Um desafio ao PS, ao CDS e ao MVC de Caldas da Rainha: se querem mesmo derrotar o PSD nas eleições de 2017, façam uma coligação de boas vontades.
É que, de outro modo, talvez nem valha a pena a votar.
O meu artigo de opinião no "Jornal das Caldas" de hoje e, em baixo, a sua versão mais legível.
Uma aliança de boas vontades para as eleições de 2017
Desde que há mais de dez anos comecei
a vir para o concelho de Caldas da Rainha, e onde acabei por me fixar, que
assisto, com alguma estupefação a uma degradação cada vez maior da cidade de
Caldas da Rainha e a um abandono também cada vez maior das freguesias do
interior.
A situação tornou-se inquietantemente
mais visível desde há dois anos, com a nova gestão autárquica do PSD saída das
eleições de 2013.
A Câmara Municipal lançou obras
simultâneas em toda a capital do concelho que ainda nem sequer estão
concluídas. Investiu milhões em obras desnecessárias (alargamento de passeios e
um estacionamento subterrâneo inútil) e desinvestiu em obras básicas de
manutenção e de reabilitação (das passagens de peões às infraestruturas de
saneamento básico). Apostou num projecto megalómano como a posse do Hospital
Termal e do parque anexo onde já sabe que vai ter de gastar mais um milhão de
euros por ano. Deixou chegar a 2,1 milhões de euros o resultado negativo do seu
orçamento de 2014. Fechou os olhos ao alastramento do lixo nas vias urbanas e
fora da capital do concelho. E abandonou de vez qualquer visão de conjunto que
pudesse aproveitar o potencial turístico da costa atlântica e do interior rural
do concelho.
Este executivo mostrou uma incompleta
incapacidade de gerir a Câmara Municipal a favor da população do concelho,
chegando a preferir não molestar as empresas de construção que lhe furaram
várias vezes os prazos das obras e preferindo dificultar a vida aos caldenses.
Nem a população pode estar satisfeita nem tão pouco o poderá estar o anterior
presidente da Câmara, que vê os seus “herdeiros” darem-lhe cabo da obra (e
talvez seja por isso que se diz que poderá querer voltar).
A oposição (nomeadamente, o PS, o
Movimento Viver o Concelho e o CDS) também mostra sinais crescentes de
insatisfação, promovendo com frequência várias iniciativas onde denunciam a
gestão ruinosa do actual executivo.
E esta insatisfação poderá
transformar-se numa alternativa, nas eleições autárquicas de 2017? Se o
quiserem, pode. Mas terão de dar passos bem diferentes dos que deram até agora para
que isso aconteça.
E o primeiro desses passos é perceberem
qual é o adversário principal que têm em comum e qual deve ser a sua principal
preocupação. O adversário comum é o PSD e a sua principal preocupação deve ser
o progresso perdido do concelho de Caldas da Rainha. Os interesses partidários
devem, agora, submeter-se ao bem comum.
Nas eleições de 2013 o PSD ganhou com
vantagem a Câmara Municipal e a Assembleia Municipais relativamente aos
restantes partidos. Mas a vantagem só existe devido à proliferação do voto. Se
olharmos para os resultados eleitorais no quadro junto, vemos que só 514 votos
separaram o PSD (9203 votos) do total obtido pelo conjunto PS/CDS/MVC (8689
votos) nas eleições para a Câmara Municipal. Nas eleições para a Assembleia
Municipal (onde tem menos peso o carácter pessoal do cabeça-de-lista), o
resultado é bastante diferente: o conjunto dos três partidos obteve 8830 votos
enquanto o PSD se ficou pelos 8603, ou seja, menos 227 votos. Foi uma derrota. E
nem se contam aqui os votos do PCP e do BE, entre cujos eleitores se encontram
de certeza pessoas muitas vezes mais preocupadas com os assuntos das suas
terras do que com a política nacional.
|
PSD
|
PS
|
MVC
|
CDS
|
PCP
|
BE
|
AM
|
8603
|
4766
|
2078
|
1986
|
1146
|
786
|
CM
|
9203
|
4866
|
1856
|
1967
|
1089
|
601
|
Fonte: Comissão Nacional de Eleições
(eleições autárquicas de 2013)
Nesta situação, que tende sempre a
piorar, o PS, o CDS e o MVC têm a obrigação político-moral de encontrarem
pontos comuns, numa perspectiva não partidarizada, que lhes permita formarem
uma aliança de boas vontades e determinação política que possa ganhar as duas
eleições, ou uma delas, nas eleições autárquicas de 2017.
Sem vedetismos e sem complicações,
devem assentar em dois cabeças-de-lista consensuais, de grande prestígio e
dispostos a trabalhar, para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal e
numa distribuição de lugares que respeite os resultados obtidos nas eleições de
2013, com uma eventual extensão às Assembleias de Freguesia onde o PSD ganhou
nesse ano.
Se a situação do concelho já começa a
ser de emergência, como será em 2017, e depois, se a oposição não conseguir
encontrar consensos e unir esforços? Sozinhos, os partidos da oposição não
podem ganhar.