A caca apresentada na capa é do dromedário |
Há cerca de dez anos deparei-me com um objecto estranho no último andar da loja da loja da Benetton no Chiado, em Lisboa: um livro em formato de álbum como nunca tinha visto. Foi uma surpresa que me custou 1 euro.
Intitulada "Cacas - The Encyclopedia of Poo" (ou seja, "A Enciclopédia da Caca"), esta obra é da autoria do fotógrafo Oliviero Toscani, um dos fotógrafos mais controversos e provocadores que trabalharam para a United Colors of Benetton.
O livro foi publicado em 2000 pela editora alemã Taschen com a chancela Evergreen e o "carimbo" Colors, associado à Benetton, e é - como diz o próprio autor - uma homenagem à merda.
No interior deste álbum de 115 páginas há 67 fotografias de excrementos de tantos outros animais e também do ser humano e uma profusão de notas a propósito de cada exemplo, de carácter científico, cultural, social e... civilizacional.
Com o seu formato de 26 por 26 centímetros, tem uma paginação impecável e, por exemplo, se a fotografia da caca de uma tarântula ocupa pouco mais do que um centímetro quadrado já a caca de um gorila ocupa duas páginas, parecendo um maciço rochoso sobre fundo branco.
"Cacas" parece ser um objecto raro, embora ainda se encontre à venda na Amazon, por exemplo, e é natural que a temática e o realismo das imagens (e, de facto, já vi pessoas que se recusaram a pegar no livro...) o tenham transformado num livro maldito e acabem por chocar os mais sensíveis. Ou os mais complexados, talvez.
A pequena introdução do autor é, aliás, esclarecedora:
"Ela é tão natural para nós como respirar. E, no entanto, quantos de nós vacilamos só peranta ideia de olhar para ela, de lhe tocar e de a cheirar? Libertamo-nos dela por detrás de portas fechadas, afogamo-la em cataratas em casas de banho imaculadas. Ai de quem fale nela junto de pessoas polidas. É um dos últimos tabus da sociedade 'civilizada'. Mas basta! Porque ela é o recurso mais subestimado à escala mundial: combustível, material de construção, obra de arte, vestuário, sempre diferente e sempre única (nunca encontrarão duas iguais). Tem a idade do mundo. E é inesgotável. Chegou o momento de homenagear a merda."
Sem comentários:
Enviar um comentário