sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ruth Rendell está de volta… e Wexford também

Ruth Rendell, a melhor escritora de “thrillers” de toda a literatura está de volta com “The Vault”.
Nesta nova história, o inspector Wexford reformou-se e anda a passear, com a mulher, entre a sua casa de Kingsmarkham e a casa de uma das filhas em Londres, e acaba a ajudar um antigo colega ao serem descobertos quatro corpos numa casa de Londres – a mesma casa onde foram escondidos os três cadáveres do romance “A Sight For Sore Eyes” (1998) e a que entretanto se juntou um quarto.
“The Vault” é uma criação extraordinária, no modo como se interliga com “A Sight For Sore Eyes” e como, num processo quase irónico, Ruth Rendell estabelece a ligação entre as duas histórias. E é um abençoado regresso, depois de a autora ter decidido pôr fim à série. O inspector Wexford é uma das grandes personagens da “literatura policial” e, mesmo reformado, pode continuar a entreter os muitos fãs de Ruth Rendell. Além do mais, “The Vault” tem uma vantagem adicional: funcionando de modo independente relativamente a “A Sight For Sore Eyes”, convida à releitura deste livro. Com o mesmo prazer da primeira leitura.
Ruth Rendell, fotografada para "The Guardian" por Murdo Macleod

E, a propósito, o que é pena que, há que repetir o lamento do costume: Ruth Rendell (mesmo com o “alias” de Barbara Vine) desapareceu da edição portuguesa, talvez por não estar na moda ou por não ser sueca ou porque a memória é curta e os conhecimentos também, ou porque, simplesmente, há muita gente distraída.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O interesse público das águas "públicas"

A povoação onde resido está sem água canalizada há doze horas, por ter havido mais uma ruptura numa rede de abastecimento público que tem dezenas de anos e na qual nunca houve qualquer tipo de investimento e de manutenção. Ou de "requalificação", na grotesca terminologia autárquica dos nossos dias.
Os serviços municipalizados (da câmara de Caldas da Rainha) enviaram os seus técnicos de piquete ainda na noite passada que rapidamente bateram em retirada. Às dez horas, explicaram que o piquete "fechava" à meia-noite; às onze e meia, explicaram que o pessoal não podia andar à procura da ruptura às escuras. E que às oito regressavam. Pois ainda não se notou.
Os residentes e as empresas deste concelho pagam mensalmente, além do simples custo do consumo de água, quantias que podem atingir dezenas de euros graças às habilidosas taxas com que os municípios substituíram uma outra taxa "proibida" por lei. Mas essa pequena fortuna não parece ser suficiente para manter um piquete nocturno.
O interesse público das águas "públicas" é isto. É o que talvez defendam os idealistas que se arrepiam e uivam quando ouvem falar na "privatização" das águas.
A mim, é-me indiferente. Quero é ter um serviço público/ao público de qualidade e que não falhe assim. Sobretudo quando me sinto verdadeiramente roubado por ele.

Adenda: a água regressou às 13 horas, ou seja, cinco horas depois de os trabalhos terem sido iniciados e dezassete horas de ter sido fechada; se houvesse um verdadeiro interesse público a salvaguardar, a reparação poderia ter sido concluída , pelo menos, até às 3h30.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Notas de prova de uma viagem ao Dão

1 – A empresa Dão Sul mantém, em Carregal do Sal, na Quinta de Cabriz original (esta designação não pode ser utilizada para os seus vinhos, que não saem de uma só quinta), um restaurante que continua a merecer visita. A cozinha é muito boa, o serviço também e os vinhos, à mesa, ainda têm preços no domínio do razoável. Mas alguma coisa se há-de ter passado para manterem os papéis das ementas com ar gasto e muito manuseado e para trazerem à mesa um balde de gelo… de plástico. Podem ter motivos muito fortes, económicos ou de estilo, para não utilizarem, pelo menos, os baldes de alumínio clássicos mas esta versão de balde não condiz com o resto e, isoladamente, quando chega à mesa, faz pensar que se esqueceram da esfregona.

2 – A célebre Casa da Ínsua de Penalva do Castelo renasceu pela mão do grupo Visabeira, com um hotel de luxo e um restaurante a condizer em instalações muitíssimo bem redecoradas. Mas depois promove os seus vinhos de marca própria, associando-os à região do Dão mas dando a preponderância à adocicada casta Cabernet-Sauvignon e passando para segundo plano a “subtileza da casta Touriga Nacional”, casta que nada tem de subtil e que é a mais nobre, e mais marcante, casta da região do Dão.

3 – Aliás, a casta Cabernet-Sauvignon, autorizada em menor quantidade para os vinhos do Dão, já chegou à região e há produtores que não têm pejo em recorrer a essa forma de tornar os vinhos instantaneamente amadeirados, embora o disfarcem. E nem vale a pena pensar que o facto de não haver referência no rótulo não significa que ela não esteja presente. É o que acontece com vários monocastas de Touriga Nacional que, para encher, se socorrem discretamente de outras castas.

4 – Não é o caso do multipremiado Quinta da Fata, nascido na propriedade do mesmo nome em Vilar Seco (Nelas). Todas as uvas utilizadas são mesmo da quinta e o seu extraordinário Touriga Nacional (já está à venda o de 2009) só tem mesmo uvas desta casta. Há muitos vinhos de elevada qualidade no Dão mas não consigo deixar de regressar sempre aos da Quinta da Fata, de Maria Cremilde e Eurico do Amaral, ao seu admirável Touriga Nacional, aos seus “clássicos” (que prefiro aos “reservas”) e ao seu imponente branco da casta Encruzado, que são todos do melhor que o Dão tem. Link com todos os pormenores aqui.

5 – Nos brancos, há outro que merece aplauso: é o da Quinta da Espinhosa, de Vila Nova de Tazem, de Alberto Oliveira pinto. Utiliza as castas brancas da região e, se não tem a altivez aristocrática do Encruzado, fica muito longe dos brancos frutados que, com os rótulos do Dão, são iguais a muitos outros vinhos brancos que aparecem em todas as regiões, tipo pronto-a-vestir. É imprescindível. Telefone para contacto: 965117259.

6 – O restaurante Bem-Haja continua a ser uma referência obrigatória em Nelas, com cozinha, serviço e ambiente excelentes. Mas conviria que corrigisse os preços da sua lista de vinhos (praticamente todos do Dão, o que é de saudar), alargando o leque e evitando constrangimentos inúteis. Não terá decerto prejuízo de apresentar alguns abaixo do nível dos dez euros.

7 – A Adega Cooperativa de Nelas faliu. A atenção com que o Estado segue, em vários domínios, as cooperativas devia impor qualquer intervenção que permitisse minorar os prejuízos dos seus associados. As adegas cooperativas do Dão, e a própria Udaca, podem andar a cometer alguns erros com a proliferação exagerada de marcas que desorientam os consumidores mas ainda têm património e produções que não deviam desaparecer em processos de insolvência.

sábado, 24 de setembro de 2011

Os vinhos de El Corte Inglés serão feitos de uvas?

O vinho que El Corte Inglés vende é feito com uvas? Algum, pelo menos, será porque identifico no catálogo da sua “feira de vinhos”, numerosas garrafas de vinhos que conheço.
Mas, depois, há os outros, se não erro sessenta e seis, que nas malfadadas “notas de prova” me garante El Corte Inglés que sabem a frutos silvestres, esteva, fruta em passa e compota, frutos pretos, frutos vermelhos, casca de citrino, rosas, pêra, melão, cerejas, laranja, violetas, chocolate, erva do campo, turfa (ou trufa?), ameixas, baunilha, flores brancas, frutas exóticas, ananás, ameixas pretas, framboesa, morangos e abacaxi.
E eu que julgava que o vinho era feito de uvas…

terça-feira, 20 de setembro de 2011

MUDA - número 7, 1 ano de vida, grandes e fundadas esperanças...

... de uma revista cultural abrangente que, por enquanto, é só on line e que "sai" em CD, dirigida por Rui Luís e onde eu escrevo sobre cinema (sobre a crítica de cinema, neste caso).

A revista está disponível aqui e o respectivo site é aqui.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O jardim de Jardim e o jardim de Sócrates

Gostava de ter a certeza de que, em perfeita coerência democrática de raciocínio e postura, os que criticam os "buracos" financeiros de Alberto João Jardim no seu jardim madeirense também criticaram, e criticam, os "buracos" financeiros de José Sócrates no nosso jardim continental.

domingo, 18 de setembro de 2011

A "candidatura" hollywoodesca de "José e Pilar"

Será que os produtores e/ou o Estado português já começaram a fazer as seis mil cópias em DVD do filme "José e Pilar" (e os respectivos "press kits" e anúncios promocionais), para enviar aos cerca de seis mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para promover o "candidato" nacional aos "óscares" de 2012?
Uma coisa é anunciar, outra coisa é ter o filme em exibição e outra é esperar que os votantes da distinta academia se desloquem para ver cada filme que, com mérito ou circunstancialmente, é candidatado aos "óscares". Alguém acredita que os votantes vão ver "José e Pilar"? E, já agora, onde?

sábado, 17 de setembro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"The Given Day", de Dennis Lehane

O escritor norte-americano ganhou uma merecida notoriedade com os filmes "Mystic River", "Gone Baby Gone - Vista Pela Última Vez" e "Shutter Island", marcando este romance uma pausa na carreira do autor.
"Shutter Island" ganhou com a adaptação de Martin Scorsese mas, na origem (e no filme), a história é frouxa e não é nada original - já em 1978, o escritor William Hjortsberg publicara "Falling Angel" (adaptado ao cinema com o título de "Angel Heart - Nas Portas do Inferno"), onde o protagonista principal descobre que é ele próprio a personagem de quem andava à procura. Talvez por isso, fiquei decepcionado com "Shutter Island", depois de ter lido praticamente todas as outras obras de Lehane.
Li agora "The Given Day", o seu romance seguinte, e recuperei a fé em Lehane. É uma história passada em Boston logo a seguir à Primeira Guerra Mundial, centrada em duas personagens marginais à sua maneira (um polícia branco que se torna sindicalista e um negro em fuga), com mais de setecentas páginas na sua edição de bolso (que, no entanto, se lêem muito bem) e uma introdução (protagonizada pelo famoso jogador de basebol Babe Ruth) que pode afastar os leitores não americanos. Aconteceu-me, de início, mas rapidamente recuperei o interesse na leitura.
A "The Given Day" juntou-se agora mais um título da série com dois investigadores privados de onde também saiu "Gone Baby Gone": "Moonlight Mile" (pormenores aqui). Hei-de ler.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sócrates e Duarte Lima

Dois assuntos suficientemente interessantes apareceram em dois jornais nos últimos dias sem que, no entanto, fossem retomados por outros jornais ou pelas televisões. Ambos se referem a potenciais crimes (um deles de homicídio) e envolvem figuras públicas destacadas. Noutros tempos, longínquos, suscitariam novos trabalhos jornalísticos e, em alguns países, levaria a algum reboliço nos meios políticos e judiciais.
Por cá, no entanto, rodeia-os um silêncio de chumbo. Que não deixa de ser sugestivo, embora possa ter leituras diversas.
O outro tem a ver com a ligação do ex-deputado Duarte Lima a um homicídio ocorrido no Brasil e foi pormenorizadamente tratado pelo "Sol" ("Polícia brasileira reuniu provas arrasadoras contra Duarte Lima").
Apetece dizer, de tudo isto que se vai lendo, que dá muito mau aspecto. Inclusivamente o silêncio dos outros meios de comunicação social.

domingo, 11 de setembro de 2011

Depois de "Vermelho da Cor do Sangue": "Triângulo"

O número 3 da colecção Não Matarás, depois de "A Cidade do Medo" e de "Vermelho da Cor do Sangue", intitular-se-á "Triângulo".
A história terá entre as suas personagens um primeiro-ministro colérico e sequências passadas em alguns locais do distrito de Viseu e na Lagoa de Óbidos e ficará esclarecido o assassínio do amigo de infância do inspector Joel Franco. Regressarão uma das personagens de "A Cidade do Medo" e outra de "Vermelho da Cor do Sangue" e falar-se-á do "caso Casa Pia".
Em 2012.

sábado, 10 de setembro de 2011

Em louvor de "NCIS" ("Investigação Criminal")

Mark Harmon (Gibb):
podia ter sido Jack Reacher
Se considerarmos séries televisivas como "House", "ER", "The Good Wife" ou "Southland", encontramos um padrão claro: cada episódio tem uma situação, ou mais, que se resolve no período de cerca de 40 minutos que dura cada episódio; os vários episódios são unidos por "arcos", histórias mais complexas e mais prolongadas que envolvem os principais protagonistas e as relaçõesm que entre eles se estabelecem. ("The Wire" foi diferente, correspondendo os seus episódios a capítulos de um romance.) E temos personagens com dimensão própria, com características bem definidas, com espessura psicológica, das quais os espectadores gostam ou que detestam.
O segredo de uma série de televisão de qualidade mínima passa por estes padrões e os exemplos citados oscilam entre o excepcional e o muito bom. E nesta categoria incluo "NCIS".
Esta série (conhecida entre nós por "Investigação Criminal") segue exactamente estes padrões e tem uma vantagem adicional: é feita com bom humor mas tem uma solidez ficcional razoável, apesar de - e eu acho isso muito positivo - parecer ser feita com um permanente piscar de olho irónico (sublinhado pelas referências cinematográficas de uma das personagens), como se os seus autores e autores nos dissessem: "Divirtam-se, como nós nos divertimos, e não nos levem demasiado a sério."
NCIS é a sigla de Naval Criminal Investigative Service (a polícia de investigação criminal da Marinha dos EUA) e a série tem como personagens um chefe de equipa (Mark Harmon/Jethro Gibbs) que chefia três agentes com características diferenciadas (Michael Weatherly/Anthony DiNozzo, Sean Murray/Timothy McGee e Cote de Pablo/Ziva David, uma "expatriada" da Mossad), com o apoio de uma especialista em várias coisas (Pauley Perrette/Abby Sciutto) e um médico legista (David McCallum/Donald Mallard).
"NCIS" tornou-se, com o passar dos anos, um caso sério de popularidade, pelo menos, nos EUA, tendo entrado já no seu nono ano de vida (e na nona temporada).
O seu carácter misto de série de aventuras e "policial" não lhe confere, por cá, o benefício das audiências nem da estação que, mais ou menos, a exibe (o canal por cabo AXN) e, num retrato exemplar dos disparates nacionais, o que parece ser mais excitante é uma deriva muito medíocre da "NCIS" original (gerada pela dissensão de um dos autores), a "Investigação Criminal Los Angeles", que só goza de alguma fama por ter a portuguesa Daniela Ruah entre os protagonistas.
Sobre "NCIS" (que vai chegando em DVD à Europa com cerca de um ano de atraso), há informações aqui e aqui. A temporada 8 acabou de sair nos EUA e os mais interessados sabem como é que podem vê-la. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Um guia útil: "Trabalhar em Angola"

Um guia para os interessados em trabalhar em Angola feito com a tranquila solidez jornalística que já foi uma característica-chave do sector noutros tempos: "Trabalhar en Angola", com 110 páginas bem úteis, da autoria de Hermínio Santos, especialista em comunicação (em várias frentes). Se é útil para os que querem ir para Angola por motivos profissionais, também o é para os visitantes em geral e para todos os interessados em conhecer o país. Uma boa ideia, bem concretizada.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

"The Good Wife" - finalmente, o regresso

A série "The Good Wife" regressa hoje ao canal Fox Life (às 22h10), sobrepondo-se desastradamente a "Southland" (à mesma hora no canal-irmão Fox Crime). É uma história que começa de forma simples (ela, a "boa esposa" do título, vê-se obrigada a ir trabalhar e a fazer um "downsizing" nas condições de vida da família depois de o marido ter sido envolvido num escândalo político e detido) e vai subindo de tom, paulatinamente.
Já na terceira temporada (hoje poderemos começar a ver a segunda temporada), "The Good Wife" articula bem os casos que vão preenchendo os vários episódios com uma intriga mais vasta, em arco, que é quase fascinante. Julianna Margulies (que já passou por "ER" e "NYPD Blues") é perfeita como Alicia Florrick e, num conjunto de interpretações bem sólidas, é obrigatório destacar a personagem enigmática criada por Alan Cumming.
Como produtores - no que é uma marca de qualidade e um sinal da importãncia que a TV actualmente tem no audiovisual - estão os irmãos Ridley Scott e Tony Scott através da sua Scott Free.

Horas extraordinárias

Das referências que vão aparecendo a "Vermelho da Cor do Sangue" farei uma lista mais tarde. Mas esta satisfaz-me muito em especial porque, no panorama da edição em Portugal, é extraordinário poder ter o privilégio de estar a trabalhar com a Maria do Rosário Pedreira.

"Imortais": uma boa colecção de histórias de vampiros a sério

Quem gosta realmente de histórias de vampiros e é menos sensível às variações introduzidas por autoras como P.C. Cast, por exemplo, encontra nesta colectânea (que traduzi para a Gailivro/Asa) uma boa mão-cheia de histórias que respeitam os cânones no género, que conciliam alguma ironia com passagens mais fortes e que deixam espaço a uma inovação bem sugestiva: pode uma sereia, que também se alimenta de seres humanos, ser considerada um vampiro? Das escritoras representadas, Rachel Caine, Tanith Lee, Nancy Holder, Rachel Vincent e Claudia Gray são as que merecem leitura mais atenta.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

E Jack Reacher vai ser... Tom Cruise

Parece que já é oficial: o actor que vai interpretar a personagem de Jack Reacher (o justiceiro individualista criado por Lee Child) é Tom Cruise. Já está no IMBD e o próprio Lee Chíld confirma-o no seu site, onde não deixa de reafirmar, por outras palavras, que ele escreve as histórias e que Hollywood faz os filmes.
Para já, e sem indicações quanto a outros títulos, o primeiro filme será "One Shot" (a estrear em 2013), que já andava em pré-produção há alguns anos. Christopher McQuarrie (o argumentista de "Os Suspeitos do Costume") será o realizador e... pois, Tom Cruise será Jack Reacher.
Só que Jack Reacher, apesar da boa forma demonstrada por Cruise na série "Missão: Impossível", é bastante mais alto e encorpado do que este actor. E ou põem Tom Cruise a ser filmado sobre uma plataforma com, pelo menos, vinte centímetros de altura ou teremos, ao contrário de tudo o que aprendemos sobre Jack Reacher durante dezasseis romances, que nos redimensionar e aceitar que Reacher encolheu e que vai passar a enfrentar os seus adversários a olhá-los de baixo para cima.
Para ser Cruise o escolhido, preferia Mark Harmon! Pelo menos, já fez a rodagem para ser Jack Reacher na série NCIS.
Vale a pena espreitar os comentários da EW.com, a propósito...

domingo, 4 de setembro de 2011

"CSI": a Agatha Christie pós-moderna

Não gosto de "CSI", nem de nenhuma das várias séries em que a série original se metastizou.
Por muito interessantes que possam ser, tecnicamente, por bons actores que possam ir aparecendo, por muito engenhosos, ou não, que sejam os crimes sempre resolvidos à medida dos 40 minutos de cada episódio televisivo.
O problema de "CSI" é o seu absoluto divórcio relativamente à realidade. Não há, em nenhum país do mundo, uma divisão de um qualquer órgão de polícia criminal que concentre todas as várias fases da investigação criminal, da rua aos laboratórios, da análise forense ao interrogatório de suspeitos. Nem tão rapidamente, nem de forma tão exclusiva.
O "thriller" - na televisão, na literatura e no cinema - tem de ter uma base real. Por mais extraordinários que possam ser os crimes, os criminosos ou os investigadores, o enquadramento tem de ser verídico, tem de ser realista. 
Ou, então, os seus autores têm de criar um universo ficcional que, com uma coerência interna absoluta, não se leve a sério mas nos entretenha. Como se nos dissessem: "Eu diverti-me a criar estas histórias, que são quase impossíveis e que têm personagens quase impossíveis, mas são tão bem feitas e têm personagens de que vão gostar tanto que vocês não podem deixar mesmo de gostar." (É o que acontece com a série "NCIS" e com o universo ficcional de Lee Child e do seu herói Jack Reacher.)
"CSI" não é nada disso.
E não consegue ser mais do que a versão televisiva pós-moderna de Agatha Christie.