Mark Harmon (Gibb): podia ter sido Jack Reacher |
Se considerarmos séries televisivas como "House", "ER", "The Good Wife" ou "Southland", encontramos um padrão claro: cada episódio tem uma situação, ou mais, que se resolve no período de cerca de 40 minutos que dura cada episódio; os vários episódios são unidos por "arcos", histórias mais complexas e mais prolongadas que envolvem os principais protagonistas e as relaçõesm que entre eles se estabelecem. ("The Wire" foi diferente, correspondendo os seus episódios a capítulos de um romance.) E temos personagens com dimensão própria, com características bem definidas, com espessura psicológica, das quais os espectadores gostam ou que detestam.
O segredo de uma série de televisão de qualidade mínima passa por estes padrões e os exemplos citados oscilam entre o excepcional e o muito bom. E nesta categoria incluo "NCIS".
Esta série (conhecida entre nós por "Investigação Criminal") segue exactamente estes padrões e tem uma vantagem adicional: é feita com bom humor mas tem uma solidez ficcional razoável, apesar de - e eu acho isso muito positivo - parecer ser feita com um permanente piscar de olho irónico (sublinhado pelas referências cinematográficas de uma das personagens), como se os seus autores e autores nos dissessem: "Divirtam-se, como nós nos divertimos, e não nos levem demasiado a sério."
NCIS é a sigla de Naval Criminal Investigative Service (a polícia de investigação criminal da Marinha dos EUA) e a série tem como personagens um chefe de equipa (Mark Harmon/Jethro Gibbs) que chefia três agentes com características diferenciadas (Michael Weatherly/Anthony DiNozzo, Sean Murray/Timothy McGee e Cote de Pablo/Ziva David, uma "expatriada" da Mossad), com o apoio de uma especialista em várias coisas (Pauley Perrette/Abby Sciutto) e um médico legista (David McCallum/Donald Mallard).
"NCIS" tornou-se, com o passar dos anos, um caso sério de popularidade, pelo menos, nos EUA, tendo entrado já no seu nono ano de vida (e na nona temporada).
O seu carácter misto de série de aventuras e "policial" não lhe confere, por cá, o benefício das audiências nem da estação que, mais ou menos, a exibe (o canal por cabo AXN) e, num retrato exemplar dos disparates nacionais, o que parece ser mais excitante é uma deriva muito medíocre da "NCIS" original (gerada pela dissensão de um dos autores), a "Investigação Criminal Los Angeles", que só goza de alguma fama por ter a portuguesa Daniela Ruah entre os protagonistas.
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