sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Uma misteriosa carta de conforto bancária, um negócio de terrenos bastante estranho e um projecto megalómano que há de ter dado dinheiro a ganhar a alguém e que está coberto por um manto de silêncio


A Câmara Municipal de Caldas da Rainha (cujo vice-presidente à época é hoje o presidente) propôs em 2011 à Assembleia Municipal a alteração do Plano Director Municipal para abrir 275 hectares numa zona não urbanizável a um projecto hoteleiro que teria um investimento de 300 milhões de euros.
A Assembleia Municipal aprovou a alteração.
As duas empresas (cujo rosto era apenas o então presidente da junta de freguesia de uma das duas freguesias afectadas) envolvidas não investiram nada. 
Nunca houve uma justificação formal para essa falta de comparência. Mas também nunca nenhuma força política, ou membro de órgão autárquico, levantou algum problema.
Em Março de 2014, uma das duas empresas pediu uma carta de conforto à Câmara Municipal para "tornar mais célere" um investimento bancário. A Câmara Municipal aprovou o pedido, "dado que se trata de um investimento de maior interesse para o concelho".
Um ano e sete meses depois nada se sabe do resultado do "conforto" camarário.
Perante isto e os quase cinco anos que já passaram desde que tudo começou, bem se pode dizer que o "maior interesse" não é com certeza do concelho de Caldas da Rainha.
E deve estranhar-se, naturalmente, e mais uma vez, o silêncio que rodeia este estranho caso, que ninguém nem nenhuma força política ousa quebrar.
 
 
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Referi-me aqui à carta de conforto, e ao próprio projecto em si (que inspirou um dos meus livros). O link da própria Câmara Municipal de Caldas da Rainha relativo ao documento já não existe.

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