmente interessa em Caldas da Rainha

 
Caldas da Rainha devia ser notícia pela herança de Bordallo Pinheiro, pela sua magnífica frente de mar (de elevado valor turístico), por uma Lagoa de Óbidos salva da destruição e devidamente reabilitada, pelo seu hospital termal.
Mas não é.
Há semanas foram notícia, num jornal nacional, as obras que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha quis fazer todas ao mesmo tempo na capital do concelho numa lógica de destruição maciça.
Hoje foram as inundações que alagaram também a capital do concelho, num local sem altos e baixos, sem rio perto, longe do mar.
Ou seja: o que existe no solo, se é que ainda existe alguma coisa de jeito, não foi capaz de escoar a água da chuva.
E é significativo que a chamada "fonte das rãs" (até ver, a única marca "bordalliana" de uma iniciativa que corre o risco de se afundar no charco da incompetência municipal), inaugurada com pompa e circunstância sem que o pavimento em redor tenha sido refeito, tenha apresentado hoje este sugestivo aspecto:
 
 

Os gestores municipais de Caldas da Rainha não conseguem fazer nada bem feito (foto retirada do blogue de tanto estarem..., de José Rafael Nascimento,
cuja visita e leitura recomendo)

domingo, 21 de setembro de 2014

O medo (das palavras) também já chegou ao Conselho Nacional de Educação...


Do meu artigo, "Homens com medo", publicado no n.º 19 (15.09.14) do e-magazine "Tomate" (que pode ser lido aqui na íntegra):
"(...) Até é possível que, globalmente, não haja professores a mais. Mas ninguém pode dizer, com veracidade, que não há professores a mais. Em função da diminuição do número de alunos, por força da diminuição da natalidade, num país pequeno onde há câmaras municipais capazes de se endividarem para fazerem obras sumptuárias sem cuidarem de encontrar, em articulação com o Governo, incentivos à fixação no interior, a questão deveria ser analisada e debatida.
(...) Só uma pequena parte dos professores contratados dos nossos dias é que poderá entrar no sistema nos próximos anos, por mais professores do quadro que se reformem ou que peçam a rescisão dos seus contratos. E isso devia obrigar os professores contratados a perceber uma coisa: ninguém, a não ser o Estado gigantesco e falido de que a 'esquerda' gosta mas que não quer suportar, contrata trabalhadores para eles não fazerem nada. Por muitos anos de trabalho que já tenham.
E isso mete medo. Mete medo aos próprios, a quem ninguém dirige um discurso de verdade. Como mete medo aos sindicatos dos professores, que praticamente já só vivem dos professores contratados. Já pouco têm a oferecer aos outros professores. E cada vez temem mais perder esse apoio, ou seja, as suas quotas. É delas que vivem os sindicatos e os seus dirigentes.
O problema também mete medo ao Governo, que foge de levantar uma questão inevitavelmente controversa e onde os sindicalistas berram mais do que o ministro, andando sempre no bolso com casos humanos pungentes e prontos a servir. 
O medo, sabe-se, emperra o raciocínio. Conduz ao desespero. Mário Nogueira e Nuno Crato são homens com medo. Pelas posições que ocupam, esperar-se-ia melhor deles, e das suas cortes."
Da introdução ao documento "Estado da Educação 2013" (19.09.14), do Conselho Nacional de Educação (que pode ser lido aqui na íntegra), com a curiosidade que é a variedade de leituras que pode ter uma formulação estilística redonda como "extremamente favorável": 
"(...) Mantém-se a tendência de diminuição da população escolar com especial incidência no Ensino Básico. Desde 2007 que o número de crianças matriculadas pela primeira vez na escolaridade obrigatória tem vindo a decrescer. Considerando a evolução das taxas de natalidade, não é previsível que essa tendência da população escolar venha a inverter-se de forma sustentada. (...) A população escolar total da educação e do ensino não superior regista uma quebra de 83 mil alunos relativamente a 2001.
(...) O número de professores em exercício no ensino público sofreu uma redução, durante os dois últimos anos letivos, de cerca de 22 mil efetivos. A estes teremos ainda de acrescentar 2,8 mil professores do ensino privado, o que perfaz um total muito próximo dos 25 mil professores a menos no sistema de ensino. As quebras mais acentuadas registaram-se entre os professores do 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário (cerca de menos 13 mil professores) e do 2º ciclo (cerca de menos 7 mil).
Em comparação com os efetivos registados em 2001/2002 identifica-se que o movimento de redução começou por incidir nos professores do 1º ciclo e só mais recentemente se alargou aos restantes ciclos.
Mesmo assim, a relação entre o número de alunos por cada professor no 2º e 3º ciclos e especialmente no Ensino Secundário continua a ser extremamente favorável (...)"



Há alguém capaz de explicar?





Haverá alguém (no Governo, na SPA, na Assembleia da República, nas empresas... de música) que consiga explicar como é que os autores (todos eles) vão receber os proventos do novo imposto da "cópia privada", se exercerem o direito constitucional de não estarem filiados na SPA nem em outras entidades do género?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A paciência é uma virtude




A J., à espera.

O interior fica sempre muito longe





 
Chafariz público semi-destruído, mas de onde ainda vai correndo água por um tubo de plástico, num largo de uma povoação da freguesia rural de Serra do Bouro, no concelho de Caldas da Rainha (a cerca de 10 quilómetros da cidade de Caldas da Rainha, onde se gastam milhões a alargar passeios).

Entrecosto grelhado, Macbeth, a Casa Branca e Kennedy/Clinton/Obama

Francis Underwood gostava imenso de comer tiras de entrecosto grelhado ao raiar do dia mas desistiu quando percebeu que isso seria um problema político. E eu, que sei onde se comem tiras de entrecosto tão boas como as do cozinheiro Freddy, compreendo o que lhe custa conservar o poder. 
Underwood foi vice-presidente dos EUA e é agora seu presidente e é do Partido Democrata, de que foi líder parlamentar no Senado. É difícil encontrar um presidente norte-americano com quem seja parecido porque Underwood é na realidade mais parecido com Macbeth. E não apenas por via da mulher, Claire.
Josiah Bartlet é uma fusão de John Kennedy com Bill Clinton mas sem Marilyn Monroe nem Monica Lewinski.
Prémio Nobel da Economia, é o presidente do Partido Democrata que todos os americanos gostariam de ter. E foi ele quem abriu a porta a um presidente de uma minoria étnica. Não ao Barack Obama de raízes africanos mas ao Matt Santos de raízes mexicanas tão bem interpretado por Jimmy Smits.


Martin Sheen como Josiah "Jed" Bartlet em "Os Homens do Presidente"
 

Kevin Spacey como Francis Underwood em "House of Cards"

Francis Underwood é o grande herói (sinistro e malévolo, claro...) da série americana "House of Cards" (2013-, admirável "remake" de uma série inglesa), interpretado por um magnífico Kevin Spacey com Robin Wright, no papel de sua mulher, formando os dois o perfeito casal Macbeth da política contemporânea.
E Bartlet, numa das melhores composições de Martin Sheen, é o presidente da série "Os Homens do Presidente" ("The West Wing", 1999-2006).
As duas séries são, à sua maneira, momentos extraordinárioas de televisão. E ambas demonstram, como tantas outras séries de qualidade, o que é cada vez uma das grandes vantagens da televisão sobre o cinema: a possibilidade de contar, e desenvolver, uma história, com intérpretes, concepção, argumento e valores de produção ímpares.
"Os Homens do Presidente" é, naturalmente, mais clássico. A Casa Branca que a série retrata é quase um Olimpo. Mas talvez fosse necessário desenvolver uma história de recorte menos polémico que, de alguma forma, apresentasse ao país (e ao mundo, em mais uma expressão do "poder suave" americano definido por Joseph Nye) os meandros da alta política.
"House of Cards", por sua vez, é uma construção mais requintada e, em certa medida, uma versão da política americana à lupa de Shakespeare, o grande clássico da literatura inglesa, e de personagens tão imortais como o casal Macbeth e Ricardo III. O presidente que Underwood é um choninhas que só podia merecer a sorte que teve.
A segunda tenporada de "House of Cards" termina com Underwood na Presidência dos EUA. Sabe-se lá onde nos levará a terceira temporada, já anunciada para 2015.
Mas sabemos que Macbeth já chegou à liderança do "Mundo Livre"...

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A reciclagem dos "éfes"

No tempo do fascismo/Estado Novo/anterior regime/salazarismo/marcelismo (escolha o leitor a expressão que preferir), dizia-se que o regime tinha três armas de alienação de massas simbolizadas por três "éfes": o F de fado, o F de futebol e o F de Fátima.
Se a inclusão do fado só era legítima no que se refere ao seu aproveitamento para vincar o que seria o tom pessimista e resignado do povo, o futebol e Fátima eram instrumentos inegáveis de movimentação de massas e de ocupação de muito tempo nas emissões televisivas e radiofónicas.
Hoje, o futebol ocupa muito mais tempo nos meios de comunicação, e não apenas em termos proporcionais, e a "esquerda", a tal que jurava ser do tempo em que não gostar de futebol era ser-se antifascista, não se mostra grandemente impressionada e até já se deleita com o futebol.
E, no que se refere à religião, a mesma "esquerda" até pode ser capaz de torcer o nariz a Fátima por talvez não querer ser vista lá mas deleita-se igualmente com o novo papa e com o seu discurso popular e vagamente "de esquerda".
Reciclando os horríveis "éfes" do passado, a "esquerda" vai-se reciclando. Mas não da melhor maneira...

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O "Jornal das Caldas" a portar-se mal

Na quarta-feira passada só me chegou à caixa do correio uma carta de um banco. Coisa de rotina que, por estas bandas, costuma demorar alguns dias a ser entregue.
Penso que às quartas-feiras, pelo menos em algumas semanas por ano, os carteiros são mobilizados para entregarem o "O Jornal das Caldas", tal como o serão, de vez em quando, à sexta-feira para a "Gazeta das Caldas".
Só que, desta vez, não houve "Jornal das Caldas". Nem nos dias seguintes.
As causas do desaparecimento do exemplar destinado a este assinante perdem-se: foi a empresa CTT (o que é vulgar)? Foi o próprio jornal? Foi a empresa que envia os vários exemplares?
Telefonei para o "Jornal das Caldas" e fiquei a saber que não havia resposta para esta dúvida. E quanto ao exemplar perdido? Nem sequer tiveram a cortesia de dizer que mandariam outro (mesmo que fosse só para apaziguar o assinante). Em vez disso, convidaram-me a ir lá buscá-lo.
No mês passado renovei as minhas assinaturas anuais dos dois jornais locais. Com isto já fiquei sem vontade de renovar em 2015 a do "Jornal das Caldas". Para que me serve, se o resultado do envio é sempre um mistério?

A falácia da "Mobilidade", a destruição de Caldas da Rainha e o desprezo do presidente da Câmara pelos caldenses

O "Dia Europeu Sem Carros", ou "da Mobilidade", é uma falácia.
A ideia, já com uns quinze anos, quis fazer-nos crer que seria possível, nos nossos dias, libertar as comunidades humanas do transporte automóvel privado sem garantir transportes públicos adequados.
Excitou os ecologistas, parte da "esquerda" e todos os presidentes de câmara e seus apoderados que se pelam pelos eventos que lhes dão visibilidade.
Lembro-me de alguns pormenores caricatos do primeiro "Dia sem Carros" em Lisboa.
Zonas centrais da cidade foram fechadas ao trânsito e, em consequência disso, as vias exteriores de acesso a Lisboa ficaram muito mais engarrafadas do que já era habitual. As pessoas perderam mais tempo no trânsito e a poluição deve ter-se agravado na periferia. Mas o que interessava era mostrar algumas avenidas de Lisboa livres de carros particulares.
A ideia de que a "mobilidade" só existe quando se proíbe o transporte particular sem garantir alternativas capazes cristalizou-se nos anos seguintes.
Meia dúzia de cerimónias públicas por esta altura de Setembro, algumas manifestações folclóricas e presidentes de câmara extasiados, como é seu timbre, perante as câmaras de televisão passaram a caracterizar o "Dia Europeu Sem Carros". Com eles têm alinhado o mesmo tipo de ecologistas que conseguiram este ano transformar os ciclistas em reis da estrada. Infelizmente, as aparências esfumam-se mas os disparates legislativos têm tendência a eternizar-se.
 
*
 
A falácia ganha uma dimensão quase exemplar, este ano, em Caldas da Rainha.
A capital do concelho (uma cidade de dimensão modesta, sem grandes problemas de estacionamento e de trânsito habitualmente fluido) está devastada por uma série de obras que foram planeadas com o entusiasmo de um estratega militar que planeia um bombardeamento aéreo.
Há ruas onde a actividade comercial praticamente desapareceu, a circulação tornou-se por vezes muito difícil e há zonas fechadas e inacessíveis, mesmo a pé. E a obra mais importante de todas é um gigantesco parque de estacionamento subterrâneo onde se enterra uma fortuna que ficará subaproveitado e cuja construção rebentou com o núcleo central da cidade.
Promover numa cidade destruída e degradada um "Dia sem Carros", quando eles não podem circular, e uma "Semana da Mobilidade", quando quase ninguém consegue mover-se livremente, já não é só uma falácia. Promover isto num concelho onde só há transportes públicos adequados na sua capital e que, mesmo assim, não a cobrem por completo, é um insulto.
E é, também, mais uma manifestação do desprezo que os gestores da Câmara Municipal de Caldas da Rainha votam aos caldenses.
Pode ser que, na confusão da imobilidade caldense, haja mais alguns habitantes do concelho de Caldas da Rainha a perceberem o tipo de gente que compõe o PSD caldense e que elegeram há um ano. 

Coisas privadas

 
 
Foi quase comovente assistir ontem, num programa televisivo, ao conúbio oral entre o actual secretário de Estado da Cultura (uma criatura arrogante, sobre a qual já tinha lido mas que nunca tinha visto em movimento) e o actual presidente da Sociedade Portuguesa de Autores (com a arrogância de quem acredita que já fez esquecer figuras menos felizes de outros tempos) a propósito do imposto da "cópia privada".
Há coisas que, sendo privadas, não deviam ser feitas à vista de toda a gente.
 
 
Uma aliança contra o consumidor e os não cantantes


 
 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

As penas do caso "Face Oculta" e o caso dos professores contratados no Tomate

 
 
Dois artigos fundamentais no e-magazine Tomate, de que saiu agora o n.º 19: uma análise global (da autoria de Rui Verde) às penas decididas para os acusados no caso "Face Oculta" ("Já não há juízes em Berlim?") e um comentário à situação dos professores contratados (do autor deste blogue) a propósito do medo que demonstram o sindicalista Mário Nogueira e o ministro Nuno Crato de lhes dizerem a verdade ("Homens com medo").
Entretanto, o dinâmico Tomate já tem um irmão mais novo, um blogue com o divertido nome de Gaspacho feito de pequenos textos, sempre actuais, sobre os vários assuntos do dia, que pode ser lido aqui e cuja leitura se recomenda. 

As caleiras da incompetência caldense

 
Já aqui contei a história das obras (substituição de uma conduta de água e repavimentação) que demoraram um ano a ser feitas e em cujo âmbito foram colocadas caleiras numa rua muito inclinada na Serra do Bouro, em Caldas da Rainha, que seriam a solução milagrosa para controlar o escoamento das águas da chuva.
Se já ficou demonstrado, com alguma chuva de verão, que as caleiras não escoam nada, o estado em que elas se encontram mostram que a solução foi, no mínimo, incompetentemente desajustada.
Porque não basta meter infraestruturas.
É necessário zelar pela sua manutenção.
Neste caso, não só não há quem desentupa as caleiras (e esta freguesia perdeu a sua Junta de Freguesia, ficando ainda mais votada ao abandono) como o corte de vegetação, há dois meses, deixou ramos e folhas secas que agora ajudam a bloquear o que seria o escoamento de alguma da água da chuva.
A habilidade foi da empresa Cimalha e da Câmara Municipal de Caldas da Rainha.
O produto da incompetência dessa gente está à vista:


Entupida.
 

As canas vão rompendo o alcatrão.
 


Rasgaram a encosta, para meter a caleira, mas a terra vai deslizando sempre.
 
 

Entupida.




Uma caleira tipo jarra de flores... com as canas a nascerem lá dentro.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Sempre atrasadita, a "Gazeta das Caldas"...



Publiquei esta foto em 21.07.14
A situação do lixo deixado no chão
também tem sido abordada por muitas outras pessoas. 
A "Gazeta das Caldas", que anda sempre atrasadita quando se trata das asneiras do seu querido presidente camarário, descobriu esta semana que o lixo anda a ser cronicamente deixado de fora dos contentores na zona da Avenida 1.º de Maio e da Independência Nacional, por onde começaram as obras megalómanas da Câmara Municipal de Caldas da Rainha.
E a culpa é de quem? Dos contentores, que são pequenos.
E quem é que lá os pôs? Extraterrestres, talvez... 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

"Porque Não Existe o Mundo", de Markus Gabriel



"O facto de o mundo não existir é, por isso mesmo, uma boa notícia. porque isso nos permite concluir as reflexões com um sorriso  libertador. Não há nenhum superobjeto que nos tutele enquanto vivemos mas em enredamo-nos em infinitas possibilidades para nos aproximarmos do infinito. Porque só desta maneira é possível que exista tudo aquilo que existe", escreve Markus Gabriel, quase a terminar a sua obra sobre o mundo... e a filosofia.
Markus Gabriel é alemão e professor de Filosofia com uma vasta experiência na Alemanha, nos EUA e até em Portugal. E esta sua obra mais recente, "Porque Não Existe o Mundo" (que traduzi para a Temas e Debates/Círculo de Leitores), é um ensaio ousado e estimulante, directo (com a economia de pensamento da cultura alemã) e abrangente, reflectindo uma visão atenta às dúvidas eternas da filosofia mas também às realidades culturais de largo espectro dos nossos dias. Ajuda a compreender melhor o mundo que nos rodeia e mostra também a riqueza multifacetada, e de acesso menos fácil por causa da língua, da filosofia alemã.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Porque não gosto dos CTT (86): sem lógica nem critério

 
Moro a cerca de seis quilómetros de um posto de correio situado na zona industrial da cidade que é a capital do concelho, em Caldas da Rainha.
Mas os avisos de correio não entregue mandam-me ir para a estação de correio no centro da cidade, um local infecto onde se pode esperar bem uma hora, onde se concentra quase toda a correspondência e que fica a cerca de onze quilómetros de minha casa.
Estranhamente, uma pessoa que mora no centro da cidade, a menos de dois quilómetros dessa estação é mandada para o posto de correio da zona industrial.
Não há nisto critérios nem lógica racionais. Mas talvez a vontade deliberada de prejudicar os clientes...

O desleixo do costume

 
Na via panorâmica entre a Rotunda do Greenhill e a Foz do Arelho estão desde o princípio do Verão estas duas grades, numa visão bem reveladora do desleixo que se instalou nesta terra. Arranjar o rebordo do passeio deve ser mais simples do que construir um parque de estacionamento subterrâneo numa cidade que não precisa dele...




segunda-feira, 8 de setembro de 2014

E se em vez do IVA olhassem para o PEC?

O IVA é um imposto cobrado pelas empresas aos seus clientes que deve ser depois, com as deduções possíveis, entregue ao Estado. É dinheiro que é entregue pelos clientes às empresas e não cabe a estas, se a respectiva contabilidade estiver em boas mãos, fornecer esse dinheiro ao Estado.
O PEC (Pagamento Especial por Conta) é um imposto em que as empresas têm de adiantar ao Estado dinheiro que é seu, havendo uma vaga possibilidade de o recuperarem, pelo menos em parte, quando fizerem a entrega do respectivo IRC.
A economia (num país de micro, pequenas e médias empresas como Portugal) beneficiaria mais de uma alteração radical no PEC, sobretudo a esse nível, do que da descida do IVA na restauração (que, aliás, também está obrigada ao PEC).

Para que servem as receitas de bilheteira?

Diz o realizador João Botelho ao "Sol" (5.08.14"): "A grandeza do cinema português, que eu adoro, é que é um cinema sem pressão do mercado. Tenho uma liberdade que não tem preço: nunca fui obrigado a fazer qualquer coisa para ter público. Nunca filmei com essa pressão. claro que quero que o maior número de pessoas veja os meus filmes, quero mostrar o que fiz, mas enquanto filmo não cedo a nada".
Segundo informa o blogue Blasfémias, João Botelho recebeu do Instituto do Cinema e Audiovisuais (ICA) 600 mil euros para o seu mais recente filme, "Os Maias – (alguns) episódios da vida romântica”, a que se juntarão mais 900 mil euros do "Montepio, do Brasil, e da Câmara Municipal de Lisboa" (cujo presidente recebeu o apoio de João Botelho nas eleições internas do PS).

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O exibicionismo do "banho público"

Não consigo compreender a lógica da moda "banho público" e confesso que a hostilidade à ideia de adultos a deixarem-se "banhar" (devidamente trajados para o efeito) por um balde de água fria ou algo parecido não me faz tentar compreendê-la.
Há pessoas que se sujeitarão à coisa com a humildade de quem se dedica às grandes causas, haverá outras que acharão "giro" porque sim, haverá outras que quererão ganhar alguns minutos de fama, ou de capitalizar na fama de que já se acham possuidoras.
Mas isso é lá com elas todas. Quando forem mais crescidas (ou a moda passar) perceberão a figura que fizeram.
O apoio material às causas meritórias é, em minha opinião, uma questão privada e não pública.
Aquilo com que contribuo para as causas que acho mais meritórias tem apenas a ver comigo (e com a minha circunstância familiar) e com a entidade, ou pessoa, que apoio. Dar-lhe um carácter público seria um puro acto de exibicionismo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Plano de Pormenor da Estrada Atlântica - continua o mistério, agora com uma "carta de conforto" pedida à Câmara de Caldas da Rainha...


Foi em Março deste ano, segundo uma acta da Câmara Municipal de Caldas da Rainha que pode ser lida aqui que a empresa New World Investments solicitou ao presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha a aprovação de uma minuta de carta de conforto, "tendo em vista tornar mais célere junto da instituição bancária Investec Bank London, o desenvolvimento do processo denominado Golf & SPA a expandir na Foz do Arelho".
A acta não contém mais pormenores, registando apenas que a Câmara tomou conhecimento e, atendendo a que se trata de um investimento de maior interesse para o concelho, deliberou aprovar os termos constantes na minuta de carta de conforto".
É pena que, como acontece com a maior parte das coisas que têm a ver com a gestão camarária, se passe como gato sobre brasas sobre este “conforto” pedido pela empresa New World Investments.
Até porque convém que se saiba mais alguma coisa.
 
 
A New World Investments
e o presidente da Junta
 
Esta empresa, nascida na África do Sul como o banco Investec, é representada em Portugal pela New World Investments (Portugal) – Sociedade de Administração de Imóveis, uma sociedade anónima constituída em Caldas da Rainha com o capital social de 208 mil euros (98 por cento do capital da empresa é da New World Investments sul-africana) e sede no número 16, r/c esquerdo, da Rua Engenheiro Duarte Pacheco em Caldas da Rainha, endereço que é o do escritório do advogado Álvaro Baltazar Jerónimo.
Álvaro Baltazar Jerónimo foi, até há um ano, presidente da Junta de Freguesia da Serra do Bouro e nunca achou que lhe ficasse mal ser, em simultâneo, presidente da junta de freguesia de uma freguesia que era o alvo do projecto de investimentos da New World Investments (e onde podia, e pode, haver expropriações a favor desse projecto) e representante da mesma empresa.
O alvo da New World Investments eram 275 hectares que lhe foram "oferecidos" pelo Projecto de Pormenor da Estrada Atlântica, que “nasceu” de uma alteração do Plano Director Municipal aprovada sem votos contra pela Assembleia Municipal, permitindo a construção de um empreendimento turístico em terreno, de paisagem protegida, retirado às freguesias da Serra do Bouro e da Foz do Arelho, com um investimento de 300 milhões de euros.
A decisão da Assembleia Municipal data de 2011 (e nunca se viu, nem ouviu, nenhum dos membros da Assembleia Municipal a falar do assunto...) e com a mesma New World Investments apareceu outra empresa, a Claremont Costa de Prata Developments Lda.
Em três anos nada mais se soube (e também não houve vozes públicas que fizessem perguntas, o que é muito estranho) mas circularam informações segundo as quais os investidores não conseguiram reunir o capital necessário, para lá, segundo se sabe, do que já tinham investido, pelo menos na realização de alguns estudos.
A carta de conforto pedida à Camara Municipal sugere que os promotores do empreendimento turístico estão a dar mais importância à banca do que a outras possibilidades de investimento.
O que também não parece garantir que o projecto (já apresentado em 2006 com a designação de Rainha Golf e Spa Resort), a que se renderam há três anos os dinâmicos e discretos membros da Assembleia Municipal, seja muito sólido.
Mas decerto que há-de haver alguém, entre os que conhecem bem os bastidores deste caso, que possa dar explicações aos caldenses...

*
 
O estranho caso do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica serviu de inspiração para o meu romance "Morte com Vista para o Mar" (2013), que tomou por base a investigação feita por um bloguista anónimo sobre o assunto (que pode ser lida aqui).



quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Nomes ingleses porquê?


Gostava de saber o que leva muito boa gente a dar nomes ingleses (e alguns tão falhos de imaginação e de originalidade, caramba!) a cães e gatos em vez de utilizarem nomes portugueses.
Talvez receiem, numa curiosa inversão das características do pensamento mágico, ser um dia interpelados pelos ditos cãos e gatos que, por um qualquer efeito sobrenatural, adquiririam de imediato uma personalidade (ou uma alma, mais provavelmente) humana, se por acaso recebessem um nome nacional.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Não será isto pior do que o Acordo Ortográfico?

 
"Aquacultura não desenvolve asfixiada por burocracia".
 
Este título do "Diário de Notícias", escrito assim, não é pior do que o Acordo Ortográfico? E esta iliteracia jornalística não deveria merecer o mesmo tipo de repúdio por parte de quem se enfrenesia a favor de uma pureza da língua portuguesa que dizem ter sido posta em causa pelo Acordo Ortográfico?