O que ontem aconteceu e que é relatado aqui é definitivamente inaceitável: o debate político não pode ser confundido com manifestações de violência, com insultos e com ataques a crianças.
Quem o faz - com a conivência directa e indirecta de partidos com assento parlamentar e de organizações sindicais - está a pôr-se à margem da democracia e do Estado de Direito. E, no mínimo, não só não merece qualquer tipo de respeito como perde toda a razão e mostra que é hostil à própria democracia.
Aliás, os contestatários das portagens da ex-"Via do Infante" já tinham perdido por completo a razão que, note-se bem, não é substituível pela militância partidária e pelo desespero político, quando escorregaram alegremente para a estupidez tipo Jardim quando afirmaram que não queriam o Presidente da República e o primeiro-ministro no Algarve. Agora foram longe demais.
A EN125 é uma coisa miserável e é pena que os activos manifestantes de agora não tenham começado, já há muito tempo, a exigir obras e a respectiva "requalificação".
Mas a alternativa para a EN125 não é uma auto-estrada à borla, suportada pelos nossos impostos e pelos impostos dos nossos filhos e dos nossos netos (na bela lógica das PPP do anterior governo, que estes contestatários não beliscam) e por todos os outros que já pagam portagens nas suas regiões.
Eu também gostava de circular à borla em toda a extensão da A8, fora da região em que resido, mas não o posso fazer. Nem vou exigir que venham outros pagar as portagens que estou infelizmente obrigado a pagar se quero circular em melhores condições. E garanto que são bem caras.
Além do mais, nisto tudo não há só uma questão de princípio.
Há também a questão da emergência nacional de um país sem dinheiro e de uma população que já passa "as passas do Algarve" para sobreviver todos os dias e que não pode ser obrigada a pagar os luxos dos algarvios.
E não é pela chantagem, pelas ameaças, pelos insultos, por protestos que assustam crianças, pela destruição da democracia e pela pura e simples má-criação que conseguirão impor uma opinião que, ela sim, é um ultraje feito ao resto do País.
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