sábado, 23 de agosto de 2014

A “dinâmica” da estagnação: como o PSD está a dar cabo de Caldas da Rainha (5)

O PSD ganhou as eleições autárquicas de Setembro do ano passado em Caldas da Rainha apregoando uma “nova dinâmica”. A dinâmica da dupla Tinta Ferreira/Hugo Oliveira está cada vez mais à vista por todo o lado: uma incompetência realmente dinâmica, porque nunca cessa, e o mergulho também imparável numa estagnação que ameaça tornar este concelho uma verdadeira irrelevância.


Em 14 de Setembro de 2013 escrevi neste blogue: As termas de Caldas da Rainha acabaram. E explicava porquê, em oito pontos, que podem ser lidos aqui.
Onze meses depois, a realidade dá-me razão.


"Transformar Óbidos na melhor zona termal do País"

O Hospital Termal, na sua valência genuinamente termal, continua fechado. Não há um plano para o reabrir.
Durante estes onze meses, além de algumas iniciativas populares e de parte da oposição política à maioria do PSD na câmara, nada se fez.
A Câmara Municipal tropeçou na proposta do Governo que quis transferir, numa espécie de "leasing", tudo o que é património termal (incluindo as vergonhosas ruínas que são os pavilhões do Parque D. Carlos I) para a gestão municipal. Ainda tentou convencer a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a investir mas parece ter dado com os burrinhos na água. Encomendou em Abril um estudo (sobre as termas... no ano de 2035!) e depois desapareceu.
Até que em Julho, como quem muda de ideias apressadamente, levou à Assembleia Municipal a proposta de aprovação da cedência do património termal para a gestão municipal.
Em circunstâncias normais, uma decisão destas seria acompanhada por algo mais do que um simples "31 de boca": um plano, um projecto de protocolo, uma carta de intenções, o anúncio de qualquer parceria para suportar a futura despesa de milhões de euros (já há várias versões) em que a câmara (ou todos nós?...) terá de entrar. Mas não foi, e essa aprovação parece ter servido apenas para garantir que a coisa ficaria nas mãos camarárias tipo "mais vale um pássaro na mão do que dois a voar".
A proposta teve uma votação curiosa.
O PSD votou, obviamente, a favor. O CDS, seu parceiro de governo nacional, também. O Movimento Viver o Concelho (MVC) também. O PS absteve-se e o PCP votou contra.
A posição do PS foi, de longe, a mais coerente. A do MVC foi institucionalmente correcta mas foi também a mais perigosa. Uma coisa é a aceitação da cedência do património termal sem nada de definido, acreditando na bondade de um eventual consenso em torno de uma proposta camarária. Outra é a de um tiro no escuro: todas as dúvidas são legítimas (diria que mesmo obrigatórias) sobre a capacidade dos actuais gestores municipais de fazerem alguma coisa de jeito com o património municipal.
Aliás, se tivessem essa capacidade já o teriam demonstrado, com um plano objectivo, concreto e coerente. Mas nada existe, nem a capacidade nem um plano.
E é este vazio que torna tudo mais complexo.
O anúncio, há um ano, do projecto das Termas das Gaeiras, em Óbidos, a começar do zero e não com estruturas já existentes cuja reabilitação e manutenção podem ser muito dispendiosas, introduz um elemento decisivo: os investidores, os recursos e os clientes irão para Óbidos e não para Caldas da Rainha. E Caldas da Rainha já perdeu um ano.
Em 19 de Setembro do ano passado escrevi aqui o seguinte: Não é possível, nem plausível, que Tinta Ferreira, o candidato do PSD à Câmara Municipal das Caldas da Rainha e presidente da interino da Câmara por herança de Fernando Costa, não soubesse do projecto da Câmara Municipal de Óbidos para as Termas das Gaeiras, que fica mesmo na "fronteira" dos dois municípios.
O vazio que se instalou dá-me razão e só confirma que o PSD de Caldas da Rainha está a encaminhar o concelho de Caldas da Rainha para a mais absoluta, estagnada e degradante estagnação. E talvez deliberadamente.
 
Amanhã: Uma teia de cumplicidades

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