Se não fosse a cegueira político-partidária e a tolice do "jornalismo de causas" (tudo o que "é" Governo é mau; tudo o que não "é" Governo é bom), perceber-se-ia melhor que o problema fundamental da "lista VIP" é apenas a possibilidade, pelos vistos muito concreta, de os dados fiscais de toda a gente serem, organizada ou espontaneamente, bisbilhotados por funcionários, para satisfazer a sua curiosidade, usar com intuitos políticos ou as duas coisas, e muito mais.
Existe, portanto, uma situação em que, com a chave correcta de acesso, alguém poder saber quanto é que na realidade ganha (e/ou declara) o vizinho de quem não se gosta e que até tem um carro topo de gama sem ganhar mais do que o salário mínimo nacional, qual é a fortuna deste ou daquele futebolista ou se o político que se odeia não andou, em termos fiscais, a mijar fora do penico.
E é estranho ver ainda como um sindicato conseguiu ter o protagonismo contra as restrições no acesso aos dados fiscais embora sem "prova palpável" e, já agora, recordar como circularam (quando fazia parte do combate político batalhar contra a emissão de facturas com NIF) os números de contribuinte do actual primeiro-ministro e do anterior ministro das Finanças...
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Sendo obviamente desejável que o sigilo fiscal seja à prova de tudo (mesmo quando os titulares de cargos políticos são obrigados a declarar os seus rendimentos no Tribunal Constitucional), fazer da "lista VIP" um caso político é como questionar por que motivo é que há pessoas que têm direito a viverem com Polícia à porta quando há milhões de portugueses que não beneficiam desse estatuto... de VIP.
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