Quando, há mais de vinte anos, pensei pela primeira vez em escrever histórias que pudessem ser publicadas (e em géneros então ainda menos considerados, como o fantástico ou o "policial"), achei que não havia em Portugal cenários capazes de suportarem ficções que requerem, às vezes, ambientes mais sinistros.
Conhecendo melhor o país, e não querendo circunscrever-me ao ambiente lisboeta, fui encontrando esses cenários e "Triângulo" aproveita dois deles.
Em Vila Nova de Tazem (nas imediações da Serra da Estrela, no distrito de Viseu) existe o Santuário de Santa Eufémia, que é uma construção enigmática cuja origem nunca consegui descobrir.
Foi aí, nesse cenário onde a arquitectura imponente contrasta com a paisagem agreste, que coloquei o Seminário de São João Baptista, onde o inspector Joel Franco se depara pela primeira vez, em criança, com um assassínio. É aí que Joel Franco regressa em "Triângulo", passando tanbém pela própria cidade de Viseu e por um ambiente muito mais agradável em Nelas (a Quinta da Fata, em Vilar Seco).
A Lagoa de Óbidos (que já tinha utilizado em "O Clube de Macau") é outro cenário sugestivo, que serve de palco a duas sequências decisivas em "Triângulo".
Vista do lado do Nadadouro (Caldas da Rainha), a Lagoa de Óbidos é uma superfície aquática tranquila mas o lodo que se acumula no fundo da lagoa, onde o assoreamento não está a ser eficazmente combatido, dá-lhe um aspecto de águas negras... que podem encobrir muitos mistérios.
Seminário de São João Baptista (capa de "Triângulo", © Pedro Garcia Rosado) |
Aspecto do santuário (© Pedro Garcia Rosado) |
"Triângulo" é o terceiro título da série "Não Matarás", depois de "Triângulo" e de "Vermelho da Cor do Sangue" (edição Asa) e está à venda esta semana.
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