O PSD ganhou as eleições autárquicas de Setembro do ano passado em Caldas da Rainha apregoando uma “nova dinâmica”. A dinâmica da dupla Tinta Ferreira/Hugo Oliveira está cada vez mais à vista por todo o lado: uma incompetência realmente dinâmica, porque nunca cessa, e o mergulho também imparável numa estagnação que ameaça tornar este concelho uma verdadeira irrelevância.
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O regresso do rei? |
Esta fotografia que apareceu no Facebook (e cuja autoria não consigo identificar) mostra um homem atento ao calcetamento da Praça da Fruta em Caldas da Rainha.
Não se percebe se o homem está só a apreciar o trabalho, se está a oferecer os seus "bitaites" ou, até, se deixou cair alguma coisa no chão (uma moeda, um anel, uma chave) e não a encontra.
O mistério foi desfeito pelo próprio, também no Facebook: trata-se do anterior presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Fernando Costa, que fez alarde dos seus raides pela cidade e chegou a convidar um cidadão que o interpelou a ir ter com ele ao local a uma dada hora. E que assumiu o seu interesse pelas obras de calcetamento da Praça da Fruta que, como já sabemos, se arrastam há tanto tempo que o sucessor de Costa já disse que não conseguia prever uma data para a conclusão dos trabalhos.
Esta aparição do anterior presidente (que, depois de 28 anos de cargo, se viu impedido de se recandidatar) é extraordinariamente significativa, pelas interpretações que suscita:
(a) um qualquer cidadão pode, como Fernando Costa, ir atender às obras em curso;
(b) Fernando Costa considera que é necessária a sua intervenção para que o problema da Praça dos Nabos (como jocosamente a classificou outro caldense, José Rafael Nascimento) se resolva;
(c) ao intervir desta maneira, Fernando Costa (que sempre assim agiu no terreno, enquanto presidente) está a passar um atestado de incompetência ao herdeiro que designou (o actual presidente, Tinta Ferreira).
E talvez seja o melhor que pode fazer, se considerarmos esta hipótese.
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Fernando Costa, o responsável |
Porque, mais do que Tinta Ferreira e o seu número 2, Hugo Oliveira, Fernando Costa é o primeiro responsável pela degradação a que o PSD caldense já está associado, em todo o concelho e na sua capital (onde a Praça da Fruta, inacessível a comerciantes e visitantes, é um local emblemático).
Fernando Costa escolheu Tinta Ferreira, que era o seu número 2, para candidato do PSD à Câmara. Conhecia decerto as suas debilidades. Empurrou Hugo Oliveira para número 2 do seu número 2, sabendo talvez que Oliveira se moldaria a Ferreira como Ferreira se moldou a Costa. E o resultado é desastroso.
Em quase um ano não há, como temos demonstrado, um único domínio em que se possa elogiar a actividade municipal de Tinta Ferreira e de Hugo Oliveira.
Não se percebe o que levou Costa a escolhê-los, a não ser uma qualquer "D. Inércia" que possa habitar o PSD caldense como um esqueleto num armário. Por isso, o manifesto desaire de Ferreira e de Oliveira é o manifesto desaire de Costa.
Num meio político ideal (em que alguns ingénuos ainda acreditam), Fernando Costa teria percebido que não tinha um sucessor à altura (e talvez não seja arriscado dizer que Tinta Ferreira já fez mais em desfavor de Caldas da Rainha desde Setembro do ano passado do que Costa terá feito em 28 anos) e afastar-se-ia da contenda eleitoral. Ou então indigitaria, na qualidade de chefe regional do PSD, uma pessoa competente, capaz e inteligente.
Mas a política não é feita, na prática, de idealismos. E Fernando Costa, professor, advogado e presidente de câmara durante 28 anos, tem de sabê-lo. E de compreender, agora, que da sua escolha resulta o mergulho de Caldas da Rainha num pântano de estagnação.
E não lhe basta ir oferecer "bitaites" para a Praça da Fruta para limpar as mãos do desastre a que abriu as portas, quando escolheu tão desastrados sucessores. Tem de ir mais longe do que fazer de fantasma.
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