No rescaldo dos três casos de ataques de dogues argentinos a duas crianças (tendo uma delas morrido) e um adulto, o "Sol" publicou na semana passada elementos esclarecedores (link aqui): em cinco anos, foram registados 279 ataques de cães, que pelo texto sde supõe serem de exemplares potencialmente perigosos e perigosos; e segundo a base de dados da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária há 15662 cães potencialmente perigosos e 1437 perigosos registados.
Os números deveriam dar que pensar até porque - como terá sido, pelo menos, o caso do cão que matou no Porto uma criança de ano e meio - há muitos cães que não estão registados (nem têm o seguro que deviam ter). E poucos, muito poucos, devem ser os proprietários destes cães que cumprem outra das obrigações da lei de 2009, que é a de os cães frequentarem um treino de obediência e socialização.
Aliás, para terem efeito legal, este treino devia ser ministrado por profissionais "certificados".
Só que as únicas entidades que podem certificar esses profissionais são a GNR e a PSP... que nunca definiram como o farão. É significativo que estas polícias, lestas a aplicar multas sempre que podem, estejam há três anos sem cumprir o que a Lei, nesta matéria, lhes impõe.
O citado texto do "Sol" contém ainda um elemento interessante. Segundo um veterinário citado pelo jornal, as crianças muito pequenas (mesmo no agrupamento familiar em que o cão está inserida) são vistas pelo cão como se fossem outros animais e não lhes está associada a imagem de autoridade que, em circunstâncias normais, os adultos deviam projectar. Daí que certas atitudes infantis possam ser encaradas como agressões ou violações do território do cão, estimulando uma reacção agressiva.
Situações destas poderiam, de algum modo, ser também controladas pelos treinos de obediência e de socialização.
Mas é infelizmente uma minoria o número de adultos responsáveis que procuram estas actividades para os seus cães mas que se revelam muito vantajosas... e para todas as raças.
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