quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Reflexões sobre a literatura "policial" (9): a televisão portuguesa

 
É difícil perceber o motivo da ausência de histórias "policiais" na televisão portuguesa mas é natural que haja, pelo menos, três explicações: o fracasso de uma experiência desastrosa recente da televisão dita "de serviço público"; o temor de enveredar por temas que "parecem mal"; e a inexistência de histórias originais e de quem saiba adaptar as que já existem.
Isto não justifica a falta, como é evidente. 
Não tendo a perspectiva de que é obrigatório haver histórias "policiais" em todos os países, vejo, no entanto, como elas fazem naturalmente parte da sociedade e da criação cultural e estão associadas às várias realidades sociais. Além disso, a proliferação de tantas séries do género nos vários canais de televisão (num leque de qualidade que vai do muito mau ao muito bom... às vezes) sugere - como nos livros - que os detentores e os programadores televisivos sabem que há um público interessado na matéria, achando que lhes basta atirarem o que vão encontrando por aí como quem acha que basta dar ração seca da mais baratinha aos cães porque isso para eles chega.
O anúncio de uma produção da TVI de uma série de polícias e ladrões escrita por Moita Flores pode ser um primeiro passo para um encontro produtivo entre o "policial" e a televisão portuguesa... se os produtores tiverem coragem para tanto.   

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