quarta-feira, 25 de março de 2015

Não acertam uma: já não encontram meio-termo entre o disparate e a irresponsabilidade


Talvez fosse melhor não mexerem para não estragarem...
 
A Câmara Municipal de Caldas da Rainha vai gastar 200 mil euros para um projecto para alterar o perfil da zona de praia e de confluência com a Lagoa de Óbidos da Foz do Arelho. Para começar. Depois quer gastar mais cinco milhões de euros.
No palavreado que justifica a coisa percebe-se que o essencial do tal projecto (cuja concretização custará cinco milhões de euros) é a mudança dos bares da zona para um ponto qualquer em cima da areia, ou quase. É necessário, segundo os termos de referência do projecto, "retirar o tráfego automóvel da frente dos equipamentos".
É mais uma "requalificação" que vai dar asneira e que já se caracteriza por um cortejo de irresponsabilidades em que convergem o anterior presidente da câmara e os herdeiros que eclodiram dos ovos que andou a chocar.
Repare-se só:
 
1 - Quando há preocupações legítimas sobre o avanço do mar (e já houve episódios neste local), é tudo menos inteligente ponderar a transferência da meia-dúzia de simpáticos bares da Foz do Arelho para mais perto do mar, sendo ele, aliás, como é nesta zona. Basta reparar como se abre e fecha a "aberta" da Lagoa de Óbidos para perceber a instabilidade do Oceano Atlântico aqui onde toca na terra. Quanto aos carros, são quase sempre de clientes.
2 - Os bares estão aparentemente, em situação ilegal, e há muito tempo. Funcionam com licenças provisórias e estão condenados pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Não se percebe como é que a sua mudança para um local mais perigoso os legalizaria. E não é com um erro que se corrige outro erro.
3 - O anterior presidente da Câmara Municipal, que não só foi presidente da câmara durante mais de trinta anos como até é jurista, manifesta hoje no "Jornal das Caldas" uma posição de estarrecer: os bares, diz, "estão legalizados porque encontram-se aqui instalados há algum tempo e toda a gente sabe que eles estão aqui". Se não está a invocar o usucapião, era bom que fosse mais claro. Dito assim, e com a autoridade que ainda tem, o advogado Fernando Costa está a induzir em erro os proprietários.
4 - Os cinco milhões de euros seriam de alguma forma arranjados através de fundos comunitários (que parecem continuar a servir para tudo...). E se não forem? Segundo o "Jornal das Caldas", o vice-presidente da câmara, que é uma das crias do anterior presidente, será o município a pagar. É mais uma despesa de vulto para os cofres cheios que Fernando Costa terá deixado... e que facilmente se esvaziarão, com estes e outras despesas.
 
A gestão camarária que saiu das eleições de 2013 (e a que, num misto de auto-crítica e de ironia, o próprio PSD chamou "nova dinâmica") tem-se caracterizado pela tendência para estragar (e para deixar estragado) tudo aquilo em que toca.
No caso da Foz do Arelho podiam limitar-se a arranjar alternativa aos feios contentores de lixo (que são para eles, uma espécie de coqueluche). Saía mais barato, era mais útil e, com sorte, poderia não ser pior.
 
 
 
Para a Câmara Municipal de Caldas da Rainha,
estes lindos caixotes de lixo devem ser "bordalianos"...
 

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