A legislação que, na prática, deu a primazia aos ciclistas nas estradas traduz-se sempre nisto: quem dela beneficia são estes idiotas que, sem sequer terem a cortesia de perceber que estão a empatar os outros, deslizam pela estrada como se ela lhes pertencesse, impedindo até (se alguém a respeitasse...) a aplicação da distância de metro e meio para a ultrapassagem.
sábado, 31 de outubro de 2015
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
General Tomás António Garcia Rosado - uma homenagem na Academia Militar
O general Garcia Rosado na capa da revista "Le Pays de France" (Setembro de 1918) |
O general Tomás António Garcia Rosado (1864 - 1937) foi "o melhor general da sua geração, o pensador, o diplomata, o organizador, o militar, em resumo, que se podia gabar de, apesar dos muitos entraves políticos, ter cumprido com sucesso muitas missões 'impossíveis' ao longo de várias décadas de intenso labor patriótico" (nas palavras do professor António José Telo, da Academia Militar), tendo ficado especialmente associado ao Corpo Expedicionário Português, que participou na Primeira Guerra Mundial, e que chefiou.
O general Garcia Rosado foi ainda comandante militar na Índia e em Moçambique, chefe do Estado-Maior do Exército, membro do Supremo Tribunal Militar, ajudante de campo do Rei D. Manuel e, finalmente, embaixador de Portugal em Londres.
Homem de rigor e monárquico convicto, não parece ter sido bem tratado pela República e isso pode explicar a sua posição menos conhecida na História, apesar do seu enorme prestígio como militar.
Homenageando-o, a Academia Militar escolheu-o como patrono do Curso de Entrada do ano lectivo em curso, realizando-se ontem (quarta-feira, 28) a respectiva cerimónia de apresentação,
Como bisneto e representante da família Garcia Rosado e da sua linhagem que descende diretamente do general Tomás António Garcia Rosado, tive a honra de ser convidado a assistir a esta cerimónia na tribuna, ao lado do comandante da Academia Militar, tenente-general José Rodrigues da Costa.
Imagens da cerimónia na parada e da tribuna, com o comandante da Academia Militar, tenente-general José Rodrigues da Costa, ao centro e, à sua esquerda, o bisneto do general Garcia Rosado e autor deste blogue(© Academia Militar)
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Idiotas
Depois de, na prática, liquidarem uma freguesia rural, enfiando na capital do concelho a respectiva junta de freguesia, acham, passados mais de dois anos, que a cretinice se resolve com uma reunião de órgão autárquico na sede histórica da ex-freguesia, transportados os oficiantes de cu tremido em veículo colectivo e já noite escura (não devem conhecer o caminho), todos a cantarem unitariamente hossanas e crentes de que a população que resta e a que quer aí residir os receberá de cócoras como se eles fossem enviados divinos.
E se se fossem fundir como fundiram as freguesias?
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Entrevista mistério
"Entrevista com o presidente - Durante 11 semanas 'Gazeta das Caldas' entrevistou os presidentes das juntas de freguesia dos concelhos das Caldas da Rainha e de Óbidos (com excepção do da Usseira, que se mostrou indisponível) e ainda as juntas vizinhas de Alfeizerão, S. Martinho do Porto, Benedita e Painho. Tratou-se de um exercício de puro jornalismo de proximidade, como deve ser timbre de um jornal regional, e que mereceu muito interesse dos nossos leitores, especialmente das freguesias visadas. - C.C."
É este o teor do enigmático texto de primeira página da "Gazeta das Caldas" da passada sexta-feira. À primeira leitura, pensa-se que é o anúncio de uma entrevista com o presidente da Câmara. Mas, folheado jornal, nada se encontra. E seria esse o caso? Ou seria outro presidente qualquer? Ou seria apenas os "ss" que caíram e o título devia ser "Entrevista com os presidentes"?
Não se sabe. A "Gazeta", quando se trata de presidentes, é pouco transparente...
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Vamos às compras?
Há dinheiro. Não se sabe onde, mas há. Ainda bem. Para os funcionários públicos e para as suas famílias, que verão (se é essa uma das bases do extraordinário entendimento entre o PS e o BE, como o “Expresso” anuncia) os seus salários repostos na totalidade em 2016.
Calcula-se que os reformados também serão abrangidos. E que a sobretaxa do IRS também será devolvida na íntegra e não gradualmente. E, já agora, que o sector da restauração terá descida do IVA (e por que raio é que hão de ser só eles a terem de entregar menos IVA ao Estado?!).
A seguir na lista devem estar as empresas de construção civil, sobretudo as amigas do PS, a receber mais obras públicas.
Deve ser isto a essência do entendimento entre o PS e a extrema-esquerda do BE e do PCP. Porque o essencial é o dinheiro. Que vai impedir os protestos dos trabalhadores da função pública e das autarquias e de tudo quanto depende do Estado, dos professores aos guardas prisionais. E – atenção: promessas! – dos “lesados do BES/GES” a quem o presidente do PS prometeu dar dinheiro se ganhasse as eleições.
Como sempre tem acontecido, quando há mais dinheiro há mais consumo. E dos produtos importados, dos carros às roupas.
É provável que haja mais dinheiro disponível durante o ano de 2016. O governo de Sócrates e de Teixeira dos Santos também o teve até Abril de 2011. Cada vez mais caro, mas havia.
E quando ele faltar? E quando os juros dos empréstimos ao estrangeiro subirem sem parar?
Pede-se um resgate, claro: mais “troika”, mais eleições, mais uma vitória para o PSD e o CDS resolverem os problemas económicos e financeiros e serem depois derrotados por causa da austeridade.
Até lá, vamos às compras? Convém é, entre o carro novo e a roupa do Verão, comprar um cofre não vá dar-se o caso de, para variarmos, chegar ao ponto em que só vamos poder levantar 60€ no multibanco.
Bem-vindos ao Paraíso!
"Show Me a Hero": o regresso de David Simon à reportagem
Oscar Isaac e Carla Quevedo em "Show Me a Hero" |
Nos anos noventa, a cidade americana de Yonkers, no estado de Nova Iorque, viveu um conflito com a habitação social no seu centro. A população branca não queria a transferência de sectores da população negra e hispânica para as novas unidades de habitação social nos seus bairros mas havia uma decisão judicial que obrigava a Câmara Municipal a fazê-lo.
Coube ao jovem presidente Nick Wasicsko fazer com que a decisão começasse a ser cumprida. Foi um herói mas, como escreveu F. Scott Fitzgerald em "O Grande Gatsby", "mostrem-me um herói e eu escreverei uma tragédia".
E a história de Wasicsko é uma tragédia. Gostava demasiado da política e achava que podia fazer alguma coisa de útil por Yonkers.
Mas a questão da habitação social manchou-o para sempre. Era "tóxico", como agora se diz. As várias oposições que suscitou empurraram-no para um fim desesperado.
A sua história serviu para uma mini-série ("Show Me a Hero") que acabou de passar no canal de cabo TV Séries. O seu criador foi David Simon (para sempre famoso, e muito justamente, por "The Wire"), antigo jornalista e agora produtor de televisão e argumentista.
A série é um trabalho curioso. Tem uma vertente quase documental. O ritmo é calmo e seguro, sem sobressaltos, numa narrativa construída com precisão. É como uma reportagem friamente escrita mas sem perder o sentido do seu objecto. Nick Wasicsko (Oscar Isaac) é uma personagem que não empolga mas a tragédia em que mergulha mostra bem as suas limitações e as limitações do sistema que quis servir.
O olhar de David Simon, como também se viu na magnífica "Treme", mostra-se sempre atento às várias figuras, às personagens exemplares, aos quadros que parecem ilustrações secundárias e que depois se conjugam no final. Trágico para uns, feliz para outros.
"Show Me a Hero", um objecto estranho da HBO, é mais um dos bons exemplos do que pode ser e é a televisão dos nossos dias.
domingo, 18 de outubro de 2015
Dois anos depois
«Abater
a poderosa inércia que esmaga este executivo camarário. As centenas de ideias
boas que aqui chegam acabam sempre, inexoravelmente, por nunca serem
consistentemente seguidas e tudo se resume constantemente
a arrebatamentos sortidos, cheios de boas intenções, que
nunca conduzem a lado nenhum.»
«Este
município tem um armário cheio de esqueletos. Tem sido e continua a ser um
trabalho intenso e difícil abrir as portas desse armário de par em par. A
opacidade e complexidade das operações ilícitas, requer uma dedicação
absoluta. As auditorias financeiras revelam, semestre após semestre, um
contínuo e antigo atropelo processual que custou a este município milhões de
euros e uma reputação sólida de falsidade e de impunidade.»
«Razão
tinha a oposição ao longo de tantos anos em afirmar, não apenas as ilicitudes
grosseiras que se cometeram e cometem nesta autarquia, mas também em denunciar
como se deturpou conscientemente as contas para anunciar um equilíbrio que se
revela repleto de esqueletos no armário financeiro da autarquia.»
Um presidente de câmara que está melhor fora da Câmara. |
Estes excertos arrasadores para a gestão da Câmara Municipal de Caldas da Rainha são retirados do blogue dos vereadores do PS deste concelho no balanço que faz dos dois anos de gestão do grupo dominante no PSD local que ganhou as eleições de Setembro de 2013.
O PS foi o único partido da oposição, que eu saiba, a ter este tipo de intervenção que, na prática, é uma declaração de guerra ao PSD camarário.
Quanto aos restantes sectores representados na Assembleia Municipal, o panorama, infelizmente, é mau: o CDS remeteu-se agora ao silêncio, na melhor das hipóteses por estarmos ainda no rescaldo das eleições legislativas (em que se coligou com o PSD nacional); o PCP liga pouco aos problemas da região; e, por último, a grande esperança das eleições locais de 2013, o grupo de independentes do MVC está reduzido a... palestras sobre temas de saúde.
Ao fazer esta declaração de guerra, mantendo ao mesmo tempo uma intervenção regular no seu blogue, o PS assume uma responsabilidade que não pode ficar apenas pelas palavras.
Já passaram dois anos sobre as eleições de 2013 e faltam dois anos para as eleições de 2017.
O PS, que sozinho, tão cedo, não conseguirá vencer as eleições autárquicas neste concelho, está finalmente em condições de tomar a iniciativa na congregação de todas as vontades que podem unir-se para mudar o rumo da Câmara Municipal de Caldas da Rainha numa candidatura abrangente e sólida.
Quererá fazê-lo?
E, realmente, mudar?
Está na altura de começar a trabalhar para os substituir. Haverá quem realmente o queira fazer? |
Nota: O meu elogio ao PS local não significa que eu esteja de acordo, vote favoravelmente ou apoie o que este partido tem andado a fazer, antes e depois das eleições legislativas de 4 de Outubro. A minha crítica, aqui e em todo este blogue, ao PSD de Caldas da Rainha e à sua "nova dinâmica" da treta, não é anulada pelo voto que dei à coligação de âmbito nacional entre o PSD e o CDS (Portugal à Frente) nas mesmas eleições.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Não gosto dos CTT... mas gosto da Junta de Freguesia da Foz do Arelho
A existência de uma única estação dos CTT na capital do concelho de Caldas da Rainha faz com que aí se concentre grande parte do serviço de correio da cidade e dos seus arredores, gerando situações de espera que podem chegar a uma hora.
É por essas e por outras que eu, como muita gente, prefiro dois postos na periferia que despacham o serviço mais rapidamente e, num dos casos, com a simpatia que a empresa CTT não consegue oferecer ao público.
Trata-se do posto existente na sede da Junta de Freguesia da Foz do Arelho onde, na terça-feira passada, como tantas vezes acontece, me dirigi para enviar correio.
E, lá chegado, a única pessoa que aí se encontrava era o presidente da Junta porque nenhuma das duas funcionárias estava presente.
E não pude tratar do assunto? Não, pude.
Foia, aliás, o próprio presidente que recebeu a correspondência e que a deixou para uma das funcionárias (que precisara mesmo de se ausentar, estando a sua colega de férias) tratar. Não fui caso único e já lá havia mais correio para ser despachado. Perguntei se podia deixar dinheiro para o pagamento mas o presidente da Junta disse que não, porque não sabia quanto seria.
Ontem, quinta-feira, voltei lá, paguei e recolhi a factura e os documentos (era correspondência registada), que me foram prontamente entregues.
A isto chama-se serviço público, prestado com eficácia e com simpatia.
O Gulag mental da "esquerda"
Uma política (político, sexo feminino) da "esquerda" despiu-se voluntariamente para duas publicações em plena época de caça ao voto.
Não me recordo de ver esta atitude a ser criticada por quaisquer motivos que tivessem a ver com a exibição do corpo feminino.
Duas semanas depois, outra política também da "esquerda" é alvo de uma petição para se deixar fotografar despida para a revista "Playboy", por acaso até na mesma altura em que é anunciado o fim das fotografias de nu(a)s nesta famosa publicação.
E aí já se erguem as vozes de protesto na "esquerda", num coro de angustiadas idiotices, porque a dita petição já seria uma espécie de exploração sexista!
Se este tipo de mentalidade consegue chegar um dia ao poder, ainda acabamos todos enfiados numa espécie de Gulag de novo tipo.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Perdidos
"Mad Men": reapareceu de repente, ainda em Outubro, com as duas partes da 7.ª temporada
(que foram separadas por mais de um ano) a serem transmitidas de rajada na RTP2.
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A fama (justa) de "Breaking Bad" poderia ter aberto portas a "Better Call Saul".
A primeira temporada terminou, nos EUA, em Abril deste ano.
Por onde andará?
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O AXN transmitiu as primeiras três temporadas
da grande estreia do Arqueiro Verde na televisão.
A quarta já começou nos EUA. Por cá nada.
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"The Flash" foi, verdadeiramente, uma série-revelação.
A RTP tratou-a pessimamente.
Já começou a segunda temporada mas cá não se sabe.
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"Daredevil": a única aventura televisiva da Marvel com interesse.
A primeira temporada já lá vai.
Aparecerá no anunciado serviço da Netflix?
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A história (de James Patterson, publicada pela TopSeller em Portugal)
é francamente interessante.
A série parece que também.
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Uma outra série que nunca chegou a Portugal, sem que se perceba porquê, é "Orange is the New Black", sobre a qual já escrevi aqui e que vi em DVD, motivo pelo qual não a incluo nesta pequena lista de perdidos... e não achados.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Do putanato na política
As eleições da semana passada não trouxeram apenas a originalidade de o partido perdedor se querer armar em ganhador mas também uma nova forma de putanato.
Foi, quase ao mesmo tempo, o derrotado secretário-geral do partido perdedor, o PS, a andar a oferecer-se (e ao seu partido) a quem mais der (até à excrescência que é o PEV!...) e o inexistente Livre a pedir publicamente que o ponham por conta, pagando-lhe as dívidas contraídas na campanha eleitoral.
É tão ridícula uma situação como a outra. É o secretário-geral do PS (o partido derrotado, é certo, mas que já foi governo) que se desloca de porta em porta a oferecer-se. E é por outro lado o partido defensor do não pagamento dos empréstimos a Portugal a reconhecer que afinal as dívidas são para pagar. (E, já agora, porque é que não fazem um calendário com o seu pessoal nu para angariar fundos? Uma das suas dirigentes já o fez por duas vezes, para angariar votos.)
Então isto não se resolve?!
Quando é que a incompetente Câmara Municipal de Caldas da Rainha (comandada por um PSD local que garantia ser a "nova dinâmica" e que em nada se recomenda) acaba estas obras que estão assim há quase três meses numa das entradas da capital do concelho?
O que é feito das almas penadas?
Apareciam por todo o lado, rasgavam as vestes, atacavam o Governo e a coligação PSD/CDS, as instalações do Novo Banco, o Banco de Portugal, a Polícia e mais quem lhes aparecesse à frente. As televisões, ávidas, seguiam-nos, como se a causa dos "lesados do BES/GES" estivesse bem escorada a nível das administrações, das direcções e das chefias.
E depois do domingo de eleições desapareceram.
O problema ou está resolvido ou afinal não existia.
Mas fica uma dúvida: se o PS conseguir conquistar o governo da nação, vão cobrar a promessa de ser o Estado a pagar-lhes as perdas do investimento privado que fizeram?
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
O PS no labirinto de Costa
1. António Costa (com o seu PS) vai encontrar-se com o PCP e com o BE. É um encontro de cortesia? Ou é para concertar um governo? É para tomar chá, gin (BE) ou moscatel (PCP)? Vai pedir desculpa à jovem Catarina e ao ancião Jerónimo por os ter criticado na campanha eleitoral? Vai perguntar-lhes quanto é que querem para abandonar ideias absurdas como a saída de Portugal do euro e da NATO? Ou vai querer saber como é que eles o vão fazer, para melhor se adaptar?
2. António Costa foi convidado por Pedro Passos Coelho para uma reunião. Presume-se que vai. Mas só depois do equivalente político de uma “blind date” com a extrema-esquerda. E vai para negociar? E o quê? Governo a três? Abstenções como regra? Acordos pontuais?
3. António Costa (em consequência do ritmo erróneo que impôs ao seu PS) foi o alvo principal do ultimato (correcto e certeiro) do Presidente da República anteontem: é preciso unir em torno de uma solução de governo os principais partidos que defendem a integração europeia e o fim da crise económica e financeira do País. Não deve ter gostado mas foi merecido. Agora vai desafiá-lo? Vai fazer birra?
4. Nas presidenciais, o PS de António Costa parece mais uma frente do que um partido, dividido por três candidatos: um que a aristocracia do PS quis lançar e que agora não parece saber o que lhe há de fazer (Nóvoa), outro que até é militante do PS mas que parece ser mal tolerado por essas bandas (Neto) e outro (Maria de Belém) que já foi presidente do PS e que colhe algum favoritismo no PS que não é o PS de Costa. Faltam cerca de três meses para as eleições para o cargo de Presidente da República e o PS quer dar liberdade de voto na primeira volta porque há quem pense que haverá duas voltas. O partido estará ainda mais partido nessa altura.
5. Neste labirinto, Costa e o seu PS parecem temer um comprometimento a nível governamental. Têm razão mas não é pelo que parece: as medidas políticas e orçamentais que o PS poderá querer que um governo PS/CDS tome para apoiar esse governo (legitimado pelas eleições de há três dias) serão precisamente aquelas que podem dar a Passos Coelho e Paulo Portas uma vitória de maioria absoluta, quando Costa e o seu PS de mão dada com a extrema-esquerda o quiserem derrubar.
6. No PREC, e perante alguns revezes que a “esquerda” ia sofrendo, popularizou-se um dito (confirmado da pior maneira em 25 de Novembro de 1975) que ficou célebre: “de vitória em vitória até à derrota final”. Costa bem o pode adoptar para o seu PS... enquanto ainda há PS.
Uma misteriosa carta de conforto bancária, um negócio de terrenos bastante estranho e um projecto megalómano que há de ter dado dinheiro a ganhar a alguém e que está coberto por um manto de silêncio
A Câmara Municipal de Caldas da Rainha (cujo vice-presidente à época é hoje o presidente) propôs em 2011 à Assembleia Municipal a alteração do Plano Director Municipal para abrir 275 hectares numa zona não urbanizável a um projecto hoteleiro que teria um investimento de 300 milhões de euros.
A Assembleia Municipal aprovou a alteração.
As duas empresas (cujo rosto era apenas o então presidente da junta de freguesia de uma das duas freguesias afectadas) envolvidas não investiram nada.
Nunca houve uma justificação formal para essa falta de comparência. Mas também nunca nenhuma força política, ou membro de órgão autárquico, levantou algum problema.
Em Março de 2014, uma das duas empresas pediu uma carta de conforto à Câmara Municipal para "tornar mais célere" um investimento bancário. A Câmara Municipal aprovou o pedido, "dado que se trata de um investimento de maior interesse para o concelho".
Um ano e sete meses depois nada se sabe do resultado do "conforto" camarário.
Perante isto e os quase cinco anos que já passaram desde que tudo começou, bem se pode dizer que o "maior interesse" não é com certeza do concelho de Caldas da Rainha.
E deve estranhar-se, naturalmente, e mais uma vez, o silêncio que rodeia este estranho caso, que ninguém nem nenhuma força política ousa quebrar.
*
Referi-me aqui à carta de conforto, e ao próprio projecto em si (que inspirou um dos meus livros). O link da própria Câmara Municipal de Caldas da Rainha relativo ao documento já não existe.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
Em fila de espera
À espera de vez, na "box" do televisor, estão "Show Me a Hero" e "Olive Kitteridge", os dois primeiros episódios da segunda temporada de "Gotham" e o último da segunda temporada de "The Strain".
Anunciam-se para o futuro imediato as segundas temporadas de "The Knick" e de "Fargo" e de "The Affair" (que suscita alguma curiosidade) e a continuação de "The Talking Living", espero que não falhem "Arrow" e "The Flash" (na caótica RTP, ainda?). E a coisa, claro, não ficará por aqui.
Entretanto, em DVD, estão à espera a quinta temporada de "Engrenages", o sempre divertido "NCIS", a primeira temporada de "Ray Donovan" (a ver, por curiosidade) e, das sete temporadas da animadíssima "Sons of Anarchy", já vou na quarta.
Não há fome que não dê em fartura: sem uma sala de cinema de jeito neste concelho que tão simpaticamente me acolheu, vale a oferta cada vez melhor da televisão do século XXI.
O interior esquecido de Caldas da Rainha
Nestes campos distantes do mundo (a cerca de 10 quilómetros da capital do concelho de Caldas da Rainha...) cortam-se as canas e as ervas nas bermas dos caminhos e depois... fica tudo no chão. Não se é percebe se é feitio ou defeito.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
"PS vai ganhar pois o povo não é estúpido"
Esta frase é de Correia de Campos, antigo ministro da Saúde e mandatário de António Costa nestas eleições, e apareceu na primeira página do jornal “i”.
Portanto, e perante os resultados destas eleições, o povo português foi estúpido porque:
(a) deu a vitória à coligação formada pelo PSD e pelo CDS, cujo governo sobreviveu a quatro anos extremamente difíceis;
(b) preferiu o rumo da estabilidade e recusou a aventura com que acenaram o PS, o BE e o PCP;
(c) disse ao PSD e ao CSD e também a uma vertente do PS que deviam entender-se;
(d) relegou para um segundo lugar pouco honroso um PS desnorteado chefiado por um homem igualmente desnorteado;
(e) não ligou aos apelos radicalistas do PCP e do BE, preferindo um palminho de cara ao “facies” sorumbático de um ancião sempre zangado;
(f) ignorou os pequenos partidos unipessoais.
É possível que os que consideram estúpido o povo que vota porque não vota neles queiram fazer qualquer tipo de golpe de Estado no Parlamento. Pode ser que se saiam mal.
domingo, 4 de outubro de 2015
"Colosso", de Niall Ferguson
Os EUA foram sempre um império, pode ser preferível um imperialismo americano consciente embora os constrangimentos sobretudo financeiros dificultem esse papel e, enquanto continuar a existir, o império americano será sempre, de algum modo, disfuncional.
Esta é tese, logicamente aqui muito resumida, de "Colosso - Ascensão e Queda do Império Americano" (ed. Temas e Debates, minha tradução), do académico e investigador inglês Niall Ferguson, um trabalho extenso e muito estimulante sobre o papel dos EUA no cenário mundial e a influência que exerce em quase todos os domínios, além da sua situação financeira e económica e o seu relacionamento com a China.
O que Niall Ferguson defende pode ser muito controverso para quem olhar com preconceito para a questão do poder "imperial" dos EUA e, até, para a maneira como este país se arriscou em certas circunstâncias internacional porque os outros se puseram de parte, mas o raciocínio e a argumentação sólidos e muito convincentes.
Uma polémica um pouco parva
O Presidente da República faz bem em não aparecer amanhã numa cerimónia pública, seja ela a comemoração da República, o descerramento de uma lápida ou qualquer outro tipo de evento.
Com as eleições hoje e um desfecho oficial imprevisível, o Presidente seria sempre perseguido pelos jornalistas (e abordado por todos os outros participantes) que quereriam inevitavelmente saber o que vai fazer em temos de governo.
A notícia do dia seria o que Cavaco Silva dissesse ou não dissesse e nunca o 5 de Outubro.
Qualquer outro Presidente da República inteligente faria o mesmo e a polémica, suscitada por almas de repente tão parvamente comovidas com a ausência, só se justificará por perderem deste modo a oportunidade de perpetrarem mais alguns disparates "a posteriori" sobre o Chefe de Estado a quem, se tivessem um poucochinho de dignidade própria, deviam tributar algum respeito pelo menos institucional.
sábado, 3 de outubro de 2015
A democracia dos idiotas
"Quem não vai votar no próximo dia 4 é favor abster-se de emitir qualquer opinião! Não votou, calou!" ?!
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Vão-se f...undir!
"Aromas de fruta compotada, extração mineral, madeira especiada e bem fundida. Licores. Boca sucrosa, mastigável, alongada, de ampla mesa."
"Cor intensa. Bergamota, ameixa madura, achocolato fino, mentolados. Mastigável, alongado e sempre firme. Para mesas exigentes."
"Envelhecimento ideal, de pimento grelhado, tabaco, licor de ameixa, esteva. Leve couro e muita especiaria. Elegante, muito fresco, secura sucrosa. Rei na mesa."
Estas são, ipsis verbis, três notas de prova (?) de outros tantos vinhos da "feira de vinhos" do Continente.
A leitura de todas elas deve fornecer matéria para grandes masturbações teóricas de algumas pessoas que se especializaram em encontrar os mais variados sabores para o vinho. Aliás, entre as notas de prova habituais nestas (e noutras) coisas e estas vai uma evolução: agora a loucura aumentou.
Há quem diga que isto serve para promover o vinho. Eu duvido e o que me apetece dizer perantes estas erudições bacocas é, para usar esta nova terminologia, uma única coisa: vão-se f...undir!
Eu era mais uma torradeira
António Costa reuniu-se com “a cultura” e já nem prometeu um “Ministério da Cultura” mas um “Governo da Cultura”. E prometeu mais o quê? Não se sabe.
Mas, a avaliar pelas caras de fome de muitos membros da “cultura” à volta da mesa, deve ter prometido mais alguma coisa do que o almoço. Que nem se sabe se foi grátis, embora conste que não os há grátis.
A “cultura” que fez empolgar Costa não o fez dançar, infelizmente, coisa que é uma das imagens mais marcantes desta campanha. Mas seria interessante saber quem é que lá estava.
Por duas razões: parte da “cultura” portuguesa vive do Estado (dos subsídios para o cinema “de arte e ensaio” aos concertos pelas câmaras municipais) e tem andado a viver pior nos últimos anos, como o mostrou o episódio do cantor que emigrou para o Brasil porque as câmaras andavam a comprar-lhe menos concertos; e Costa tem andado a prometer tudo... e um par de botas.
Aos professores prometeu o fim da prova de acesso à carreira (que não toca a todos e que reduz a entrada de mais profissionais num sistema com menos alunos); aos cafés e restaurantes prometeu a redução da taxa de IVA (e os outros, não têm direito?); aos emigrantes que emigraram depois de 2011 prometeu que os apoiava (com quê e porque só a esses?); aos “lesados do BES” prometeu que os indemnizava das perdas E à “cultura”, prometeu o quê?
A campanha do PS tem sido feita de promessas que custam dinheiro ao Estado. Não sei se todas essas promessas constam do tal programa económico mas hão de ter um custo. Para todos nós, para os contribuintes, para todos os que não são professores contratados, membros da “cultura”, donos de cafés e de restaurantes, para os “lesados”, emigrantes e a todos os que aqui faltam e que já devem estar na fila de espera.
Ou seja: o PS promete atirar dinheiro aos eleitores e receber antecipadamente os votos, tipo pagamento especial por conta (em que não mexe).
Valentim Loureiro, que à sua maneira foi um precursor, bem pode sentir-se orgulhoso por verificar que a sua forma de ganhar eleições fez escola no PS costista.
E, já agora, para mim era uma torradeira.
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