domingo, 29 de março de 2015

Má fé e falta de seriedade?


Em meados de Novembro do ano passado recebi uma proposta de trabalho de uma editora que designarei apenas por Z., para traduzir uma história fantástica para adolescentes. Propunham-me que o fizesse em Janeiro (deste ano) e que o pagamento (propondo eu o valor) seria pago a 90 dias. Ou seja: três meses. Aceitei as condições e fiz um preço razoável, que foi aceite.

Poucos dias depois, a Z. perguntou-me se poderia traduzir o segundo livro da série, logo a seguir ao primeiro, e que propusesse igualmente o valor.
Assim fiz, juntando os dois trabalhos mas alterando a forma de pagamento. Porque receber o pagamento das duas traduções a 90 dias seria equivalente a estar quase quatro meses sem receber nada.
 
A Z. pediu-me também uma proposta para a remuneração e eu fiz um desconto global de 10 por cento, propondo 4 pagamentos com intervalo de 30 dias a partir do 30.º dia da entrega. Aceitaram. Pedi um contrato com os pormenores todos. Disseram que o fariam.

Ao mesmo tempo aceitei o convite para ir, em 1 de Dezembro, a uma reunião com a editora, pensando até que nessa altura já haveria contrato para assinar. A reunião de pouco serviu e, quanto ao contrato, garantiram-me que mo enviariam.

 
A questão do contrato era especialmente significativa porque não conhecia a editora, em termos de funcionamento, nem as suas dirigentes. Podendo não servir para nada no que se refere ao pagamento (já houve situações difíceis mesmo com contrato), era importante também para aquilatar da seriedade da entidade que queria contratar os meus serviços.


 
O mês de Dezembro passou, no entanto, sem contrato. Por alturas de 20 avisei que, não havendo contrato, seria difícil começar a trabalhar. No dia 30 telefonou-me uma pessoa da direcção da Z., garantindo-me que haveria contrato, pedindo desculpa por não terem respondido, etc. Eu adiei por um mês a entrega do primeiro livro (para não começar sem a situação se encontrar esclarecida) e fiquei à espera.
 
Apareceu-me nessa altura uma proposta de outra editora, em que comecei a trabalhar, preparando tudo para me dedicar ao tal primeiro livro da Z. logo a seguir.
Mas da Z. nada me chegava.
 
E quando lhe comuniquei que não poderia fazer outra coisa se não adiar também o segundo livro (e sabia que não iam ser publicados em simultâneo, pelo que haveria tempo), a reacção foi praticamente imediata: já não queremos nada, porque é muito tarde para nós, fica tudo sem efeito.
 
E o contrato? Nunca apareceu.

Eis o que se pode concluir: que a minha exigência de contrato serviu para demonstrar a falta de seriedade da editora que queria o meu compromisso (como prestador de um serviço) sem eu ter o compromisso de ser pago por ele, como se quisesse que eu fosse avançando, sempre na esperança de vir a ser pago... sem talvez o vir a ser.


Mau jornalismo



 
 
Apesar da debilidade da reprodução, o que nela se vê é suficientemente claro: o ex-secretário-geral do PS, António José Seguro, e o primeiro secretário-geral do mesmo partido, Mário Soares (numa fotografia que não o favorece), e o título "Costa (do PS) vem às Caldas e Costa (do PSD) quer lugar em Leiria". Nenhuma das figuras parece ter "Costa" nos seus nomes. 
O conjunto foi retirado da edição da "Gazeta das Caldas", de Caldas da Rainha, na passada sexta-feira. Não interessa o conteúdo do que se publica, mais ou menos sobre esta matéria, na página 10. Não interessa sequer que seja uma piada do 1 de Abril.
Seja lá o que for, é mau, ao fornecer ao leitor informações (visuais e escritas) erróneas. E o que até poderia ter graça, como mentira do 1 de Abril, não consegue ter.
É mau jornalismo, de uma ponta à outra.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O PCP de Caldas da Rainha não sabe do que fala

 
"Vítor Fernandes, do PCP, acha que a cidade [Caldas da Rainha] tem sido penalizada nestes arranjos em estradas e caminhos em relação às freguesias rurais. 'A maioria que está na Câmara tem mais votos nas freguesias rurais do que na cidade', comentou."
 
A citação é extraída do "Jornal das Caldas", no relato de uma sessão do programa da Mais Oeste Rádio, desta vez sobre ruas esburacadas.
Os políticos caldenses vivem, em geral, na capital do concelho, da capital do concelho e para a capital do concelho. 
Sabem pouco do que se passa fora dos muros da cidade e isso nota-se no que dizem, no que fazem e no que não fazem.
Como agora acontece.
Se o PCP conhecesse melhor a realidade local, saberia que as freguesias rurais são ainda mais prejudicadas do que a capital do concelho, e em tudo, pelas muitas omissões da Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 
Em querendo, nem lhe seria difícil perceber.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Até é possível que o Grupo Lena esteja inocente...

 
... nas "ajudas" que se diz ter dado ao ex-primeiro-ministro ora detido.
A avaliar pela experiência que tenho tido ao cabo de quase dois meses com uma empresa do grupo, a LPM, numa compra que lhes fiz e em que tem sido revelada uma desorganização administrativa que por enquanto ainda só me faz rir, talvez tenha sido apenas um caso desses. E devem ter muitos exemplos para apresentarem como provas.
 
 
 
 

Não acertam uma: já não encontram meio-termo entre o disparate e a irresponsabilidade


Talvez fosse melhor não mexerem para não estragarem...
 
A Câmara Municipal de Caldas da Rainha vai gastar 200 mil euros para um projecto para alterar o perfil da zona de praia e de confluência com a Lagoa de Óbidos da Foz do Arelho. Para começar. Depois quer gastar mais cinco milhões de euros.
No palavreado que justifica a coisa percebe-se que o essencial do tal projecto (cuja concretização custará cinco milhões de euros) é a mudança dos bares da zona para um ponto qualquer em cima da areia, ou quase. É necessário, segundo os termos de referência do projecto, "retirar o tráfego automóvel da frente dos equipamentos".
É mais uma "requalificação" que vai dar asneira e que já se caracteriza por um cortejo de irresponsabilidades em que convergem o anterior presidente da câmara e os herdeiros que eclodiram dos ovos que andou a chocar.
Repare-se só:
 
1 - Quando há preocupações legítimas sobre o avanço do mar (e já houve episódios neste local), é tudo menos inteligente ponderar a transferência da meia-dúzia de simpáticos bares da Foz do Arelho para mais perto do mar, sendo ele, aliás, como é nesta zona. Basta reparar como se abre e fecha a "aberta" da Lagoa de Óbidos para perceber a instabilidade do Oceano Atlântico aqui onde toca na terra. Quanto aos carros, são quase sempre de clientes.
2 - Os bares estão aparentemente, em situação ilegal, e há muito tempo. Funcionam com licenças provisórias e estão condenados pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Não se percebe como é que a sua mudança para um local mais perigoso os legalizaria. E não é com um erro que se corrige outro erro.
3 - O anterior presidente da Câmara Municipal, que não só foi presidente da câmara durante mais de trinta anos como até é jurista, manifesta hoje no "Jornal das Caldas" uma posição de estarrecer: os bares, diz, "estão legalizados porque encontram-se aqui instalados há algum tempo e toda a gente sabe que eles estão aqui". Se não está a invocar o usucapião, era bom que fosse mais claro. Dito assim, e com a autoridade que ainda tem, o advogado Fernando Costa está a induzir em erro os proprietários.
4 - Os cinco milhões de euros seriam de alguma forma arranjados através de fundos comunitários (que parecem continuar a servir para tudo...). E se não forem? Segundo o "Jornal das Caldas", o vice-presidente da câmara, que é uma das crias do anterior presidente, será o município a pagar. É mais uma despesa de vulto para os cofres cheios que Fernando Costa terá deixado... e que facilmente se esvaziarão, com estes e outras despesas.
 
A gestão camarária que saiu das eleições de 2013 (e a que, num misto de auto-crítica e de ironia, o próprio PSD chamou "nova dinâmica") tem-se caracterizado pela tendência para estragar (e para deixar estragado) tudo aquilo em que toca.
No caso da Foz do Arelho podiam limitar-se a arranjar alternativa aos feios contentores de lixo (que são para eles, uma espécie de coqueluche). Saía mais barato, era mais útil e, com sorte, poderia não ser pior.
 
 
 
Para a Câmara Municipal de Caldas da Rainha,
estes lindos caixotes de lixo devem ser "bordalianos"...
 

Como saber se ele é mesmo culpado ou inocente




 
 
Se o ex-primeiro-ministro e ora arguido e preso preventivamente se candidatar à Presidência da República para a eleição de 2016, fica demonstrado que nada receia da solidez da acusação que impende sobre a sua cabeça e que não passa, como ele e outros têm dito, um mero preso político.
Se ele não se candidatar... bem, é porque receia mesmo a solidez da acusação.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Quanto é que nos vai custar o vazio?










 
Estas imagens foram recolhidas hoje à tarde, entre as 14h e as 14h30, no parque de estacionamento subterrâneo da cidade de Caldas da Rainha, que custou 3,6 milhões de euros.
O piso -1 (imagem de cima) é destinado ao público em geral e nem sequer é pago na primeira hora. Nem um terço do espaço estaria ocupado.
O piso -2 (imagem de baixo) é destinado a residentes e outros "assinantes". Nem um terço do espaço estaria também ocupado.
Nunca acreditei na necessidade de um parque de estacionamento desta natureza para o centro "político" (Câmara Municipal, Finanças, Tribunal) desta cidade. Tudo indica que, na realidade, não era necessário e que continuará às moscas.
Como não se conhecem (o que é estranho, repito, como é estranho que as oposições não exijam esse esclarecimento) estudos, modelo de exploração da obra e a relação custos/benefícios, não custa a crer que a Câmara Municipal venha a cobrar a loucura do estacionamento subterrâneo aos munícipes quando ficar evidente o buraco que este duvidoso empreendimento vai provocar nas contas camarárias. 

sábado, 21 de março de 2015

A verdade sobre o caso da "lista VIP"


Se não fosse a cegueira político-partidária e a tolice do "jornalismo de causas" (tudo o que "é" Governo é mau; tudo o que não "é" Governo é bom), perceber-se-ia melhor que o problema fundamental da "lista VIP" é apenas a possibilidade, pelos vistos muito concreta, de os dados fiscais de toda a gente serem, organizada ou espontaneamente, bisbilhotados por funcionários, para satisfazer a sua curiosidade, usar com intuitos políticos ou as duas coisas, e muito mais.
Existe, portanto, uma situação em que, com a chave correcta de acesso, alguém poder saber quanto é que na realidade ganha (e/ou declara) o vizinho de quem não se gosta e que até tem um carro topo de gama sem ganhar mais do que o salário mínimo nacional, qual é a fortuna deste ou daquele futebolista ou se o político que se odeia não andou, em termos fiscais, a mijar fora do penico.
E é estranho ver ainda como um sindicato conseguiu ter o protagonismo contra as restrições no acesso aos dados fiscais embora sem "prova palpável" e, já agora, recordar como circularam (quando fazia parte do combate político batalhar contra a emissão de facturas com NIF) os números de contribuinte do actual primeiro-ministro e do anterior ministro das Finanças...
 
*
 
Sendo obviamente desejável que o sigilo fiscal seja à prova de tudo (mesmo quando os titulares de cargos políticos são obrigados a declarar os seus rendimentos no Tribunal Constitucional), fazer da "lista VIP" um caso político é como questionar por que motivo é que há pessoas que têm direito a viverem com Polícia à porta quando há milhões de portugueses que não beneficiam desse estatuto... de VIP.

sexta-feira, 20 de março de 2015

"Reina a ordem em todo o País"





Eis um bom exemplo: fitas de promoção de uma iniciativa desportiva de há um ano,
deixadas a apodrecer na degradada zona exterior
do complexo desportivo de Caldas da Rainha.
Não há manutenção, não há nada.


Foi desta forma ("Reina a ordem em todo o País") que o governo de Marcelo Caetano anunciou, em 16 de Março de 1974, o fracasso do levantamento militar esboçado nessa madrugada em Caldas da Rainha.
É o que bem se pode aplicar à situação que reina por esta altura no concelho de Caldas da Rainha onde a "situação" (o incompetente PSD local) parece ter conseguido calar praticamente toda a "oposição".
Não se fala do Hospital Termal (estagnado), não se fala das obras (por concluir), não se fala da situação catastrófica da Lagoa de Óbidos (a Câmara pediu para se atrasarem as dragagens já atrasadas por causa da época balnear), não se fala de reparações que não parecem ser importantes (como as passagens de peões), não se fala no lixo (talvez possa ser a imagem de marca do concelho, em alternativa à milagrosa obra que foi um parque de estacionamento subterrâneo), não se fala na dinamização turística do concelho (nunca se falou, também).
Há novamente eleições autárquicas daqui a dois anos e meio.
Mas o que interessa é que vá reinando a ordem em todo o País.
A "situação" não é incomodada e a "oposição" não se incomoda a incomodar a "situação".

Uma perguntinha sobre o "caso" da "lista VIP"

 
Porque é que ninguém parece importar-se com a possibilidade de os dados sobre a situação fiscal de toda a gente estarem aparentemente tão acessíveis a qualquer funcionário que houve quem sentisse a necessidade de criar algum tipo de barreira que impedisse mesmo a coscuvilhice relativamente a políticos, familiares de políticos, jogadores de futebol e banqueiros?

quarta-feira, 18 de março de 2015

A "democracia" das petições idiotas

 
Nas eleições legislativas de 2011, uma associação aceite como partido pelo Tribunal Constitucional designada por "Movimento Esperança Portugal" teve 21 942 votos num universo de 5 585 054 eleitores. Imediatamente abaixo ficou, com 17548 votos, o Partido Nacional Renovador.
O MEP dissolveu-se um ano depois e o PNR ainda parece existir.
Será conveniente reter que o PSD teve 2 159 181 votos (e o PS 1 566 347), vencendo as eleições e formando governo. O número de inscritos total foi de 9 624 354 eleitores.
Estes pormenores são importantes para se perceber a relevância de uma petição que, requerendo a demissão do primeiro-ministro indicado pelo PSD para o Governo na sequência das eleições de 2011, não foi aceite pelo Presidente da República.
A petição terá reunido cerca de 20 mil assinaturas, ou seja, mais do que o PNR mas menos, até, do que o MEP.
Alguns dos subscritores da petição derramaram-se em insultos ao Presidente da República por não lhes ter feito a vontade.
Ou seja: houve 20 mil idiotas que resolveram "furar" os mecanismos instituídos pela Constituição da República para fundamentar a democracia parlamentar que temos, mandar bardamerda os restantes 5 565 054 concidadãos que foram votar e esperar que houvesse um Presidente da República que lhes fizesse a vontade.
Neste caso era a demissão do primeiro-ministro que se exigia.
Amanhã pode haver gente que faz uma petição para impor o partido único.
Depois de amanhã pode haver outros 20 mil que queiram montar uma organização paramilitar que extermine os 9 604 354 eleitores que não lhes assinarem a petição.
Na próxima semana até pode haver outra petição a defender que só podem formar governo pessoas de cabelos louros e olhos azuis.
Talvez faça falta, nisto tudo, uma petição a defender que só pessoas inteligentes é que podem assinar petições. Mas isso até já será pouco democrático...

sábado, 14 de março de 2015

Idiotas com cão (10): o caso do Parque D. Carlos I


aqui tenho escrito sobre este problema comportamental de alguns idiotas com cão. Não sei se alguma vez a situação se resolverá. Mas é bom que se fale sempre nele. Como aqui, nesta carta publicada na edição desta semana na "Gazeta das Caldas".




Os cães devem ser passeados com trela em locais públicos.
Desse modo não incomodam as pessoas, não sujam descontroladamente (é mais fácil os donos limparem se souberem onde foi...), não assustam as pessoas ou outros cães, não se perdem, são mais facilmente disciplinados (se é que os idiotas que o fazem sabem o que é disciplina). E por mais que sejam, ou estejam, treinados.
Era desejável que houvesse em cada cidade um parque para cães mas não há. Era desejável que os cães pudessem ter maior acesso a locais públicos. Mas o comportamento desta gente não ajuda.

sexta-feira, 13 de março de 2015

A "greve geral" da função pública é mais uma prova do fracasso do PCP e da CGTP

1 - O PCP e a CGTP deviam reflectir sobre o facto de não terem conseguido derrubar este governo (desde há 4 anos...) nem de pôr fim ao "pacto de agressão" por mais greves (e outras acções) que tivessem promovido. A análise materialista e não empírio-criticista da realidade concreta já foi um elemento fundamental na estratégia e na acção dos partidos comunistas e operários e dos sindicalistas não "burgueses". Agora deixou de ser.
É um sinal de fracasso.

2 - Esta greve, mais uma, não passa de uma simples "prova de vida", a tentar "encher" qualquer coisa para o 25 de Abril/1 de Maio, como sempre foi feito e continuará a fazer-se.
É outro sinal de fracasso.

3 - Tal como Álvaro Cunhal soube defender, e impor, a retirada da expressão "ditadura do proletariado" do programa do PCP no primeiro congresso depois do 25 de Abril, o PCP e a CGTP fariam melhor em debater temas tão fundamentais como a sustentação do "Estado Social", a alteração das condições objectivas de prestação de trabalho no Estado, em todos os seus sectores, devido às mudanças demográficas (não haverá lugar para mais professores) e à mudança dos mecanismos de relacionamento dos cidadãos com as estruturas do Estado (há menores necessidades de pessoal em serviços do Estado que começam cada vez mais a funcionar "on line" e num horário de 9h-12h/14h-17h, que está longe de corresponder às necessidades dos "outros", dos que trabalham mais do que 35 e 40 horas por semana no "lado de cá", sem garantias de emprego e sem salários compensados por "abonos" e "suplementos" e um serviço de saúde (a ADSE) que é de longe muito melhor do que o que os "outros" têm.
Não o fazendo, o PCP e a CGTP demonstram bem o seu fracasso.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Entrevista no blogue Marcas de Leitura

 
Entrevista ao blogue Marcas de Leitura, sobre mim, a minha obra e algumas particularidades, entre as quais a importância dos blogues literários e da situação actual do mercado livreiro e dos autores portugueses. Pode ser lida na íntegra aqui.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Vinho com sabor a groselha

 
"Vinho de aroma a frutos vermelhos, taninos  delicados e de final persistente e suave", segundo lê no contra-rótulo do vinho tinto "Beato Nuno" (2011), da empresa Parras Vinhos, de Vilar do Cadaval.
Comprei já não sei bem porquê, aceitei a ausência de referência às castas utilizadas e saiu-me... groselha.
Nem era o adocicado do Cabernet Sauvignon, que detesto, era algo de muito mais arrebitadamente doce, enjoativo e xaroposo.
Não passou de um único gole e não houve quem, com maior tolerância aos sabores doces do vinho, lhe quisesse pegar.








domingo, 8 de março de 2015

"The Affair": irrisório

 
Um homem e uma mulher e os quatro filhos; uma mulher muito mais nova que perdeu o filho e quase o casamento. É assim que começa a série televisiva "The Affair", dez episódios de uma primeira temporada de dez com Dominíc West ("The Wire"), Maura Tierney ("ER") e a quase estreante Ruth Wilson.
De começo é uma história complexa de sentimentos trocados e de inquietações quotidianas, de fascínios secretos (o professor e escritor que West interpreta não é propriamente um santo), de trocas de olhares cúmplices. Mas rapidamente se intromete um elemento que traz um outro nível de perturbação: uma morte, um investigador criminal, a história normalmente contada na perspectiva de Noah (West) e de Alison (Ruth Wilson), um arzinho de mistério.
E de repente "The Affair" deixa de ser uma história de amor e de desamor, descarrila... e o último episódio desta temporada acaba em suspenso: quem foi? Porquê? Etc. Temos uma história policial, um "thriller" da 25.ª hora, uma confusão dispensável.
Nada tenho a opor à mistura de géneros mas aqui, com o argumento a deixar um rasto de pontas soltas, é tudo demasiado forçado.
Inserindo-se na nova vaga das grandes séries de televisão em que tudo, ou quase tudo, pode ser abordado, "The Affair" fica pelo caminho, torna-se irrisório.
É melhor ver (ou rever) "Breve Encontro" ("Brief Encounter", de David Lean), de um tempo em que o cinema ainda se conseguia sobrepor à televisão.
 
 


 


[Vi "The Affair" no canal TV Séries do serviço Meo de televisão por cabo.]

sexta-feira, 6 de março de 2015

Quem não é por eles é contra eles...



 
"Acabam as obras e eu vou criticar o quê? Não há o mínimo de respeito para com aqueles que se dedicam a criticar tudo e mais alguma coisa!..."
É assim que se lamenta uma das personagens do "cartoon" publicitário da edição de hoje da "Gazeta das Caldas", perfilhando uma crítica de alguns dos apoiantes da gestão camarária do PSD caldense (entre os quais a "Gazeta" também se insere, em primeiro lugar por via do seu director).
Ou seja, e mesmo que as obras sejam perfeitas (não são, pela falta de rigor, de planeamento e de necessidade, para já não falar no dinheiro literalmente nelas enterrado), a piadinha aos que criticam passa em branco tudo o resto: um complexo desportivo com um espaço exterior que é uma vergonha (na fotografia), as passagens de peões desaparecidas, os buracos das ruas tapados com remendos, o lixo que se acumula por todo o lado, a completa perda de relevância de Caldas da Rainha, a ameaça da instabilidade financeira que paira sobre o município. Além dos "casos" silenciados e do sonho tolo de um hospital termal que a câmara não conseguirá suportar.
Numa lógica de "quem não é por nós, é contra nós", as críticas são sobre "tudo e mais alguma coisa" e as obras de degeneração urbana são o Paraíso.
Não deixa de ser interessante...

quarta-feira, 4 de março de 2015

Quem é que foge ao Fisco em Caldas da Rainha?


Uma polémica interessante sobre um acontecimento pouco digno levou o vice-presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha a lançar-se, na Assembleia Municipal e no seu blogue, num esclarecimento extenso onde se lêem algumas curiosidades (com data de 26 de Fevereiro deste ano).
A saber:

"Senão vejamos, que raio de jornalismo é este que não colabora com o poder judicial no apuramento da verdade, que escreve sem investigação jornalística séria sobre os factos que conta, que nem sempre publica textos ao abrigo do direito de resposta refugiando-se na falta de requisitos dos mais mesquinhos que a lei possa exigir. Esta cidade e os seus habitantes merecem uma informação clara, objetiva, isenta e séria.
 Por outro lado, não reconheço legitimidade para ataques ou acusações a alguns que sabemos que devem muito à honestidade ou porque fogem ao fisco ou porque se aproveitaram de fundos comunitários em quadros passados, imaginem agora que essas mesmas pessoas se arrogam dos arautos da honestidade que já perderam há muito tempo ou que nunca a tiveram."
 
Estas acusações de Hugo Oliveira deviam ser concretizadas. E se é grave que ele não o faça, mais se estranha que ninguém exija esclarecimentos, que ninguém o vitupere, que ninguém se dê por achado.
Ao generalizar sem identificar, Hugo Oliveira não mostrou coragem; também não a mostram os outros que foram os seus alvos, que sabem que o foram e que se calam, a ver se ninguém dá por nada.
 

O que ainda é preciso saber...


... sobre o primeiro-ministro e restantes membros do actual governo, o primeiro-ministro e restantes membros do anterior governo, o primeiro-ministro e restantes membros do próximo governo, o Presidente da República em funções, o futuro Presidente da República, todos os deputados da Assembleia da República, presidentes de Câmaras Municipais, presidentes e membros dos Governos Regionais, membros do Conselho de Estado, presidentes e membros do Tribunal Constitucional, do Supremo Tribunal de Justiça, do Supremo Tribunal Administrativo, do Conselho Superior da Magistratura, dos chefes e vice-chefes dos Estados-Maiores, comentadores televisivos, directores e jornalistas de órgãos de comunicação social, dirigentes nacionais das centrais sindicais e de todos os partidos reconhecidos pelo Tribunal Constitucional, candidatos a animadores de novos partidos, candidatos a empregos que gostam de enviar currículos em série e maratonistas do Facebook:

- Alguma vez teve piolhos ou outros parasitas?
- Alguma vez cuspiu para o chão?
- Alguma vez se assoou aos dedos?
- Alguma vez urinou no duche?
- Qual era o sexo da pessoa com quem mais recentemente teve relações sexuais?
- Arrota em público?
- Peida-se em público?
- Alguma vez teve relações sexuais no local de trabalho?
- Alguma vez pensou em enganar o Fisco?
- O que é que gostaria de fazer ao seu pior inimigo se mais ninguém soubesse?
- Já deu algum tabefe a alguma criança?
- Que parafilia é que tem?
- Que parafilia é que gostaria de ter
- Quando foi a última vez que se recusou a dar uma esmola?
- Alguma vez deu uma gorjeta ou gratificação a alguém?
- Qual é o palavrão realmente insultuoso que mais gosta de usar?
- Quando foi a última vez que não pediu factura para não ter de pagar IVA?
- Alguma vez roubou alguma coisa no seu local de trabalho?
- Alguma vez desejou ter desenrascanço suficiente para roubar uma coisa no supermercado?
- O que é que faz na retrete enquanto não está a fazer o que o levou lá?
- Gosta mais de cães, de gatos ou de galinhas?

O esclarecimento destas questões (e de outras que ainda aqui não figuram) é essencial...

Reconhecer o erro



A Google voltou atrás e já não vai interditar ao público em geral os blogues que poderiam ter, ou já tiveram, aquilo a que se chama "conteúdo para adultos".
Já posso, portanto, recordar as musas da revolução e escrever, por exemplo, sobre Arménio Carlos, o BE e Jerónimo de Sousa e o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha.
 
Em pormenor:
 

This week, we announced a change to Blogger’s porn policy stating that blogs that distributed sexually explicit images or graphic nudity would be made private.
We’ve received lots of feedback about making a policy change that impacts longstanding blogs, and about the negative impact this could have on individuals who post sexually explicit content to express their identities.
We appreciate the feedback. Instead of making this change, we will be maintaining our existing policies.

What this means for blog owners

  • Commercial porn will continue to be prohibited.
  • If you have pornographic or sexually explicit content on your blog, you must turn on the adult content setting so a warning will show. If a blog with adult content is brought to Google’s attention and the content warning is not active, we will turn on the warning interstitial for you. If this happens repeatedly, the blog may be removed.
  • If you don't have sexually explicit content on your blog and you're following the rest of the Blogger Content Policy, you don't need to make any changes to your blog.

segunda-feira, 2 de março de 2015

O buraco do presidente da Câmara




O que interessa, para esta gente, é o que está enterrado debaixo disto tudo
 
Talvez fosse uma obra arquitectónica extraordinariamente inovadora, um monumento impressionante de arte contemporânea, um intransponível objecto de culto capaz de atrair turistas de todo o mundo, algo que rivalizasse com as maravilhas do mundo inteiro. Ou, mesmo, comparável em termos de composição visual, com as paredes de algumas estações do Metropolitano de Lisboa, numa perspectiva evidentemente modesta. 
Mas não. O parque de estacionamento subterrâneo que demorou quase dois anos a construir no centro da cidade de Caldas da Rainha é um "parking" tristonho, decorado a trinchas de tinta, enterrado numa praça que agora até consegue ser mais pequena.
Se já não se percebia a necessidade de enterrar dinheiro numa obra desnecessária (a capital do concelho de Caldas da Rainha não tinha problemas de estacionamento), menos se percebe ainda o melancólico ratinho que foi parido pela montanha de ambições pessoais e outras e de evidentes cumplicidades da "nova dinâmica".
Depois, o que se vê debaixo do chão é isto que as imagens documentam.
Às três da tarde de hoje, primeiro dia útil de funcionamento da coisa e completamente grátis, o modesto primeiro piso estava cheio. O segundo estava praticamente deserto.
Vamos ver como vai ser quando o parque for pago.
Eu não sei, como suponho que todos nós não sabemos, se há algum plano de exploração do parque que compense o dinheiro nele enterrado pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha. Mas, havendo ou não, não acredito que a obra se pague por si.
E nesse caso... seremos todos nós a pagar o buraco que o presidente quis deixar na "sua" praça, talvez a pensar que é assim que se atinge a glória no municipalismo português. Mas, como já é costume, anda enganado ou alguém o enganou.
 
 

O primeiro dos dois pisos encheu-se em dia de estacionamento grátis...
 

... mas o segundo ficou vazio, apesar da "borla"


domingo, 1 de março de 2015

Um novo fascismo

O primeiro-ministro não pagou o que devia pagar à Segurança Social durante alguns anos. É um malandro. Pagou depois, mesmo depois de a obrigação estar prescrita. Não pode deixar de ser um malandro. E se não tivesse pago? Seria malandro na mesma.
Se devia ter pago as suas contribuições à Segurança Social era porque trabalhava. Mas ter um primeiro-ministro tão malandro como este a trabalhar?! Nunca lhe devia ter sido permitido trabalhar, ganhar dinheiro, deixá-lo sequer pensar em política porque... estava escrito nos astros deste novo fascismo que ele já era malandro de origem e só podia ser primeiro-ministro por ser malandro.
Este é um fascismo de novo tipo (que decreta que todos os políticos de quem não se gosta são malandros por tudo o que fizeram, por tudo o que não fizeram e por tudo o que disseram e até pensaram) de vertente "quem não é por nós é contra nós", que aflora às vezes na imprensa e que viceja no Facebook, onde se lê mal e pior se escreve.
Não é que seja bom para a democracia, que tudo permite, mas serve pelo menos para dar aos seus propagadores o apaziguamento que outros hábitos mais privados às vezes garantem.