domingo, 7 de outubro de 2012

A tiro

Comecei a ouvir os primeiros tiros pouco passava das sete e meia, quando o dia já estava completamente claro - são os caçadores, que invadem os campos vizinhos e que chegam a rondar as casas. Com disparos isolados, outras vezes a parecerem rajadas.
Ouvem-se, acompanhados de vozes excitadas e de cães a ladrar (e, às vezes, a ganir), durante quase toda a manhã. Depois à tarde há mais.
Não andam muito, ficam emboscados de arma em riste e olhar bovino, deixam cartuchos vazios e latas de atum e de salsichas e sacos de plástico. E cães perdidos e desorientados, em geral maltratados e esfomeados.
E matam - coelhos, faisões de cor garrida, rolas e rolas-selvagens, perdizes... tudo o que conseguirem, parece. Num combate estupidamente desproporcionado e sempre cobarde.
Felizmente também se matam a eles próprios, embora menos do que seria desejável.

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