O restaurante Nascer do Sol, onde a coisa foi perpetrada, é uma casa simpática, tem um vinho tinto da casa engarrafado que é muito bom e o seu Churrasco à Javali de Lombinho justifica também a ida. Teve obras que atenuou o impacto do som ensurdecedor de um salão demasiado cheio e o afastamento das mesas, agora, também criou um ambiente mais agradável.
Ontem, no entanto, nesta melancólica noite de fados, o Nascer do Sol foi o contrário de tudo o que tem sido, pelo menos desde que lá tenho ido nos últimos tempos. E de tal modo que até fiquei a pensar que o que foi apresentado neste jantar nem sequer saiu da cozinha do restaurante.
Se a sopa de peixe estava aceitável (depois de mais de uma hora à espera), os escalopes de vitela estavam rijos e o lombo estava seco, pouco se percebendo da presença da alheira. Os pastelinhos que serviam de entrada eram, rigorosamente, um por bico. A sangria (não bebi, mas vi) nem sequer era de produção própria, mas de pacote. O resto não ficou para a história. Quanto ao ambiente, o salão ficou superlotado e o serviço, que até costuma ser prestável e profissional, não correspondeu.
E os fados? Houve quem se esforçasse e houve quem se reduzisse aos serviços mínimos, com um apresentador (e cantor) que dedicou parte da sua intervenção a contar que já tinha levado as vacinas da moda. Ainda fiquei à espera de um relatório médico de qualquer check-up que tivesse ido fazer.
Numa noite em que se pode dizer que foi de tristeza (alimentar e de espectáculo), com fados melancólicos, houve sete ou oito minutos de luminosidade. Sem estar anunciada, entrou em cena Carla Arruda. Cantou dois fados e desapareceu, mas deixou uma excelente impressão, com uma voz forte e suave ao mesmo tempo, com ritmo e presença. Não sei quem é, de onde vem, o que faz ou que êxitos já possa ter tido. Mas espero que tenha muitos. E que consiga melhor do que este triste ambiente onde, apesar de tudo, encantou.
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