quinta-feira, 3 de junho de 2021

Cães presos

Uma das coisas que mais detesto é ver cães presos. Com correntes, em gaiolas, em verdadeiras jaulas. Passam horas assim. Mesmo quando há espaço exterior numa moradia. Em instalações industriais, enjaulados durante o dia e soltos à noite... a fazerem de conta que são cães de guarda. E não gosto porque os cães não são coisas. Precisam de afecto, precisam de exercício, precisam de terem espaço vital para se mexerem. Precisam de respeito e de dignidade. Precisam de bom trato. 

Fazem-no, sem o menor problema de consciência, pessoas com formação, pessoas sem formação, grunhos, gente insensível e gente que talvez seja sensível sem que tal se note, psicólogos e outros, industriais e idiotas de turno. Filhos e filhas da puta que acham que uma casota (objectos horrendos) é o melhor que podem oferecer aos cães que, sabe-se lá porquê, metem nesses espaços.

Para minha surpresa, no ginásio que comecei a frequentar em Janeiro do ano passado, e onde até me mantive on line durante o segundo confinamento, apareceu primeiro uma gaiola e, anteontem, uma casota dentro da gaiola. Há poucos meses tinham anunciado que havia uma mascote, com uma fotografia de um cão bebé. O cão, ainda jovem, está agora condenado à jaula. Isto num projecto que me pareceu inteligente, com profissionais jovens e bem preparados, num ambiente simpático e funcional e a cinco minutos de casa. Algures, na cabeça de não sei quem, a sensibilidade é zero.

Nesse mesmo dia, dez minutos depois de lá ter chegado e confirmada a parvoíce, vim-me embora, tendo cancelado a inscrição. Uma hora depois estava inscrito noutro, que frequentei até ao primeiro confinamento e onde não regressei em Agosto de 2020 porque se atrasaram a abrir no horário que eu queria. E frequento-o desde ontem. Se exagera no fundamentalismo sanitário, pelo menos não tem animais presos.


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