Na questão "adopção ou compra" no que se refere a cães, e que não pode ser vista de forma simplista, um dos problemas é o da compra em loja e, recentemente, a versão portuguesa da conceituada revista inglesa "Time Out" (conheço a original mas nunca me senti motivado a comprar a versão doméstica) mostrou até que ponto podem ir os equívocos sobre a matéria e da pior maneira possível.
O aviso, com imagem (cão como presente de Natal, que pode ser comprado numa loja...), veio da It's All About Dogs, que critica, e bem, a revista pela asneira, chamando a atenção para a origem de grande parte dos cães postos à venda em lojas de animais, que serão das fábricas de cachorros, as "puppy mills" de designação pejorativa onde se criam cães como frangos em aviários. Acredito que haverá mais criadores de cães pouco escrupulosos do que aqueles que o são e que, embora tenham essa actividade como negócio (que é legítimo), se dedicam à criação de cães com as mais elementares normas do bom senso e das leis.
Uma sugestão idiota |
O aviso, com imagem (cão como presente de Natal, que pode ser comprado numa loja...), veio da It's All About Dogs, que critica, e bem, a revista pela asneira, chamando a atenção para a origem de grande parte dos cães postos à venda em lojas de animais, que serão das fábricas de cachorros, as "puppy mills" de designação pejorativa onde se criam cães como frangos em aviários. Acredito que haverá mais criadores de cães pouco escrupulosos do que aqueles que o são e que, embora tenham essa actividade como negócio (que é legítimo), se dedicam à criação de cães com as mais elementares normas do bom senso e das leis.
E se não sei se recorrem todos às lojas para escoar os seus "stocks", o certo é que a situação dos cães ainda muito novos, quase como crianças de colo, nas lojas de animais é, só por si, deprimente. Andam às voltas em caixas de vidro, sem espaço para se movimentarem, em condições de limpeza e salubridade duvidosas. (Numa dada circunstância familiar em que foi necessário ver-nos livres de uma ninhada de cachorrinhos, pusemos dois dos cães numa loja de animais, na expectativa de que alguém os comprasse. Ao segundo ou terceiro dia, foi penoso vê-los fechados numa caixa onde mal se podiam mover e voltaram para casa. Penso que acabaram os dois por ser oferecidos.)
À questão das lojas acresce, neste caso, a sugestão estúpida da oferta de um cão como presente de Natal, como faz a citada revista.
Fora do âmbito de uma decisão familiar em que sejam pesados todos os prós e contras do acolhimento de um cão (seja em que circunstâncias forem), a ideia de oferecer um cão como presente de Natal não é só redutor (não é de objectos que estamos a falar!) como levanta outros problemas, até sociais: quem oferece sabe se a pessoa a quem é oferecido o cão pode, e quer, ficar com ele? Tem condições, todas elas, para ficar com um? Está disposta a dedicar parte do seu tempo, do seu dinheiro e do seu afecto a um cão? Ou será apenas mais outro cão condenado ao abandono?
A imprensa portuguesa deu em pensar pouco, nos últimos anos, mas... tão pouco?
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