Ruth Rendell não é apenas, e talvez nunca o tenha sido mesmo que não se invoque o seu "alter ego" Barbara Vine, uma autora apenas de "policiais".
Nos seus livros há um retrato paciente da sociedade britânica e uma segunda leitura das suas obras - porque à primeira leitura é quase impossível fugir à pressão de saber o que se vai passar a seguir -, dos casos de Wexford ao mais recente "The Saint Zita Society", permite ter um retrato da evolução social, económica e até política de Inglaterra.
O recentíssimo "The Saint Zita Society" é, mais do que um "thriller", uma crónica de costumes, com crimes diversos e uma teia de personagens onde triunfam as pessoas piores e tombam as melhores, com um fim em aberto... tão em aberto como as próprias vicissitudes da sociais e individuais. E lê-se de um fôlego.
Com 82 anos, Ruth Rendell, baronesa Rendell, membro da Câmara dos Lordes e apoiante do Partido Trabalhista, autora de mais de seis dezenas de romances, é uma das mais extraordinárias escritores de sempre e é pena que se tenha transformado numa desconhecida em Portugal, porque - segundo fonte bem informada - deixaram de ter os favores do público comprador de livros. Talvez por as suas obras serem apresentadas como "policiais"?
1 comentário:
Também já li o livro e como sabes sou aquela pessoa que tem as obras todas e todas lidas (muito poucas em português) No entanto, e apesar de ter lido o livro em 3 dias, houve outros de que gostei mais. É sem dúvida um retrato dos costumes modernos e prova que uma mulher de 82 anos se pode manter ao facto do que se passa na sua sociedade. Mas faltou-me o suspense do costume. É uma pena que nenhuma editora portuguesa lhe pegue. Suponho que para o final do ano apareça um Barbara Vine.
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