Quando me mudei de Lisboa (arredores) para Caldas da Rainha (arredores), um dos problemas que tive foi o da minha biblioteca de décadas: o que é que poderia fazer aos poucos milhares de livros que reunira e que não tinham espaço na nova casa?
A biblioteca municipal do concelho onde morava rejeitou-os. Uma escola rejeitou-os. O centro "cultural" da minha nova Junta de Freguesia rejeitou-os. A biblioteca do Estabelecimento Prisional de Lisboa (num contacto intermediado por um psicólogo que acompanhava uma pessoa de família) aceitou uma parte. Finalmente, a Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha aceitou os livros que restavam e eu fiquei muito satisfeito por ver o interesse profissional e pessoal demonstrado pelo seu pessoal. Uns livros ficariam, outros seriam doados, mas nenhum iria para o lixo.
A Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha acolheu a apresentação de dois dos romances da minha autoria. Tive sempre a preocupação de oferecer para a sua colecção o que ia publicando e outros livros, mais recentes e revistas estrangeiras que poderão ser interessantes para alguns leitores.
Mas chegou um momento em que me interrogo se tal se justifica. Há poucos anos, a Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha pôs livros da sua colecção na praia da Foz do Arelho e nenhum dos meus fazia parte dos escolhidos. Recentemente, fez recomendações mensais e o meu livro mais recente, "O Último Refúgio" foi ignorado.
Se eu tivesse a responsabilidade de fazer, ou de recomendar, qualquer escolha de livros para o público em geral, não deixaria de contemplar autores contemporâneos, em actividade e residentes na região onde fizesse essa escolha, com especial destaque (à falta de crivo mais rigoroso) para obras publicadas por editoras a sério (omitindo edições "de autor", de avaliação mais problemática).
Não foi esta a opção de quem seleccionou livros na Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha. Numa coincidência temporal com as minhas críticas, e a sua constância, à Câmara Municipal de Caldas da Rainha, à sua gestão e ao seu medíocre universo de poder.
Exclusão com base em censura? Não sei, embora possa supor que sim. Procurando esclarecer a minha dúvida, inquiri a direcção da Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha. Não tive resposta.
Censura, portanto? Talvez.
De qualquer modo... mais livros, ou revistas, para a Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha? Não. Se alguém quiser ler os meus livros, que os vá comprar.
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Sobre esta questão, a directora da Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha enviou-me hoje (6.01.21) a seguinte resposta:
Na verdade, no último cartaz que publicámos no facebook, com as novidades bibliográficas não está o seu recente livro, que terá sido um lapso, no entanto, se consultar o nosso catálogo online (bibliotecas.mcr.pt) verifica que está nos destaques.
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