domingo, 31 de outubro de 2021

Cenas da vida covidiana (12): medo, ignorância, submissão





No mês de Outubro, já na vigência do Decreto-Lei n.º 78-A/2021, de 29 de Setembro, entrei e permaneci em vários estabelecimentos comerciais de área inferior a 400 metros quadrados e em restaurantes, sem usar máscara. 

Fi-lo sozinho em lojas e acompanhado (também por pessoas sem máscara) em restaurantes em Caldas da Rainha, Carregal do Sal, Foz do Arelho, Grândola, Melides e Nelas. E fui verificando que (salvo uma única excepção titubeante num restaurante), eu era a única pessoa sem máscara, bem como as que me acompanhavam.

O resto anda mascarado. Nas lojas, nos restaurantes, nos carros, ao ar livre, às vezes pondo a coisa na cara à entrada e tirando-a à saída, outras vezes (nos restaurantes) entrando com ela, sentando-se à mesa e tirando-a e voltando a pô-la só para ir à casa de banho ou ir fumar lá fora. Nos dois últimos sábados, a caminho da cidade para fazer compras, vi, sensivelmente à mesma hora e à beira de uma estrada rural sem mais ninguém, um homem a andar com o trapo na cara. Sem ninguém à volta.

E porque é que o fazem? Não sei. Já está verificado que o vírus SARS-CoV-2 não anda pelo ar, sendo espalhado pelo método da aerossolização. Não há sprays gigantes, tipo drone, a voarem por aí. Num espaço deserto de gente, os medrosos da máscara pensam o quê? Também será por ignorância da lei, claro. E é, de certeza, por submissão.

Foi gente desta que seguiu, em êxtase, os autos de fé da Inquisição, que apoiou o nacional-socialismo e Hitler na Alemanha, que aceitou, submissa, o Estado Novo em Portugal.

Numa das lojas onde fui, e onde permaneci, ontem, entrou um sujeito da máscara. Olhou-me de soslaio. Na rua, à distância, ainda me atirou um olhar de condenação mais sério. Ainda bem que não me dirigiu a palavra. Porque, se o fizesse, eu teria ficado atrozmente dividido entre o respeito pela pessoa que estava ao balcão e a vontade de mandar o mascarado para o caralho.




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