sábado, 12 de junho de 2021

As 2 melhores séries televisivas do ano: "Vincenzo" e "Sweet Tooth"

 





Com Junho a meio e sem notícias de outras séries que suscitem maior curiosidade, não pode haver dúvidas de que são estas duas as melhores séries televisivas do ano. Da originalidade à oportunidade, da reinvenção dos clássicos à emoção, da luminosidade das interpretações à destreza das câmaras... está tudo nelas.

Das duas, a primeira que vi foi "Vincenzo". É sul-coreana e, no catálogo da Netflix, segue-se a um leque de séries de estilos e temas diversos. Do que já existia, há que destacar "Stranger". É muito bom, mas "Vincenzo" consegue ser ainda melhor. E nem precisa de outra temporada.

Esta história de um jovem "consigliere" de ascendência sul-coreana que regressa à sua terra é, em tudo, extraordinária. Visualmente, é um achado. As interpretações são excelentes (com destaque para o angelical Song Joong-ji, que interpreta o papel de Vincenzo Cassano), tanto no tom às vezes picaresco que assumem como na sua vertente mais dramática. O filme de gangsters da Mafia, o "western" (e "Vincenzo" faz, às vezes, lembrar "Pale Rider" e "Shane"), o melodrama (de Douglas Sirk a John Woo), o musical, as reviravoltas do "thriller"... tem tudo e na perfeição. E, no que já é uma constante, a capacidade de sustentar 20 episódios com duração que às vezes vai aos 80 minutos, sem uma quebra de interesse e com sucessivos desenvolvimentos que só consolidam, inteligentemente, a história.

Se usasse a classificação por estrelas, dar-lhe-ia cinco: *****. Tal como a "Sweet Tooth".

Esta série, criada por Jim Mickle a partir de uma história de banda desenhada, não terá sido pensada como uma alusão à pandemia do Sars-CoV-2/covid-19. Mas, sendo filmada sob a pressão desta loucura sanitária, não lhe fugiu. E, nessa perspectiva, é um comentário apropriado: o vírus, o medo, as mortes, o descontrolo civilizacional e... o que daí resulta: um Estado que parece já nem o ser e onde manda um grupo armado autointitulado "Últimos Homens"... e uma raça mutante, de crianças nascidas no meio da crise sanitária e que reúnem características humanas e animais. Como é o caso de Gus, com uma origem misteriosa, um par de cornos de veado, orelhas de veado que se mexem em consonância com as expressões do rosto... e uma das melhores interpretações de uma criança-actor que vi nos últimos anos (a cargo de Christian Convery).

Tecnicamente notável e construída com um rigor narrativo de excepção, "Sweet Tooth" não se esgota nos parcimoniosos oito episódios do que se espera que seja apenas uma primeira temporada e fica muito por contar. Com o êxito que, felizmente, tem tido, é de calcular que haja segunda temporada. E que se despachem a fazê-la, porque já há muita gente à espera!...

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