Um homem e uma mulher e os quatro filhos; uma mulher muito mais nova que perdeu o filho e quase o casamento. É assim que começa a série televisiva "The Affair", dez episódios de uma primeira temporada de dez com Dominíc West ("The Wire"), Maura Tierney ("ER") e a quase estreante Ruth Wilson.
De começo é uma história complexa de sentimentos trocados e de inquietações quotidianas, de fascínios secretos (o professor e escritor que West interpreta não é propriamente um santo), de trocas de olhares cúmplices. Mas rapidamente se intromete um elemento que traz um outro nível de perturbação: uma morte, um investigador criminal, a história normalmente contada na perspectiva de Noah (West) e de Alison (Ruth Wilson), um arzinho de mistério.
E de repente "The Affair" deixa de ser uma história de amor e de desamor, descarrila... e o último episódio desta temporada acaba em suspenso: quem foi? Porquê? Etc. Temos uma história policial, um "thriller" da 25.ª hora, uma confusão dispensável.
Nada tenho a opor à mistura de géneros mas aqui, com o argumento a deixar um rasto de pontas soltas, é tudo demasiado forçado.
Inserindo-se na nova vaga das grandes séries de televisão em que tudo, ou quase tudo, pode ser abordado, "The Affair" fica pelo caminho, torna-se irrisório.
É melhor ver (ou rever) "Breve Encontro" ("Brief Encounter", de David Lean), de um tempo em que o cinema ainda se conseguia sobrepor à televisão.
[Vi "The Affair" no canal TV Séries do serviço Meo de televisão por cabo.]
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